O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro
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Como neste ano eleitoral quase a meta<strong>de</strong> dos votantes exerce este direito (<strong>de</strong>ver) pela primeira<br />
vez, sua tendência será ligar também os velhos li<strong>de</strong>res aos fracassos políticos cujas conseqüências<br />
sentem na carne.<br />
Praticamente em todos os setores ainda não compromissados sente-se, no fundo, um gran<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sejo: "Mudar para, pelo menos, ver em que resulta."<br />
Po<strong>de</strong>mos dizer que o próprio fato <strong>de</strong> haver propaganda política já é positivo e <strong>de</strong>terminante<br />
para que as pessoas possam, pelo menos, escolher entre algumas opções. Uma vez tomada uma<br />
posição <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m política, ela dificilmente mudará.<br />
Por outro lado, é preciso ver mais uma das peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nosso Pais: No Brasil, o exercício<br />
oficial da propaganda (em seu sentido puramente político) é atribuição do bacharel em Relações<br />
Públicas e não em Propaganda, como faria supor ao mais inocente <strong>de</strong>savisado. E se formos anali-<br />
sar a armação acadêmica dos formados em Relações Públicas, veremos que, com exceção <strong>de</strong> al-<br />
gumas (mas algumas só, mesmo) honrosas exceções, seus bacharéis costumam manifestar um só<br />
<strong>de</strong>sejo: atrelar-se ao po<strong>de</strong>r. Nunca vimos Comunida<strong>de</strong>s Eclesiais <strong>de</strong> Base ou <strong>Centro</strong>s Acadêmicos<br />
com serviços expressos <strong>de</strong> Relações Públicas. Tampouco sindicatos ou grupos <strong>de</strong> reivindicação<br />
sócio-política. Por outro lado, transnacionals e secretarias. . .<br />
Um dos papéis fundamentais da propaganda/publicida<strong>de</strong> é o <strong>de</strong> esclarecer o público a respeito<br />
da realida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> um fato. Talvez não seja exatamente esta a intenção <strong>de</strong> todos aqueles que fazem<br />
propaganda política hoje, em nosso país. Mas o resultado está sendo o esclarecimento do cidadão.<br />
Se, em alguns casos, ele não sabe ainda em quem <strong>de</strong>verá votar, com certeza, sabe em quem não po-<br />
<strong>de</strong> absolutamente fazê-lo.<br />
Existe ainda uma larga faixa <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s propagandísticas que consiste nas promessas,<br />
coletivas ou individuais. Neste caso, mais uma vez, as oposições levam vantagem. Como nunca<br />
estiveram no po<strong>de</strong>r (com algumas exceções nas quais, aliás, geralmente tiveram atuação <strong>de</strong>sastra-<br />
da — leia-se, aqui. Rio <strong>de</strong> Janeiro), ê muito mais fácil, para quem se opõe a um regime em <strong>de</strong>sa-<br />
gregação, mostrar o que po<strong>de</strong>ria e <strong>de</strong>veria ser feito e como o faria se fosse eleito. Aos candidatos<br />
da situação fica a difícil tarefa <strong>de</strong> procurar justificar promessas anteriormente feitas mas não cum-<br />
pridas.<br />
Na escala <strong>de</strong> promessas individuais, têm mais po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> penetração (a longo prazo) os partidos<br />
que nada prometem mas que simplesmente pe<strong>de</strong>m o voto para fortalecer uma <strong>de</strong>terminada classe.<br />
Embora conceitos <strong>de</strong> justiça e honestida<strong>de</strong> sejam anacronismos para muitos, a sua <strong>de</strong>monstra-<br />
ção para um eleitor consciente ainda po<strong>de</strong> surtir surpreen<strong>de</strong>nte efeitos.<br />
MARKETING POLÍTICO: ARREME<strong>DO</strong> TROPICAL<br />
Carlos Eduardo Lins da Silva<br />
A campanha eleitoral <strong>de</strong> 1982 no Brasil chegou a registrar embrionariamente um sucedâneo da<br />
guerra <strong>de</strong> marketing político que se observa nos países <strong>de</strong> capitalismo avançado, em especial os<br />
Estados Unidos. Durante o curto espaço <strong>de</strong> tempo entre a proximida<strong>de</strong> da data da eleição que<br />
fosse suficiente para animar o público e a entrada em vigor da Lei Falcão (sessenta dias antes do<br />
pleito), o País viveu um período em que alguma estratégia <strong>de</strong> propaganda política mo<strong>de</strong>rna chegou<br />
a ser implementada. No entanto, graças aos rigores da legislação do casuísmo eleitoral, logo tudo vol-<br />
tou aos tradicional íssimos esquemas da conquista <strong>de</strong> voto através <strong>de</strong> "santinhos" e clientelismo.<br />
Os lances mais animados nesta quase-batalha publicitária aconteceram, sem dúvida, no Rio <strong>de</strong>.<br />
Janeiro, Estado em que a campanha foi mais intensa. Os candidatos Miro Teixeira (PMDB) e Wellin-<br />
gton Moreira Franco (PDS) gastaram pequenas fortunas (respectivamente 31 e 15 milhões <strong>de</strong> cruzei-<br />
ros) para veicularem através da TV Globo inteligentes peças <strong>de</strong> propaganda durante o mês <strong>de</strong> agosto,<br />
que acabaram favorecendo mais o candidato do PDS qu( era menos conhecido do público.<br />
Em São Paulo, o pequeno espaço <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> que dispuseram os candidatos, mais a relativa<br />
homogeneida<strong>de</strong> da campanha que favoreceu o tempo tcdo o candidato do PMDB. impediram quei<br />
lances tão ousados viessem a ocorrer na televisão. Apenas uma vez o candidato do PDS. Reynaldo<br />
<strong>de</strong> Barros. se valeu da televisão para pagar o anúncio <strong>de</strong> pretensos resultados <strong>de</strong> pesquisas eleitorais<br />
que o colocariam em situação vantajosa sobre o seu pi incipal concorrente.<br />
No resto do País. a televisão só foi utilizada pelos candidatos quando eles foram convidados a<br />
participar dos <strong>de</strong>bates, que se tornaram uma curta porém saudável mania nacional nos meses <strong>de</strong><br />
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