29.04.2013 Views

descarregar PDF - Revista Atlântica de cultura ibero-americanat

descarregar PDF - Revista Atlântica de cultura ibero-americanat

descarregar PDF - Revista Atlântica de cultura ibero-americanat

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A BIBLIOTECA DE BABEL 72<br />

73<br />

Brasil e se transformaria no pivô <strong>de</strong> uma<br />

batalha bibliográfica. A Livraria Real ficaria<br />

na ex-colônia americana e mostraria como<br />

a verda<strong>de</strong>ira in<strong>de</strong>pendência se faz, também,<br />

entre livros; muitos livros.<br />

«AJUNTANDO LIVROS»:<br />

NO MUNDO DAS BIBLIOTECAS<br />

Logo <strong>de</strong>pois do incêndio que se seguiu<br />

ao terremoto, junto com os trabalhos<br />

que começavam a reconstruir e a reinventar<br />

a velha Lisboa, o rei D. José I empenhou-se<br />

em resgatar as sobras do fogo e a dar início<br />

a uma nova coleção. A partir da compra<br />

<strong>de</strong> acervos privados, da requisição <strong>de</strong><br />

livros <strong>de</strong> alguns mosteiros,<br />

da incorporação <strong>de</strong><br />

bibliotecas dos jesuítas<br />

(expulsos <strong>de</strong> Portugal e<br />

<strong>de</strong> suas colônias), ou<br />

doações (como as <strong>de</strong><br />

Diogo Barbosa Machado<br />

e <strong>de</strong> G. Dugood), a Real<br />

Biblioteca, agora no Palácio<br />

da Ajuda, não parou<br />

<strong>de</strong> crescer, mesmo<br />

após a morte <strong>de</strong> D. José,<br />

em 1777.<br />

Em finais do século<br />

XVIII estava recomposta.<br />

Po<strong>de</strong>-se imaginar o trabalho<br />

e quantos esforços<br />

<strong>de</strong>positavam-se a seu redor.<br />

Sua importância<br />

não residia apenas no<br />

valor monetário dos livros,<br />

mapas, estampas,<br />

etc. A biblioteca expressava<br />

aspirações, projetos<br />

e representações <strong>de</strong> uma<br />

monarquia culta e marcada<br />

por esse acervo que<br />

revelava o universo intelectual da elite<br />

portuguesa ou, ao menos, o que se imaginava<br />

significar a erudição naquele momento.<br />

Mas a nova Biblioteca trazia as aspirações<br />

dos novos tempos, e do po<strong>de</strong>roso<br />

ministro <strong>de</strong> D. José I, o marquês <strong>de</strong> Pombal.<br />

A Livraria seria então convertida numa das<br />

pontas <strong>de</strong> lança do iluminismo português,<br />

por certo paradoxal entre seus movimentos<br />

Assim, a Real Biblioteca<br />

passou a fazer parte<br />

do novo país, mudou<br />

<strong>de</strong> nome ao longo<br />

dos anos, adicionou<br />

aquisições e doações<br />

ao seu acervo até<br />

tornar-se, segundo<br />

a UNESCO, na oitava<br />

instituição do gênero<br />

no mundo<br />

<strong>de</strong> abertura e <strong>de</strong> cerceamento e censura.<br />

Os livros apreendidos eram incorporados<br />

à Biblioteca que, por sua vez, era frequentada<br />

apenas por funcionários ou pessoas<br />

ligadas à corte.<br />

No entanto, a sorte da política portuguesa<br />

estava também para virar. Com a<br />

morte do rei D. José e a ascensão <strong>de</strong> sua filha<br />

D. Maria I, tudo que lembrasse a Pombal<br />

seria <strong>de</strong>stituído, substituído ou postergado<br />

e o mesmo ocorreria com a sorte da<br />

Real Livraria.<br />

Por sinal, nessa época iniciavam-se os<br />

trabalhos <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> uma nova biblioteca<br />

– a Real Biblioteca Pública – instalada<br />

bem no Terreiro do Paço<br />

e organizada segundo<br />

princípios mais mo<strong>de</strong>rnos.<br />

À frente estava António<br />

Ribeiro dos Santos,<br />

um profissional acostumado<br />

com a reforma<br />

da Biblioteca <strong>de</strong> Coimbra<br />

e que imprimiria<br />

nova direção aos trabalhos<br />

em Lisboa.<br />

Mas <strong>de</strong>ixemos essa<br />

disputa um pouco <strong>de</strong> lado,<br />

uma vez que o ambiente<br />

não estava para<br />

esse tipo <strong>de</strong> contenda. A<br />

política internacional<br />

andava remexida e o<br />

exército napoleônico estava<br />

para chegar em terras<br />

portuguesas.<br />

A VIAGEM:<br />

HOMENS<br />

E LIVROS AO MAR<br />

Diante da iminente<br />

invasão das tropas francesas,<br />

em novembro <strong>de</strong> 1807, o príncipe<br />

regente <strong>de</strong> Portugal, D. João, a família real<br />

e parte da corte – uma multidão estimada<br />

em 10 mil pessoas – que conseguira embarcar<br />

apressadamente nos 36 navios levantaram<br />

ferros <strong>de</strong> Lisboa, rumo ao Brasil,<br />

sua colônia d’além mar. Foram quase dois<br />

meses em alto mar, intempéries, água<br />

pouca e limpeza nenhuma, piolhos, tempesta<strong>de</strong>s<br />

e inseguranças <strong>de</strong> todo tipo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!