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Amaxônia e doMovimento Sindical. - Centro de Documentação e ...

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Quinzena<br />

í::ãí: :íS:Í ; :;SÍ;:ÍÍ-<br />

Gazeta <strong>de</strong> Pinheiros-18.12.88 EM DEBATE NO PT:<br />

O que <strong>de</strong>vem ser os<br />

Conselhos Populares<br />

As udnas correnfes <strong>de</strong>ntro do PT opinam sobre o que são<br />

p como <strong>de</strong>vem funcionar os chamados<br />

Conselhos Populares<br />

Uma outra relação com o Estado<br />

Maurício Faria<br />

A idéia dos Conselhos Populares<br />

tomou corpo no PT nas discussões<br />

sobre programas <strong>de</strong> governo para as<br />

eleições <strong>de</strong> 82. Surgiu da elaboração<br />

do partido, como proposta sua, e não<br />

por iniciativa da população. Mas,<br />

apesar da relação com o programa<br />

<strong>de</strong> governo, não ficou <strong>de</strong>finido que a<br />

criação dos Conselhos cabia á admi-<br />

nistração petista. A noção essencial<br />

e mais geral era a da participação<br />

política da população em relação<br />

aos assuntos públicos e ás questões<br />

<strong>de</strong> governo.<br />

Na Capital <strong>de</strong> São Paulo — princi-<br />

pal centro econômico e político do<br />

país — fica mais claro que a partici-<br />

pação popular nas condições <strong>de</strong> um<br />

governo sob direção petista tem que<br />

abarcar duas esferas interligadas.<br />

Uma é a do controle do povo sobre o<br />

governo e sua presença direta nas<br />

tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>sse governo.<br />

A outra é a da luta política geral que<br />

se dá na aplicação do programa go-<br />

vernamental municipal, envolvendo<br />

sua sustentação popular. Os Conse-<br />

lhos neste caso não terão um papel<br />

apenas passivo, <strong>de</strong> controle e formu-<br />

lação das políticas públicas, mas<br />

agirão também como órgãos <strong>de</strong> mo-<br />

bilização e ação política.<br />

Os Conselhos Populares <strong>de</strong>vem<br />

ser organismos <strong>de</strong> tino inteiramente<br />

novo, diferenciados e autônomos em<br />

relação aos partidos, ao Estado, à<br />

Administração, às entida<strong>de</strong>s da so-<br />

cieda<strong>de</strong> e aos movimentos sindical e<br />

popular. Uma Administração <strong>de</strong>mo-<br />

crática instaura condições políticas<br />

e práticas muito mais favoráveis ao<br />

nascimento dos Conselhos, mas não<br />

é ela quem <strong>de</strong>ve criá-los, e sim o pró-<br />

prio povo, quando convencido da sua<br />

necessida<strong>de</strong>.<br />

No processo, é necessário consti-<br />

tuir um sistema, formado por Conse-<br />

lhos específicos (<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educa-<br />

ção, transporte, orçamento etc.) e<br />

Conselhos gerais (<strong>de</strong> vila, bairro, se-<br />

tor etc). A Prefeitura reconhecerá<br />

os Conselhos, se relacionará com<br />

eles e levará na <strong>de</strong>vida conta suas<br />

posições. Não sendo eles organismos<br />

do Estado e da Administração, não<br />

possuem formalmente a condição <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>liberar sobre os assuntos <strong>de</strong> go-<br />

verno. Mas, na medida em que te-<br />

nham peso político, representativi-<br />

da<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mobilização, seus<br />

posicionamentos influenciarão <strong>de</strong>ci-<br />

sivamente as <strong>de</strong>cisões da Prefeitu-<br />

ra, que governará com eles.<br />

A efetiva participação política po-<br />

pular só se dá quando o povo está<br />

bem informado. Assim, para o <strong>de</strong>-<br />

senvolvimento dos Conselhos há ne-<br />

cessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma multilateral <strong>de</strong> co-<br />

municação, combinando a ação in-<br />

formativa <strong>de</strong> massa do governo mu-<br />

nicipal, as ativida<strong>de</strong>s partidárias <strong>de</strong><br />

imprensa e divulgação e o papel <strong>de</strong><br />

órgãos <strong>de</strong> comunicação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n-<br />

tes e <strong>de</strong>mocráticos.<br />

As Plenárias Populares que têm<br />

sido feitas nas gran<strong>de</strong>s áreas da ci-<br />

da<strong>de</strong> com a participação da prefeita<br />

eleita, on<strong>de</strong> se informa e discute os<br />

<strong>de</strong>safios políticos e administrativos<br />

do inicio <strong>de</strong> governo e se levanta as<br />

principais reivindicações dos bair-<br />

ros e movimentos locais, constituem<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo embriões importantes<br />

dos Conselhos. A continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s-<br />

sas Plenárias, esten<strong>de</strong>ndo-as a mui-<br />

tos lugares da cida<strong>de</strong>, dando a suas<br />

reuniões um sentido <strong>de</strong> continuida-<br />

<strong>de</strong>, organizando o encaminhamento<br />

das propostas feitas, ampliando<br />

sempre mais a sua representativida-<br />

<strong>de</strong> etc, são passos rumo aos Conse-<br />

lhos Populares. Da mesma forma<br />

<strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>senvolvidas as expe-<br />

riências dos Conselhos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da<br />

Zona Leste.<br />

Ganhar as eleições para a Prefei-<br />

tura significa administrar apenas<br />

um ramo do Estado atual, ramo este<br />

sujeito aos condicionamentos legais,<br />

políticos, administrativos, econõmi-<br />

co-financeiros e <strong>de</strong> força policial-mi-<br />

litar do restante da máquina estatal,<br />

incluindo o Legislativo e O Judiciá-<br />

rio municipais. Os Conselhos Popu-<br />

lares <strong>de</strong>vem ser órgãos <strong>de</strong> interven-<br />

ção do povo nas disputas entre a Ad-'<br />

ministração e o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Estado glo-<br />

bal. Seu duplo caráter — participa-<br />

ção nos assuntos públicos e luta polí-<br />

tica geral popular — aponta para o<br />

autogoverno da população trabalha-<br />

dora e è gèrmen <strong>de</strong> uma nova rela-<br />

ção entre a socieda<strong>de</strong> civil e o Esta-<br />

do, que só po<strong>de</strong>rá se realizar plena-<br />

mente com o socialismo.<br />

Vereador eleito da capital e membro da<br />

corrente li<strong>de</strong>rada pelo <strong>de</strong>putado José Ge-<br />

nomo<br />

" ^^^ ^^"<br />

Política Nacional<br />

Novos canais <strong>de</strong><br />

participação<br />

Valeska Peres Pinto<br />

O "Conselho Popular" tem sido<br />

uma idéia-força <strong>de</strong>fendida pelo PT<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua fundação, quase sempre<br />

associada ao exercício direto do po-<br />

<strong>de</strong>r pela população, mantida a in<strong>de</strong>-<br />

pendência em relação ao Governo e<br />

aos Partidos Políticos. São raras as<br />

i<strong>de</strong>ntificações <strong>de</strong> experiências con-<br />

cretas e quando elas ocorrem, não<br />

suficientemente aprofundadas.<br />

O nome Conselho Popular po<strong>de</strong> ser<br />

secundário no <strong>de</strong>bate, mas não o<br />

conteúdo que ten<strong>de</strong> a expressar,<br />

qual seja a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se atingir<br />

formas mais avançadas <strong>de</strong> organi-<br />

zação popular, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e au-<br />

tônomas do Governo e dos Partidos<br />

Políticos. Porém estas formas mais<br />

avançadas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> uma mu-<br />

dança <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> na luta social —<br />

superação dó seu caráter reivindica-<br />

tório e a introdução no seu interior<br />

da disputa pelo po<strong>de</strong>r na socieda<strong>de</strong>.<br />

Para que isto ocorra será necessário<br />

associar ao caráter das lutas que ho-<br />

je ocorrem o combate permanente<br />

do monopólio do po<strong>de</strong>r exercido pe-<br />

los setores dominantes da nossa so-<br />

cieda<strong>de</strong> que se faz tanto no plano cul-<br />

tural/i<strong>de</strong>ológico como através <strong>de</strong><br />

instituições, entre as quais as <strong>de</strong> Go-<br />

verno.<br />

Isto nos leva a crer que o PT terá<br />

<strong>de</strong> aprofundar e aplicar uma política<br />

voltada à implementação da partici-<br />

pação popular, que <strong>de</strong>verá ter ex-<br />

pressão no plano da socieda<strong>de</strong> civil<br />

— organização comunitária, sindi-<br />

catos e Partido, como no plano da<br />

ação das instituições <strong>de</strong> Governo —<br />

seja através <strong>de</strong> mecanismos como<br />

plebiscito e iniciativas populares <strong>de</strong><br />

lei, seja através <strong>de</strong> canais institu-<br />

cionais junto a Prefeitura e Câma-<br />

ras, <strong>de</strong>stinados a influir no processo<br />

<strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão nas políticas<br />

<strong>de</strong> Governo.<br />

Dai se conclui que as Administra-<br />

ções do PT terão importante papel a<br />

cumprir. A <strong>de</strong>mocratização das Ad-<br />

ministrações implicarão em medi-<br />

das <strong>de</strong> duas or<strong>de</strong>ns: administrativa ;<br />

realização <strong>de</strong> uma reforma adminis-<br />

trativa que a torne transparente —<br />

<strong>de</strong>mocratização do acesso às infor-<br />

mações, reorganização da estrutura<br />

funcional e sua <strong>de</strong>scentralização,<br />

valorização do serviço público e do<br />

servidor; política: criação <strong>de</strong> canais<br />

institucionais através dos quais a po-<br />

pulação po<strong>de</strong>rá exercer controle so-<br />

bre o Governo e participar nas suas<br />

<strong>de</strong>cisões.<br />

Os setores populares organizados<br />

conseguem diferenciar claramente<br />

os seus próprios espaços daqueles ca-<br />

nais que po<strong>de</strong>m vir a ser criados jun-<br />

to á Administração. E neste momen-<br />

to, o que reivindicam são estes ca-<br />

nais, como forma <strong>de</strong> garantir a im-<br />

plementação das propostas que cor-<br />

respondam às suas reivindicações.<br />

Vale lembrar que estes canais se<br />

aplicam tanto ao Executivo como o<br />

Legislativo, em particular no próxi-<br />

mo período em que as Câmaras Mu-<br />

nicipais e o Legislativo em geral se

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