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descarregar PDF - Revista Atlântica de cultura ibero-americanat

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«Ao oci<strong>de</strong>nte rumam as naus inventoras<br />

<strong>de</strong> regiões», escreveu Juan <strong>de</strong><br />

Castellanos no seu canto épico da conquista<br />

da América pelos espanhóis, em<br />

1589. Descobrimento ou invenção, a<br />

Quarta parte do mundo, precipitadamente<br />

baptizada <strong>de</strong> América por Waldseemuller,<br />

em 1507, apresentava-se aos europeus<br />

como um jardim <strong>de</strong> <strong>de</strong>lícias.<br />

A primeira percepção do Novo<br />

Mundo foi fruto <strong>de</strong> uma projecção da<br />

mentalida<strong>de</strong> europeia na nova geografia.<br />

Captou-se o <strong>de</strong>sconhecido em função do<br />

conhecido. Baptizaram-se as terras, os<br />

mares e os rios <strong>de</strong> acordo com o imaginário,<br />

as expectativas e as recordações.<br />

A tradicional visão ptolemaico-cristã<br />

da Terra dificultava a aceitação <strong>de</strong> uma<br />

nova realida<strong>de</strong> geográfica como entida<strong>de</strong><br />

espacial, temporal e <strong>cultura</strong>l. Se nas<br />

vésperas da expansão marítima os<br />

europeus dispunham <strong>de</strong> informação vaga<br />

e dispersa sobre a África e a Ásia, <strong>de</strong> um<br />

quarto continente nem sequer se suspeitava.<br />

A constatação da existência da<br />

América e a sua gradual aparição como<br />

uma entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> direito próprio constituíram,<br />

pois, um <strong>de</strong>safio maior a todo<br />

um conjunto <strong>de</strong> preconceitos tradicionais,<br />

crenças e atitu<strong>de</strong>s. A dimensão<br />

<strong>de</strong>ste <strong>de</strong>safio permite-nos compreen<strong>de</strong>r<br />

um dos factos mais surpreen<strong>de</strong>ntes da<br />

história intelectual do século XVI: a<br />

aparente lentidão da Europa no ajustamento<br />

mental necessário à integração da<br />

América no seu campo <strong>de</strong> visão. A<br />

reacção dos europeus aos primeiros textos<br />

publicados sobre o Novo Mundo,<br />

manifestada na avi<strong>de</strong>z da leitura e nas<br />

sucessivas edições das cartas <strong>de</strong> Américo<br />

Vespúcio, <strong>de</strong> Cristóvão Colombo e <strong>de</strong><br />

muitas outras narrativas, reflecte emoção<br />

e <strong>de</strong>slumbramento, sentimentos progressivamente<br />

esfriados pelo <strong>de</strong>sbravamento<br />

do espaço real. Às <strong>de</strong>scrições edénicas da<br />

paisagem e dos índios, suce<strong>de</strong>ram-se<br />

relatos que suscitaram inquietações <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m teológica e filosófica, como a<br />

condição humana dos índios. Se os<br />

europeus não viajados conservaram,<br />

durante todo o século XVI, uma imagem<br />

paradisíaca do Novo Mundo, patente nas<br />

Índios brasileiros como Adão e Eva. Theodorus <strong>de</strong> Bry, Historia Americae, Frankfurt, 1590 [BN, HG 2612 A]

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