VIDAS CONTADAS 68 69 os An<strong>de</strong>s, tem altos cumes como o Aconcagua e também muitas funduras, a sua obra também é assim, tem poemas esplêndidos e poemas que não alcançam essa categoria, algo compreensível, porque foi o poeta mais prolífico do século, mas há que consi<strong>de</strong>rá-lo na sua totalida<strong>de</strong>, não é possível esquartejá-lo. A sua obra é tão gigantesca, tão colossal que não creio que haja alguém que a conheça toda, continuarão os especialistas a estudá-lo <strong>de</strong> distintas maneiras, e os juízos po<strong>de</strong>m ser diferentes. A Neruda há que usá-lo, alguém po<strong>de</strong> roubar versos seus para fazer uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> amor a uma míuda – Neruda estava encantado com esses roubos –, ele era propagandista do amor. Mas não se po<strong>de</strong> abusar <strong>de</strong> Neruda para fabricar Nerudas que nunca existiram. OS SONHOS: É IMPORTANTE PROPOR O DIREITO AO PARAÍSO A epígrafe do seu último livro, Antes <strong>de</strong>l Olvido, diz: «Valparaíso foi <strong>de</strong>clarado pela UNESCO património da humanida<strong>de</strong>. Eu estou à espera que “o paraíso” seja <strong>de</strong>clarado património da humanida<strong>de</strong>.» Ou seja, o direito à felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os seres humanos, Neruda também o dizia, a começar pela <strong>de</strong>mocracia do almoço. Sonhava que a terra inteira seria ro<strong>de</strong>ada por uma gran<strong>de</strong> mesa circular e haveria uma ca<strong>de</strong>ira, uma colher e um prato para cada ser humano [ri!]. «Estamos nessa!» Lutar por um i<strong>de</strong>al, por um sonho, por um mundo mais justo! Por isso é muito importante propor o direito ao paraíso, que não se alcançará, mas permitirá adiantar algo, no sentido <strong>de</strong> tornar a vida melhor. Há um conto on<strong>de</strong> falo <strong>de</strong> um sonho que tive. Vêm visitar- -me os representantes das Ilhas Encantadas, porque sabem que eu sou propagandista do Paraíso Terreal. Dizem-me que o Paraíso Terreal são as Ilhas on<strong>de</strong> eles vivem e pe<strong>de</strong>m-me ajuda para que a UNESCO reconheça as Ilhas Encantadas como o Paraíso Terreal. Digo-lhes: Eu sou partidário não só para as Ilhas, mas também para toda a Humanida<strong>de</strong>. «O senhor está louco, isso nunca po<strong>de</strong>rá acontecer!», dizem-me. Nesse momento <strong>de</strong>sperto e fico com o discurso feito. Chama-se «Un sueño intervenido». Além disso, eu interrogava-me como é que eles conheciam esse livro, se ele ainda não havia saído. Uma jovem pediu-me que lhe fizesse esta pergunta: tem medo da morte? O jovem tem mais medo da morte que o velho, porque a vida nos vai aproximando da aceitação, que não é renúncia à vida. Queremos morrer o mais tar<strong>de</strong> possível... a morte é prematura [reflecte], mas, já que é um facto inevitável, aceitemo-la simplesmente como o último acto da vida. BIOGRAFIA DE VOLODIA TEITELBOIM VOLOSKY Filho <strong>de</strong> emigrantes, <strong>de</strong> pai ucraniano e mãe moldava, é um escritor imprescindível das letras chilenas. Publica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1935 e conta com mais <strong>de</strong> vinte livros. Foi jornalista, ensaísta, romancista, poeta e biógrafo. Alguns dos seus romances, como Hijo <strong>de</strong>l Salitre (1952), La Semilla en la Arena (1957) ou La Guerra Interna (1979), foram traduzidos em vários idiomas. Entre os seus ensaios sobre a realida<strong>de</strong> latino-americana, contam-se: El Amanecer <strong>de</strong>l Capitalismo y la Conquista <strong>de</strong> América (1943), Hombre y Hombre (1969), El Oficio Ciudadano (1973), El Pan y las Estrellas (1973), Pólvora <strong>de</strong>l Exilio (1976), La Letra y la Sangre (1986), En el País Prohibido (1988). Publicou as biografias <strong>de</strong> Neruda, Gabriela Mistral, Vicente Huidobro e Borges. Durante 15 anos, na Rádio Moscovo, leu as suas crónicas, mais tar<strong>de</strong> recolhidas no livro Noches <strong>de</strong> Radio. El Tiempo es un Viaje. Jornalista, advogado, <strong>de</strong>putado, senador e secretário-geral do Partido Comunista do Chile até 1994.
«A «A morte é é simplesmente o o último acto da da vida»
- Page 1:
Revista atlântica de cultura ibero
- Page 5 and 6:
A aposta numa revista de natureza m
- Page 7 and 8:
de O Continente Rústico. Abastecim
- Page 9 and 10:
Foto de João Mariano Por que razã
- Page 11 and 12:
que em simultâneo ligava o seu roc
- Page 13 and 14:
Afonso de Fonseca Falcão era um mi
- Page 15 and 16:
Chiva, autocarro do Panamá
- Page 17 and 18:
maioria são equatorianos, colombia
- Page 19 and 20: Murais em La Boca
- Page 21 and 22: na absolvição das árvores/jacara
- Page 23 and 24: constituindo uma nova centralidade
- Page 25 and 26: Embora não esqueça o seu passado
- Page 27 and 28: Conta Umberto Eco que, em 1970, vas
- Page 29 and 30: Mas, em vez das vozes de Carlos Gar
- Page 31 and 32: publicado em 1931 até ao n.º 371
- Page 33 and 34: Ser editor, sem fazer parte de nenh
- Page 35 and 36: La Boca. Foto de Carlos Cáceres Mo
- Page 37 and 38: La Boca. Foto de Carlos Cáceres Mo
- Page 39 and 40: se em ano evocativo do cinquentená
- Page 41 and 42: Como caracteriza as relações actu
- Page 44 and 45: MEMÓRIA DE FOGO 42 43 A saga andin
- Page 46 and 47: MEMÓRIA DE FOGO 44 45 Entre as tra
- Page 48 and 49: BESTIÁRIO 46 Peixe-boi ou peixe-mu
- Page 50 and 51: Magdalena, un río del olvido Janet
- Page 52: RIOS PROFUNDOS 50 51 Como todos os
- Page 55 and 56: 8 milhões de habitantes da capital
- Page 57 and 58: Machu Picchu
- Page 60 and 61: VIDAS CONTADAS 58 59 Em sua casa, d
- Page 62 and 63: VIDAS CONTADAS 60 61 poesia frances
- Page 64 and 65: VIDAS CONTADAS 62 63 O que lhe evoc
- Page 66 and 67: VIDAS CONTADAS 64 65 da justiça e
- Page 68 and 69: VIDAS CONTADAS 66 67 Amaro a partir
- Page 72 and 73: A BIBLIOTECA DE BABEL 70 Aventuras
- Page 74 and 75: A BIBLIOTECA DE BABEL 72 73 Brasil
- Page 76 and 77: A BIBLIOTECA DE BABEL 74 75 da metr
- Page 78 and 79: A INVENÇÃO DA AMÉRICA 76 77 «AL
- Page 80 and 81: A INVENÇÃO DA AMÉRICA 78 79 Yo v
- Page 82 and 83: A INVENÇÃO DA AMÉRICA 80 81 ilum
- Page 84 and 85: A INVENÇÃO DA AMÉRICA 82 83 Trat
- Page 86 and 87: A INVENÇÃO DA AMÉRICA 84 85 nord
- Page 88 and 89: A INVENÇÃO DA AMÉRICA 86 No rast
- Page 90 and 91: A INVENÇÃO DA AMÉRICA 88 89 pequ
- Page 92 and 93: A INVENÇÃO DA AMÉRICA 90 Carta d
- Page 94 and 95: A INVENÇÃO DA AMÉRICA 92 93 Desa
- Page 96 and 97: A INVENÇÃO DA AMÉRICA 94 Nuestra
- Page 98 and 99: A SEDE DO SUL 96 Pisco Sonia Tello
- Page 100 and 101: A SEDE DO SUL 98 Tinalhas de pisco
- Page 102 and 103: SINAIS DE FUMO 100 Dos tabacos ou f
- Page 104 and 105: Estádio Centenário de Montevideu
- Page 106 and 107: SABORES PRINCIPAIS 104 Da canjica a
- Page 108 and 109: SABORES PRINCIPAIS 106 claramente p
- Page 110 and 111: ALGUM CHEIRINHO A ALECRIM 108 Portu
- Page 112 and 113: O QUE FAÇO EU AQUI 110 O preço da
- Page 114 and 115: O QUE FAÇO EU AQUI 112 113 Cheguei
- Page 116 and 117: CRUZEIRO DO SUL 114 Neruda e uma pe
- Page 118 and 119: CRUZEIRO DO SUL 116 117 Há algumas
- Page 120:
CRUZEIRO DO SUL 118 119 Porque cres
- Page 123 and 124:
Foto de João Mariano
- Page 125 and 126:
Era raro encontrar alguém que gost
- Page 127 and 128:
Com ninguém. Ela mora só. Há ano
- Page 129 and 130:
meceu percorrida por um calafrio e
- Page 131 and 132:
vozes como as de Pablo Mila- nés,
- Page 133 and 134:
O falso coronel Carlos Escayola, qu
- Page 135 and 136:
A Buenavista Social Club, a banda c
- Page 137 and 138:
contribuíram para a difusão do g
- Page 139 and 140:
converteram-no num herói para a in
- Page 141 and 142:
Walter Salles é meu conhecido de h
- Page 143 and 144:
meu amor, eu te levo a San Sebasti
- Page 145 and 146:
NOVIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA Gé