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descarregar PDF - Revista Atlântica de cultura ibero-americanat

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A gata <strong>de</strong> Volodia, Miel<br />

É também um resgate dos valores?<br />

quero falar <strong>de</strong> mim, insisto. «O eu existe, disse-me, e a única<br />

maneira <strong>de</strong> torná-lo suportável é rir-se <strong>de</strong> si mesmo».<br />

Sim, porque são valores permanentes. Nós não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>mos<br />

<strong>de</strong> um regime nem <strong>de</strong> um sistema, o que abraçamos é uma causa,<br />

uma gran<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia, um i<strong>de</strong>al que é, no fundo, o humanismo, a<br />

humanida<strong>de</strong>, e isso nunca <strong>de</strong>saparecerá<br />

e não foi inventado no<br />

século XIX, apesar <strong>de</strong> Carlos<br />

Marx o ter visto pela sua própria<br />

óptica, atravessou, sim, milé-<br />

«Neruda conheceu<br />

em Espanha o direito<br />

à alegria»<br />

nios, as religiões, os sonhos dos gran<strong>de</strong>s transformadores ou dos<br />

pequenos maltratados pelo mundo que pensaram que seria bom<br />

ter uma vida diferente. Isso se moverá se alguém o está movendo,<br />

e esse alguém tem <strong>de</strong> ser uma multidão.<br />

Cortázar escreveu, referindo-se à herança <strong>de</strong> Neruda: «Sei que um dia voltaremos à Isla Negra, que o seu povo<br />

entrará por aquela porta e se encontrará em cada pedra, em cada folha <strong>de</strong> árvore, em cada grito <strong>de</strong> ave marinha,<br />

a poesia sempre viva <strong>de</strong>ste homem que tanto a amou.» Crê que a memória <strong>de</strong> Neruda está a ser fiel ao seu espírito<br />

e à sua obra?<br />

Há diversos usos <strong>de</strong> Neruda, há usos nerudianos e há usos<br />

extranerudianos, e Neruda já não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, foi incorporado<br />

na indústria <strong>cultura</strong>l, e isso é também o mercado, isso significa<br />

que há um Neruda pós-nerudiano ou contranerudiano, inclusive<br />

alguns interrogam-se: o que seria Neruda agora? Seria<br />

um poeta neoliberal? Nunca!<br />

Ele é um planeta, um mundo à sua disposição, e po<strong>de</strong>-se escolher<br />

uma ilha, uma montanha, o que cada um preferir. É como

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