O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro
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tando comentános críticos on<strong>de</strong> <strong>de</strong>stacava que o programa, apesr das regras previamente afixadas,<br />
"acabou carioca" e só então, segundo o JB, foi capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar algum interesse. Quanto ao últi-<br />
mo <strong>de</strong>bate, também pela Globo, a Tribuna da Imprensa anunciou com alar<strong>de</strong> na primeira página <strong>de</strong><br />
13 <strong>de</strong> setembro, comentando o episódio das cabines <strong>de</strong> vidro a prova <strong>de</strong> som: "Candidatos Não Acei-<br />
tam Debate Com As Jaulas". é importante <strong>de</strong>stacar os comentários bem explícitos do Jornal do<br />
Brasil <strong>de</strong> 3/8, sobre o <strong>de</strong>bate na TVS, o primeiro em que os cinco candidatos se confrontaram: "o<br />
<strong>de</strong>bate caiu para discussões menores" ou "não ultrapassou o nível do bate-boca político" (sic). Ain-<br />
da neste último programa. Debate Final, a manchete do Jornal do Brasil foi: "Boni se irrita com can-<br />
didatos e tira programa do ar" (14/8/82) e a do O Globo no mesmo dia: "Candidatos <strong>de</strong>batem pro-<br />
gramas com o povo pela TV Globo". De um modo geral a imprensa diária no Rio só <strong>de</strong>u ampla co-<br />
bertura para alguns <strong>de</strong>bates pela TV e para os resultados das pesquisas <strong>de</strong> opinião. Não mantive-<br />
ram, como jornais <strong>de</strong> São Paulo, espaço permanente on<strong>de</strong> todos os partidos pu<strong>de</strong>ssem expor suas<br />
propostas. Aliás, a "gran<strong>de</strong> imprensa" carioca podia ter passado sem a catucada da "gran<strong>de</strong> impren-<br />
sa" paulista, dada pela Folha <strong>de</strong> São Paulo (8/10/82) ao comentar com <strong>de</strong>talhes a crise do PMDB<br />
entre Chagas e Miro: "A opinião pública do Rio <strong>de</strong> Janeiro, para estar bem informada, precisa ler a<br />
imprensa <strong>de</strong> São Paulo". . . Antes <strong>de</strong> concluir, vou falar <strong>de</strong> maneira rápida do comportamento dos<br />
jornalistas e do impacto sobre o eleitorado dos programas da TV.<br />
Jornalistas: a<strong>de</strong>rindo ou resistindo — O comportamento predominante dos jornalistas, enquanto<br />
profissionais assalariados dos meios <strong>de</strong> comunicação, foi basicamente <strong>de</strong> duas maneiras: enquadra-<br />
dos e padronizados nas diretrizes da empresa ou tentando aproveitar e criar brechas. Sendo que, in- .<br />
felizmente, o primeiro predominou, pelo menos ao olhar da maioria da população não envolvida com<br />
o processo <strong>de</strong> elaboração da notícia. Como exemplo do caso citado anteriormente po<strong>de</strong>-se lembrar o<br />
mediador do Debate Final, que introjetou com gosto e vonta<strong>de</strong> os <strong>de</strong>sígnios patronais, chegando<br />
a ameaçar gravemente quando o programa saiu do ar: "Desta vez saiu do ar por problemas técni-<br />
cos (sic) mas da próxima vez po<strong>de</strong> ser que não" ... E o do segundo comportamento, resistindo e<br />
ampliando o espaço do <strong>de</strong>bate crítico, foi o dos jornalistas que participaram do Voto Direto, pela<br />
Ban<strong>de</strong>irantes, fazendo perguntas informativas e <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia, transcritas pelos jornais no dia seguin-<br />
te.<br />
Eleitorado - é certo que, bem ou mal, estes <strong>de</strong>bates na televisão trouxeram á tona e ajudaram<br />
a <strong>de</strong>flagrar o <strong>de</strong>bate na população carioca. Mas é preciso ver que a tendência <strong>de</strong> qualquer eleição<br />
ao aproximar-se da data, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da televisão, é acirrar-se o <strong>de</strong>bate. Não se <strong>de</strong>ve reforçar o<br />
mito dos superpo<strong>de</strong>res dos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massas. Para aferir a tendência do eleitorado,<br />
antes do resultado das urnas, usa-se as pesquisas <strong>de</strong> opinião. Ante elas é preciso ter a cautela da<br />
abordagem crítica, como fazem alguns autores, entre eles Pierre Bourdieu e Michel Tiollent, este<br />
último alertando também contra o "padrão <strong>de</strong> análise emissor/receptor separado <strong>de</strong> uma análise<br />
das estruturas <strong>de</strong> classe (Ca<strong>de</strong>rnos Intercom np 2). Po<strong>de</strong>-se ver que, no caso carioca, Brizola fez<br />
sucesso com seu jeitão extrovertido e propostas contestatórias nem sempre <strong>de</strong>finidas. Sua men-<br />
sagem "pegou bem", teve gran<strong>de</strong> repercussão e seu nome passou <strong>de</strong> penúltimo para primeiro lu-<br />
gar nas pesquisas <strong>de</strong> opinião. Há que se levar em conta, como assinalou José Manuel Morán (Ca-<br />
<strong>de</strong>rnos Intercom n 0 2), que na receptivida<strong>de</strong> do telespectador muitos <strong>de</strong>stacam não só o lado "agra-<br />
dável", mas o "modo sereno e seguro <strong>de</strong> contar a notícia como fator <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong>". Fato que não<br />
só explica o crescimento <strong>de</strong> Moreira Franco, mas que teria levado ao <strong>de</strong>clínio da "zangado" Lysa-<br />
neas, como se fosse um mau humor injustificado, justamente do único candidato que falou, em sua<br />
última apresentação na televisão, que a credibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser no eleitor/telespectador e não <strong>de</strong> cima<br />
para baixo como vem acontecendo predominantemente.<br />
Conclusões:<br />
Volta-se á indagação inicial, a partir do papel da televisão na atual conjuntura política brasileira:<br />
afinal <strong>de</strong> contas, valeu ou não em termos <strong>de</strong> organização popular, conseqüentemente em termos <strong>de</strong><br />
ampliação do espaço <strong>de</strong>mocrático? Po<strong>de</strong>-se notar que a televisão predominantemente, mas também<br />
os jornais diários, apresentam-se como mediadores, meros instrumentos equidistantes. E este aparen-<br />
te não envolvimento, várias vezes explicitado e reforçado pela metodologia no uso das novas tecno-<br />
logias, acaba <strong>de</strong>saguando numa tentativa <strong>de</strong> conduzir sutilmente o eleitor/telespectador ao <strong>de</strong>scré-<br />
dito ou <strong>de</strong>scrença em qualquer tipo <strong>de</strong> embate, diálogo. Em termos mais imediatos, querendo levar<br />
quem sabe à <strong>de</strong>sconfiança em relação aos "políticos" indistintamente, como que a "falência <strong>de</strong> to-<br />
das as classes sociais", o que acaba resultando, como já mostrou Marx no 18 Brumário, no fortale-<br />
cimento do po<strong>de</strong>r militar, como mediador, como instância superior. A própria divulgação das mensa-<br />
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