Amaxônia e doMovimento Sindical. - Centro de Documentação e ...
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por caracterizar um roubo, a mais-va-<br />
lia absoluta não é "justa". Enquanto<br />
persistir esta forma <strong>de</strong> extração da<br />
mais-valia, que ocorre nos países do-<br />
minados do sistema capitalista e <strong>de</strong><br />
uma forma claríssima no Brasil, não<br />
po<strong>de</strong>rá existir uma superestrutura jurí-<br />
dica <strong>de</strong>mocrática, um Estado <strong>de</strong> Di-<br />
reito, uma Constituição que funcione.<br />
O MÍNIMO DO DIEESE<br />
É neste quadro que volta a discus-<br />
são sobre o novo valor do salário mí-<br />
nimo no Brasil. O besteirol <strong>de</strong> opi-<br />
niões é geral. Des<strong>de</strong> os <strong>de</strong>putados que<br />
são encarregados <strong>de</strong> regulamentar<br />
aquele preceito constitucional, pas-<br />
sando por empresários, políticos em<br />
geral, até economistas <strong>de</strong> partidos <strong>de</strong><br />
esquerda e lí<strong>de</strong>res sindicais, todos ex-<br />
primem total impotência política para<br />
resolver o assunto. Todos se pren<strong>de</strong>m<br />
a aspectos totalmente superficiais,<br />
monetaristas, do problema. O projeto<br />
mais "audacioso" do Congresso pe<strong>de</strong><br />
um reajuste <strong>de</strong> 100% para <strong>de</strong>zembro,<br />
mais 10% <strong>de</strong> aumento real ao mês, du-<br />
rante 12 meses. Isto quer dizer que em<br />
<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1989 o salário mínimo<br />
<strong>de</strong> Cz$ 30.800,00 <strong>de</strong> novembro esta-<br />
via valendo em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1989<br />
aproximadamente Cz$ 200.000,00, em<br />
PACS-Políticas Alternativas para o Cone Sul<br />
termos reais <strong>de</strong> hoje. Este é um valor<br />
que se aproxima do salário mínimo do<br />
DIEESE (que em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>ve estar<br />
em tomo <strong>de</strong> Cz$ 228.000,00). O salá-<br />
rio mínimo do DIEESE correspon<strong>de</strong><br />
àquele <strong>de</strong> 1940, quando foi <strong>de</strong>cretado<br />
o l e salário mínimo oficial no Brasil.<br />
O salário <strong>de</strong> Cz$ 200.000,00 eqüi-<br />
vale a aproximadamente 222 dólares.<br />
O salário mínimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>cre-<br />
tado por Samey na noite <strong>de</strong> ontem, já<br />
que o Congresso não consegue esti-<br />
pular o seu, eqüivale à 45 dólares.<br />
BURGUESIA PREGUIÇOSA<br />
O salário mínimo do Getúlio, que é<br />
o que está sendo proposto pelo Con-<br />
gresso, eqüivale a 1/3 do salário mí-<br />
nimo europeu (600 dólares). Mas<br />
mesmo este nível relativamente baixo<br />
<strong>de</strong> 220 dólares, já seria suficiente para<br />
um certo reor<strong>de</strong>namento <strong>de</strong>mocrático<br />
no Brasil. Haveria um avanço real nas<br />
condições sociais brasileiras. Mais do<br />
que isto, estaria sendo efetivamente<br />
<strong>de</strong>smontada a estrutura podre <strong>de</strong> sub-<br />
<strong>de</strong>senvolvimento que comanda a eco-<br />
nomia brasileira. De alguma forma, a<br />
burguesia teria que trabalhar, no sen-<br />
tido <strong>de</strong> se substituir a forma prepon<strong>de</strong>-<br />
rante <strong>de</strong> mais-valia absoluta em mais-<br />
valia relativa. O problema é que para<br />
se fazer esta passagem, a burguesia te-<br />
O método na economia política<br />
KARL MARX<br />
Em K. MARX, "El Método en Ia Economia Polftica",<br />
Editoral Grijalbo, México, 1971.<br />
(Nota do Tradutor: este é um trecho da introdução aos<br />
Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Marx sobre Economia Política, escritos en-<br />
tre 1857 e 1859, aos quais foi dado o nome <strong>de</strong> "Funda-<br />
mento da Crítica da Economia Política" [GRUNDRISSE,<br />
como é mais conhecido no mundo, quer dizer "Funda-<br />
mentos" em alemão]. Estão incluídos aqui alguns concei-<br />
tos básicos para a compreensão a proposta metodológi-<br />
ca <strong>de</strong> Marx. Está em negrito as palavras que envolvem<br />
<strong>de</strong>finições, conceitos ou categorias a aprofundar)<br />
Quando se estuda a economia <strong>de</strong> um país se analisa<br />
em primeiro lugar a estrutura <strong>de</strong> sua população: como<br />
está dividida em classes e como está distribuída entre a<br />
cida<strong>de</strong> e o campo; se analisa a hidrografia, os diversos<br />
ramos da produção, a exportação e a importação, a pro-<br />
dução e o consumo anuais,...<br />
Po<strong>de</strong> parecer um bom método começar pela base só-<br />
lida do que é real e concreto; numa palavra, focalizar a<br />
economia através da população, que constitui a raiz e o<br />
■.-.■. -:■:■:■;:: ■; :■:::::.<br />
Economta<br />
ria que poduzir não apenas 60 milhões<br />
<strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> cereais por ano, mas<br />
pelo menos 150 milhões. Para tanto<br />
teria que mexer rapidamente na es-<br />
trutura latifundiária atual.<br />
A burguesia teria também que <strong>de</strong>-<br />
sarmar a estrutura financeira <strong>de</strong> espe-<br />
culadores que atualmente sugam parte<br />
significativa da mais-valia nacional.<br />
A burguesia teria que enfrentar os<br />
banqueiros internacionais e <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />
pagar anualmente quase 5% do PIB<br />
para o exterior.<br />
A burguesia teria <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> <strong>de</strong>-<br />
pen<strong>de</strong>r do governo do qual sugam<br />
subsídios, transferências, etc.<br />
A classe média teria que renunciar<br />
ao elevado consumo <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> luxo<br />
em que ela se acostumou nso últimos<br />
30 anos, pelo menos.<br />
É por estas e outras, que mesmo os<br />
partidos oficiais <strong>de</strong> esquerda, os lí<strong>de</strong>-<br />
res sindicais e os economistas pro-<br />
gressistas ficam embasbacados e fa-<br />
lando besteiras frente a esta polêmica<br />
atual sobre o novo salário mínimo.<br />
Extraído do texto "Análise <strong>de</strong> Conjuntura" -<br />
"Situação Econômica Brasileira", Boletim<br />
Semanal do 13 <strong>de</strong> Maio - Núcleo <strong>de</strong> Edu-<br />
cação Popular.<br />
ASSINATURAS: Rua Dona Avelma, 55<br />
Vila Mariana - CEP 04111<br />
São Paulo - SP<br />
Se, em conseqüência, começasse simplesmente pela<br />
população, teria uma visão caótica do conjunto. Mas se<br />
proce<strong>de</strong>sse através <strong>de</strong> uma análise cada vez mais pene-<br />
trante, chegaria a noções cada vez mais simples: partin-<br />
do do concreto que eu percebesse, passaria a abstração<br />
cada vez mais sutis para <strong>de</strong>sembocar na categorias mais<br />
simples. Neste ponto, seria necessário voltarmos sobre<br />
nossos passos para chegar <strong>de</strong> novo na população. Mas<br />
<strong>de</strong>sta vez não teríamos uma idéia caótica <strong>de</strong> todo, mas<br />
um rico conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações e <strong>de</strong> relações com-<br />
plexas.<br />
Historicamente, este é o primeiro passo da economia<br />
no seu nascimento. Os economistas do século XVII, por<br />
exemplo, começam sempre por um todo vivente: a po-<br />
pulação, a nação, o Estado, vários Estados, etc. mas<br />
terminam sempre por <strong>de</strong>scobrir, mediante a análise, certo<br />
número <strong>de</strong> relações gerais abstratas que são <strong>de</strong>terminan-<br />
tes, tais como a divisão do trabalho, o dinheiro, o valor,<br />
etc. A partir do momento em que estas categorias foram<br />
mais ou menos elaboradas e abstraídas, se articulam os<br />
sistemas econômicos que, partindo <strong>de</strong> noções simples -<br />
tais como o trabalho, a divisão do trabalho, a necessida-^^