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Amaxônia e doMovimento Sindical. - Centro de Documentação e ...

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Isso atenuou os efeitos <strong>de</strong>pressivos da<br />

queda <strong>de</strong> consumo, além <strong>de</strong> haver<br />

aberto canais que, se bem cuidados,<br />

po<strong>de</strong>rão continuar oxigenando as eco-<br />

nomias dos países em <strong>de</strong>senvolvi-<br />

mento.<br />

É verda<strong>de</strong> que essa recuperação das<br />

economias dos países industrializados<br />

foi conseguida as custas <strong>de</strong> elevações<br />

das taxas <strong>de</strong> juros que, indiretamente.<br />

Folha <strong>de</strong> São Paulo-31.12.88<br />

A economia brasileira fecha o ano<br />

na estaca zero: a produção nacional,<br />

politicamente chantageada, não<br />

avançou meio metro. Do que resul-<br />

tou uma nova atrofia do produto por<br />

habitante, que amargou um recuo <strong>de</strong><br />

1,9%. Para uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>fasada,<br />

que se obriga a fazer do emprego a<br />

qualquer custo um fim em si mes-<br />

mo, 88 já vai tar<strong>de</strong>: 1,7 milhão <strong>de</strong><br />

brasileiros quebraram a cara e o<br />

sonho nas portas trancadas do mer-<br />

cado <strong>de</strong> trabalho.<br />

Mais uma vez, a honra da nave<br />

sem rumo foi salva pela economia<br />

informal. Movida a sinistrose, o PIB<br />

caixa-dois <strong>de</strong>ve ter crescido na<br />

vertical do mercado e na horizontal<br />

do sistema. Em especial, no setor<br />

rural. 0 produto agrícola cresceu<br />

em volume e em preço, no seu<br />

melhor <strong>de</strong>sempenho dos últimos<br />

quinze anos. Mas os sismógrafos do<br />

IBGE registraram no campo uma<br />

expansão ridícula <strong>de</strong> 0,06%.<br />

Explicação: o PIB oficial é me-<br />

ramente fiscal. Portanto, bem me-<br />

nor que o PIB real.<br />

Inflação contábil<br />

Pelo lado da carestia nossa <strong>de</strong><br />

cada dia, a taxa gregoriana <strong>de</strong> 933%<br />

penetra no ano novo com forte<br />

impulso <strong>de</strong> banguela: no alto e em<br />

alta.<br />

Com a ressalva: inflação encapsu-<br />

lada pela correção. Do que resulta<br />

uma inflação meramente contábil,<br />

simples ficção aritmética para con-<br />

Folha Bancária-4,I.89<br />

sacrificam os <strong>de</strong>vedores. Mas os elei-<br />

tos imediatos <strong>de</strong>correntes do aumento<br />

do fluxo <strong>de</strong> exportação <strong>de</strong>vem com-<br />

pensar essa situação. Não é possível,<br />

por exemplo, imaginar o que teria<br />

ocorrido com a economia brasileira,<br />

neste ano <strong>de</strong> crise, se o mercado mun-<br />

dial não absorvesse os exce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

produção, se não tivéssemos podido<br />

exportar mais <strong>de</strong> US$ 35 bilhões.<br />

O PNB dos 24 países da OCDE<br />

cresceu 33% em 1987, a previsão pa-<br />

ra 1988 era <strong>de</strong> que não passaria <strong>de</strong><br />

2,5%. Em junho, já se estimava algo<br />

em tomo <strong>de</strong> 3% e estamos terminando<br />

o ano com um crescimento <strong>de</strong> 4%.<br />

E tudo isso sem inflação, sem <strong>de</strong>sor-<br />

<strong>de</strong>m econômica. Esta é uma lição para<br />

nós.<br />

Salvaram-se todos<br />

tratos e valores monetariamente<br />

corrigidos. Sem essa in<strong>de</strong>xação ple-<br />

na, o Brasil já teria submergido no<br />

Triângulo das Bermudas: <strong>de</strong>pressão<br />

econômica, explosão social e implo-<br />

sãopolítica.<br />

Oojetivo nacional para 89, ano <strong>de</strong><br />

eleição presi<strong>de</strong>ncial: acabar com a<br />

in<strong>de</strong>xação. Ou seja: vamos brincar<br />

<strong>de</strong> hiperinflação, o abandono da<br />

moeda fiduciária, a que nos resta.<br />

Ficou no boato<br />

Atravessamos 88 na canoa furada<br />

do boato: congelamento, <strong>de</strong>sin<strong>de</strong>xa-<br />

ção, queda <strong>de</strong> ministro e golpe<br />

militar. Os boatos neurotizantes e<br />

inflacionistas cresceram a partir <strong>de</strong><br />

maio, encheram as medidas em<br />

outubro e só não viraram o Brasil<br />

pelo avesso em novembro, véspera<br />

<strong>de</strong> eleição, porque o pacto improvi-<br />

sado, mal costurado, <strong>de</strong>sativou a<br />

bomba-relógio da indústria do boato.<br />

0 pacto <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> novembro, que se<br />

esgota nesta terça-feira, dia 3, <strong>de</strong>ve<br />

ser julgado, não pela inflação <strong>de</strong><br />

28,8%, em <strong>de</strong>zembro, mas pela<br />

trégua do boato antes da eleição. Ela<br />

<strong>de</strong>sarmou a inflação <strong>de</strong> 35% em<br />

novembro e <strong>de</strong> 44% em <strong>de</strong>zembro<br />

(projeção do Banco Central em 19 <strong>de</strong><br />

outubro).<br />

Fuga do inferno<br />

Uma espiada nos jornais da última<br />

JOELMIR BETING<br />

passagem <strong>de</strong> ano revela que em<br />

matéria <strong>de</strong> sinistrose até que melho-<br />

ramos. Os vaticínios para 1988 eram<br />

absolutamente apocalípticos: o Bra-<br />

sil não alcançaria 89 sem um<br />

terceiro e <strong>de</strong>cisivo choque corretivo.<br />

No último reveillon, discutiam-se na<br />

classe média as opções <strong>de</strong> vida nova<br />

fora do Brasil: Estados Unidos,<br />

Canadá, Austrália, Portugal, Para-<br />

guai?<br />

Entramos em 88 com as bruxas<br />

todas a bordo: inflação recor<strong>de</strong>,<br />

hiperinflação inevitável, recessão<br />

irreversível, déficit explosivo, mora-<br />

tória externa, ministro provisório,<br />

mata-burros da Constituinte...<br />

Cuidado, hoje, com às cartoman-<br />

tes recheadas <strong>de</strong> álgebra.

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