27.04.2013 Views

Amaxônia e doMovimento Sindical. - Centro de Documentação e ...

Amaxônia e doMovimento Sindical. - Centro de Documentação e ...

Amaxônia e doMovimento Sindical. - Centro de Documentação e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Quinzena<br />

ISER/UERJ - Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

CONJUNTURA ÜA IGREJA<br />

CATÓLICA DO BRASIL/88<br />

Pedro A. Ribeiro <strong>de</strong> Oliveira<br />

ISER/UERJ - Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Há três anos, fazendo uma análise<br />

<strong>de</strong> conjuntura eclesiástica (cfr.Tempo<br />

e Presença, 203, nov.85) eu assinala-<br />

va a consolidação do "bloco integris-<br />

ta" e fazia um prognóstico <strong>de</strong> intensi-<br />

ficação do seu combate contra o "blo-<br />

co da libertação", culminando numa<br />

crise <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções. Consta-<br />

ta-se hoje que só em parte aquela<br />

análise era correta. O "bloco integris-<br />

ta" - composto pela burocracia roma-<br />

na, os arcebispos e bispos ditos con-<br />

servadores, os movimentos espiritua-<br />

listas (aos quais hoje se junta o "lu-<br />

men 2.000") e o Papa Woytila - <strong>de</strong> fa-<br />

to consolidou-se e intensificou seu<br />

combate aos que se i<strong>de</strong>ntificam com<br />

o projeto da Igreja dos Pobres. A cri-<br />

se, porém, não aconteceu. Ao invés<br />

da estratégia <strong>de</strong> aniquilamento, que<br />

se <strong>de</strong>scortinava há três anos atrás, o<br />

"bloco" optou por um combate lento,<br />

gradual e seguro, evitando o confronto<br />

direto. É provável que tal estratégia<br />

tenha sido imposta pelo próprio Papa,<br />

que certamente não <strong>de</strong>sejaria passar<br />

para a História como o Papa do cisma<br />

latino-americano. Sua carta aos bis-<br />

pos brasileiros, qualificando a Teolo-<br />

gia da Libertação <strong>de</strong> "útil e necessá-<br />

ria" foi um sinal claro <strong>de</strong>ssa estraté-<br />

gia, que visa <strong>de</strong>smontar o setor po-<br />

pular através da "guerra <strong>de</strong> posições".<br />

Mas o combate ao projeto <strong>de</strong> Liber-<br />

tação não esmoreceu. Ele segue uma<br />

linha nítida como se verifica nas no-<br />

meações <strong>de</strong> arcebispos e car<strong>de</strong>ais: só<br />

homens <strong>de</strong> confiança do "bloco" che-<br />

gam a posições <strong>de</strong> cúpula na hierar-<br />

quia católica. ( A honrosa exceção <strong>de</strong><br />

D.Luciano Men<strong>de</strong>s po<strong>de</strong> explicar-se<br />

pela conveniência <strong>de</strong> afastá-lo <strong>de</strong> São<br />

Paulo, removendo-o para uma arqui-<br />

diciocese bem isolada). Parte <strong>de</strong>ssa<br />

mesma linha <strong>de</strong> combate é a tentati-<br />

va <strong>de</strong> esvaziamento da CNBB. Além<br />

da <strong>de</strong>slegitimação teológica das con-<br />

ferências episcopais em geral, perce-<br />

be-se interferências diretas da cúria<br />

romana nos assuntos internos da<br />

igreja do Brasil, como para <strong>de</strong>mons-<br />

trar que não faz cerimônia com a<br />

CNBB. Enfim, as intervenções mais<br />

graves <strong>de</strong> 88 - a divisão da Arquidio-<br />

cese <strong>de</strong> São Paulo e a intimação a D.<br />

Pedro Casaldáliga - revelam uma polí-<br />

tica <strong>de</strong> intimidação das figuras mais<br />

eminentes da Igreja <strong>de</strong> Libertação. A<br />

cúria romana vem, assim, intimidando<br />

os bispos alinhados ao projeto da<br />

Igreja dos Pobres. Dentro <strong>de</strong>ssa estra-<br />

tégia, o "bloco" estaria forçando estes<br />

bispos a reprimirem suas próprias ba-<br />

ses, impedindo que elas avançassem<br />

na caminhada libertadora.<br />

Esse conjunto <strong>de</strong> medidas assinala<br />

que o campo <strong>de</strong> combate ao projeto<br />

da Igreja dos Pobres mudou. O terre-<br />

no principal já não é mais a produção<br />

teológica, mas os próprios nódulos do<br />

po<strong>de</strong>r eclesiástico, que são as se<strong>de</strong>s<br />

episcopais. Hoje o alvo principal do<br />

"bloco" são bispos, ou melhor, as figu-<br />

ras mais atuantes nas cúpulas epis-<br />

copais.<br />

Enquanto isso os movimentos espi-<br />

ritualistas vão avançando e conquis-<br />

tando espaço, até mesmo nas CEBs,<br />

com o apoio mais ou menos aberto<br />

do "bloco". Não é por acaso que o<br />

car<strong>de</strong>al Salles começou sua entrevis-<br />

ta exclusiva ao "O Globo" com uma<br />

boa risada...(cfr. O Globo, 2/out.88).<br />

Ele se mostra muito bem-humorado e<br />

seguro <strong>de</strong> si. Diz, por exemplo, que a<br />

Arquidiocese do Rio <strong>de</strong> Janeiro segue<br />

a Teologia da Libertação. Declarações<br />

<strong>de</strong>sse teor <strong>de</strong>ixam entrever que o<br />

"bloco integrista" tem controle da si-<br />

tuação. Terá mesmo?<br />

Para uma avaliação correta da<br />

conjuntura eclesiástica, precisamos<br />

traçar um quadro globalizante da<br />

Igreja Católica e suas relações com<br />

as forças sociais. O esquema seguin-<br />

te po<strong>de</strong> ajudar-nos a visualizar a si-<br />

tuação:<br />

-—-— —<br />

' íííífSíííí<br />

Sínta Sé^<br />

bispos<br />

intearistas ' CNBBXXX.<br />

T ' ' í<br />

,,. | bispos e<br />

X ag. pastorais<br />

clero /><br />

' Libertação<br />

I I<br />

Movimentos %> CEBs e past.<br />

espirituais ^populares T<br />

>;x>6

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!