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O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

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Desperdício <strong>de</strong> espaço também seria explicar a importância da comunicação na formação, manu-<br />

tenção e reprodução da hegemonia política vigente, bem como seu potencial nas práticas alternati-<br />

vas <strong>de</strong> contra-informação face ao status quo. Deixemos isso para o próprio livro.<br />

Importa ressaltar, isso sim, que Comunicação, Hegemonia e Contra-informação, conforme a or<strong>de</strong>-<br />

nação feita pelo coor<strong>de</strong>nador Carlos Eduardo Lins da Silva, separando os textos sob os itens Ques-<br />

tões Teóricas e Reflexões sobre Práticas, reforça a ligação imerdisciplinar entre a teoria dos media<br />

e as ciências sociais e a reflexão do ponto <strong>de</strong> vista das propostas práticas.<br />

O livro não é uma obra monolítica em termos conceituais, como também não o é a indústria<br />

cultural que contesta. Tanto que abre o espaço pluralista aos que ainda não se conformam com a<br />

progressiva substituição dos conceitos e pressupostos <strong>de</strong> linha frankfurtiana em favor <strong>de</strong> uma teoria<br />

hegemônica <strong>de</strong> origem gramsciana.<br />

Outra constatação importante é a <strong>de</strong> que não há, <strong>de</strong> maneira geral, conclusões ou fórmulas <strong>de</strong>fi-<br />

nitivas, mas contribuições a indicar rotas possíveis tanto a nível <strong>de</strong> arcabouço teórico como <strong>de</strong> com-<br />

provação <strong>de</strong> ação prática possível. E esse caráter aberto, não dogmático, para o qual contribuem par-<br />

ticipações <strong>de</strong> pesquisadores latino-americanos, é responsável pela extrema atualida<strong>de</strong> da temática na<br />

realida<strong>de</strong> atual, momento em que estudiosos da comunicação e ciências sociais procuram esboçar<br />

um mo<strong>de</strong>lo conceituai mais próximo das contradições do terceiro-mundo, enquanto área periférica<br />

do capitalismo, em sua luta por uma or<strong>de</strong>m hegemônica mais justa ás aspirações das classes popula-<br />

res.<br />

Quanto aos trabalhos apresentados, em sua maioria elaborados ou re-escritos após o encerramen-<br />

to do IV Ciclo mas representando as discussões e o clima ali <strong>de</strong>senvolvidos, a citação dos vinte e<br />

um textos selecionados neste espaço previamente pautado pelo editor do Boletim pareceria apenas<br />

um longo e enfadonho índice. Dessa forma, parece-nos mais proveitoso ao leitor — que <strong>de</strong>verá com-<br />

prová-lo na leitura dos textos — chamar-lhe a atenção para o que se convencionou chamar, entre<br />

aspas e entre as pare<strong>de</strong>s do local on<strong>de</strong> ocorreu o evento, teoria das brechas.<br />

Brinca<strong>de</strong>iras á parte, pois sorrindo <strong>de</strong>vem estar os que se lembram das irreverências ligadas à<br />

expressão, a teoria das brechas representa a alternativa ao Aparelho I<strong>de</strong>ológico <strong>de</strong> Estado, á In-<br />

dústria Cultural "monolítica e in<strong>de</strong>strutível", a oportunida<strong>de</strong> da eficácia contra-informacional<br />

E é esta a gran<strong>de</strong> lição <strong>de</strong>ste "Comunicação, Hegemonia e Contra-informação". Não existe<br />

espaço maldito, no máximo mal dito. Pelo menos é o que nos ensinam, acima das dúvidas sobre<br />

qual o verda<strong>de</strong>iro espaço da comunicação popular (que <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>saparecer após a leitura do texto<br />

<strong>de</strong> Regina Festa) os trabalhos apresentados.<br />

NOVAS TECNOLOGIAS VISTAS PELA TEORIA DA DEPENDÊNCIA<br />

Tereza Hallyday<br />

(SCHILLER, Herbert I. WHO KNOWS: INFORMATION IN THE AGE OF THE FORTUNE<br />

500. 1981, Norwood, N.J.: Ablex, 187 p.)<br />

A perspectiva da teoria da <strong>de</strong>pendência, <strong>de</strong> que se vale Schíller em seus livros anteriores O<br />

Império Americano das Comunicações e Comunicação e Dominação Cultural, é utilizada neste no-<br />

vo livro para analisar mais uma faceta da comunicação internacional: o controle das mo<strong>de</strong>rnas tecno-<br />

logias da comunicação (satélites, micro-computadores, vi<strong>de</strong>ocassetes) pelas gran<strong>de</strong>s empresas su-<br />

pra-nacionais (quer estejam no ramo da produção <strong>de</strong>stes equipamentos quer não).<br />

A <strong>de</strong>fesa do livre fluxo <strong>de</strong> informação, pregada pela UNESCO, é baseada na premissa <strong>de</strong> que a<br />

mo<strong>de</strong>rnização tecnológica das comunicações reduz as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s entre os indivíduos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>:<br />

um mesmo país e entre países, porque esten<strong>de</strong> a todos informação e oportunida<strong>de</strong>s educacionais<br />

e culturais. Schiller <strong>de</strong>nuncia esta premissa como hipócrita — uma cortina <strong>de</strong> fumaça para o aumen-<br />

to das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s, pelo aumento da concentração <strong>de</strong> posse da informação nas mãos dos que já<br />

têm mais e po<strong>de</strong>m mais: as gran<strong>de</strong>s empresas. Estas usam esse po<strong>de</strong>r para veicular suas i<strong>de</strong>ologias e<br />

contrabalançar matérias pouco favoráveis que aparecem nos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa.<br />

Mas até essas matérias, críticas ao sistema (econômico e político dos Estados Unidos), só são<br />

publicadas ou vão ao ar, segundo Schiller, porque as gran<strong>de</strong>s empresas <strong>de</strong> comunicação precisam<br />

<strong>de</strong> lucros. Aten<strong>de</strong>r a todos os gostos i<strong>de</strong>ológicos <strong>de</strong> seus públicos faz pois. parte dos seus esquemas<br />

<strong>de</strong> venda.<br />

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