O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro
O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro
O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O sr. preten<strong>de</strong> transformar a represa Billings em área <strong>de</strong> lazer? O sr. permitirá a instalação <strong>de</strong> usinas<br />
nucleares no Estado? Como resolver o problema do bóia-fria? O seu governo continuará apoiando<br />
a nâb-contrataçác <strong>de</strong> pessoas com mais <strong>de</strong> 35 anos? Que importância o seu governo dá ás favelas e<br />
ao menor abandonado? O que po<strong>de</strong> o Interior esperar do seu governo? O que o seu governo preten-<br />
<strong>de</strong> fazer em relação ás altíssimas contas da Telesp? Que ênfase dará ao setor <strong>de</strong> transportes? 0 que<br />
preten<strong>de</strong> fazer o seu governo para melhorar o atendimento ao contribuinte da Previdência Social?<br />
O que o seu partido preten<strong>de</strong> fazer com relação ao potencial dos jovens banidos há 18 anos do pro-<br />
cesso político? Como melhorar a qualida<strong>de</strong> do ensino, etc.<br />
Pois bem, frente a um quadro como esse, não é necessário nenhum exercício extraordinário <strong>de</strong><br />
raciocínio para constatar que: primeiro, o <strong>de</strong>bate político mais importante da história republica-<br />
na não respon<strong>de</strong>u aos anseios da população. Segundo, o nível do político tratado pelos jornalistas,<br />
além <strong>de</strong> extravasar do problema do governo do Estado <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong>svelou uma vez mais a disjun-<br />
tiva entre a atuação <strong>de</strong> alguns profissionais da imprensa e os interesses da socieda<strong>de</strong> em geral. Tercei-<br />
ro, o <strong>de</strong>bate foi mais uma mostra <strong>de</strong> que política, através da televisão, se faz preferencialmente di-<br />
rigida a certos segmentos da socieda<strong>de</strong>. Não fosse o <strong>de</strong>bate entre os próprios candidatos, mais rico<br />
e vigoroso, e a população teria a<strong>de</strong>ntrado á Lei Falcão <strong>de</strong>sestimulada e praticamente sem resposta.<br />
Talvez essa dissonância se torne ainda mais visível se observados dois outros elementos: pri-<br />
meiro, a platéia presente ao auditório da TV Ban<strong>de</strong>irantes representava quais segmentos da socie-<br />
da<strong>de</strong> civil? Segundo, quanto a população <strong>de</strong> São Paulo — e <strong>de</strong> outros Estados — está informada<br />
sobre o processo eleitoral em toda a Fe<strong>de</strong>ração, uma vez que os meios eletrônicos praticamente<br />
encerraram o <strong>de</strong>bate político ás áreas geográficas <strong>de</strong> cada Estado?<br />
Nesse sentido, <strong>de</strong>ve ter razão a Isto É do dia 13 <strong>de</strong> outubro, quando afirma, com apoio no IBO<br />
PE, que quem po<strong>de</strong> influenciar mais o voto nesse País é o presi<strong>de</strong>nte da República. Na pesquisa, os<br />
meios <strong>de</strong> comunicação, todos, estão em último lugar... E não é só por culpa da Lei Falcão!<br />
NO COMBATE ENTRE OS JORNAIS. A FOLHA VENCEU<br />
Carlos Eduardo Lins da Silva<br />
A campanha eleitoral <strong>de</strong> 1982 ocasionou, no terreno dos meios <strong>de</strong> comunicação, uma aproxima-<br />
ção entre emissoras <strong>de</strong> televisão e jornais e revistas como raramente se viu antes no País. Os <strong>de</strong>bates<br />
promovidos conjuntamente por O Estado <strong>de</strong> S. Paulo e Re<strong>de</strong> Globo e por Folha <strong>de</strong> S. Paulo e Re<strong>de</strong><br />
Ban<strong>de</strong>irantes são um bom exemplo disso.<br />
O <strong>de</strong>sempenho dos jornais no caso dos <strong>de</strong>bates refletiu o que ocorreu durante toda a campanha:<br />
a Folha superou largamente O Estado em criativida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r crítico. Enquanto os <strong>de</strong>bates da Glo-<br />
bo eram meraments transcritos pelo Estadão em ca<strong>de</strong>rnos especiais, o da Ban<strong>de</strong>irantes foi muito<br />
bem editado pela Falha (num tempo bem mais curto), com ilustrações, charges. comentários, cober-<br />
tura dos bastidores, reações do público. Em suma: enquanto O Estado transcreveu uma fita, a Folha<br />
fez jornalismo, ofer<strong>de</strong>endo ao público um material bem mais rico do que uma mera repetição daqui-<br />
lo que ele já havia ouvido na véspera.<br />
A recompensa fui imediata: embora O Estado tenha divulgado que conseguiu tiragens records nos<br />
dias em que publicou seus <strong>de</strong>bates, a Folha, numa 3? feira simplesmente sumiu das bancas <strong>de</strong> São<br />
Paulo inteira, assim como todos os outros jornais da ca<strong>de</strong>ia que também publicaram o ca<strong>de</strong>rno espe-<br />
cial.<br />
Aliás, a agilida<strong>de</strong> e a competência da Folha no episódio do <strong>de</strong>bate só confirmaram seu melhor <strong>de</strong>-<br />
sempenho no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> toda a campanha. Foi ela quem primeiro abriu espaço para os partidos<br />
manifestarem sua opinião, através da coluna "Palanque". Depois, na medida em que o pique da<br />
campanha crescia, criou a coluna "Comício", em que os candidatos respondiam a questões da socie-<br />
da<strong>de</strong> civil. Também abriu espaço para a opinião dos leitores e para que os candidatos respon<strong>de</strong>ssem<br />
as perguntas diretamente formuladas pelo público. No final, quase duas páginas diárias eram reserva-<br />
das para este exercício <strong>de</strong>mocrático.<br />
O Estado, por sua vez, só a 45 dias das eleições é oue <strong>de</strong>ixou 1/3 <strong>de</strong> página para que os partidos<br />
ocupassem a seu critério. Mas não chegou perto da ayreisivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrada pela Folha. De pas-<br />
sagem, diga-se que os jornais paulistas foram muito mais ágeis e engajados na campanha do que os<br />
cariocas, a ponto <strong>de</strong> muitos eleitores do Rio <strong>de</strong> Janeiro comprarem a Folha para se informar sobre a<br />
própria campanha no Rio.<br />
Enfim, no combate entre os jornais em São Paulo JS eleições <strong>de</strong> 1982 tiveram um claro vence-<br />
dor: a Folha <strong>de</strong> S. Paulo que, inclusive, nos últimos 30 dias. produziu urr. programa semanal com a.<br />
26