Antropofagia à moda da casa - Conexão Professor
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O<br />
Brasil é uma invenção recente. Os românticos<br />
tentaram ser brasileiros reinventando os<br />
heróis autóctones. Os nossos modernistas,<br />
inspirados pela ordem do dia <strong>da</strong>s vanguar<strong>da</strong>s europeias,<br />
acredita ram que o acesso <strong>à</strong> moderni<strong>da</strong>de nos<br />
valeria o di reito <strong>à</strong> carteira de identi<strong>da</strong>de de brasileiros.<br />
Os pós-modernistas bateram a carteira dos<br />
nossos sonhos condenando-nos ao fim <strong>da</strong> história e<br />
<strong>à</strong> morte <strong>da</strong> utopia.<br />
A herança benjaminiana nos ensinou que o<br />
centenário é o momento de redenção de um autor e,<br />
por isso mesmo, o melhor momento para arrancá-lo <strong>à</strong>s<br />
garras do conformismo que a tradição conser vadora<br />
possa tê-lo aprisionado. Nesse resgate que tem muito<br />
de hybris e melancolia, nem o vulto do homem, nem<br />
ENCONTROS COM A LITERATURA<br />
OSWALD DE ANDRADE<br />
Retrato de Oswald de Andrade, por Tarsila Amaral, 1923. Museu<br />
de Arte Brasileira / FAAP – SP. Coleção Marília de Andrade<br />
A UTOPIA ANTROPOFÁGICA:<br />
uma utopia sem história*<br />
O Brasil me tornou inteligente<br />
FERNANDO BRAUDEL<br />
CARLOS LIMA<br />
o vulto <strong>da</strong> obra podem nos fazer es quecer as armas <strong>da</strong><br />
crítica. Desde os gregos até Hegel nós sabemos que não<br />
existe conhecimento sem paixão. A história <strong>da</strong> filosofia<br />
pode ser vista como um longo discurso amoroso entre<br />
aquele que conhece e o objeto do conhecimento. Daí,<br />
haver sempre em filosofia uma certa afini<strong>da</strong>de entre sujeito<br />
e objeto, e os jardins filosóficos se construírem a<br />
partir do estabelecimento <strong>da</strong>s afini<strong>da</strong>des eletivas. Mas,<br />
ao mesmo tempo, todo saber não existe sem a sua crítica,<br />
pois só assim pode se constituir como saber. E o<br />
próprio termo crítica na sua origem significa se parado,<br />
afastado. Temos, então, uma afini<strong>da</strong>de que elege o seu<br />
objeto, mas que para alcançá-lo tem que paradoxalmente<br />
se separar dele. Como nos lembra a Ciência <strong>da</strong> Lógica<br />
de Hegel, “a contradição é uma existência efetiva na<br />
dor dos viventes”.<br />
Desse modo, a filosofia é menos a posse do<br />
seu objeto que a busca desespera<strong>da</strong> para constituí-<br />
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