Antropofagia à moda da casa - Conexão Professor
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Fotos: Luciana Sabino<br />
Em comemoração ao Centenário dos<br />
Trabalhos <strong>da</strong> Comissão de Reconhecimento<br />
do Alto Purus, dirigi<strong>da</strong> por Euclides <strong>da</strong><br />
Cunha, publicou a Academia Brasileira de Letras<br />
uma nova edição do livro À Margem <strong>da</strong> História,<br />
em que outros países sul-americanos se conheciam<br />
e se desconheciam. Fruto <strong>da</strong> lucidez de dois<br />
brasileiros – Euclides e o Barão do Rio Branco – a<br />
missão do Alto Purus abriu uma fase nova no entendimento<br />
de uma região que despertava<br />
– como desperta ain<strong>da</strong> – a<br />
cobiça de países estrangeiros.<br />
Naquele momento era Euclides<br />
<strong>da</strong> Cunha re presentante do<br />
mais legítimo idealismo <strong>da</strong> República<br />
brasileira. Um exemplo<br />
disso é a carta que escreveu <strong>à</strong><br />
Gazeta de Notícias em 18 de fevereiro<br />
de 1894, quando se opõe<br />
a declarações de João Cordeiro,<br />
Senador pelo Ceará, de serem os<br />
presos políticos de então executados,<br />
como represália ao aparecimento<br />
de uma bomba na re<strong>da</strong>ção<br />
do jornal O Tempo. Diz em deter-<br />
mina<strong>da</strong> altura, Euclides: “Confesso,<br />
Senhor Re<strong>da</strong>tor, que uma tal<br />
proposição, ousa<strong>da</strong>mente atira<strong>da</strong><br />
LEITURA, LEITURAS<br />
Euclides e a Amazônia*<br />
ANTONIO OLINTO<br />
Retrato de Euclides <strong>da</strong> Cunha, de<br />
Candido Portinari, 1944. Acervo<br />
Projeto Portinari<br />
<strong>à</strong> publici<strong>da</strong>de, num país nobilitado pela forma<br />
republicana, deve cair de pronto sob a revolta<br />
imediata dos caracteres que, na fase dolorosa<br />
que atravessamos, tenham ain<strong>da</strong> o heroísmo<br />
<strong>da</strong> honesti<strong>da</strong>de”.<br />
Aquele “num país nobilitado pela forma<br />
republica na” é todo o Euclides <strong>da</strong> Cunha. O espírito<br />
de liber<strong>da</strong>de, que a república pregava, estava<br />
em tudo de acordo com o tipo de inteligência<br />
lúci<strong>da</strong> que era a de Euclides.<br />
O pioneirismo de Tavares<br />
Bastos, cujo livro O Vale do Amazonas<br />
foi publicado no mesmo<br />
ano do nascimento de Euclides<br />
<strong>da</strong> Cunha – 1866 –, iria produzir<br />
seus melhores frutos com o assomar<br />
<strong>da</strong> República brasileira e<br />
através do entusiasmo idealista,<br />
inclusive no significado filosófico<br />
do adjetivo, dos republicanos.<br />
A escolha de Euclides para chefiar<br />
a missão no Alto Purus revela<br />
a sabedoria administra tiva de<br />
Rio Branco e o livro que Euclides<br />
se preparava para escrever sobre<br />
a Amazônia, O Paraíso Perdido,<br />
deixaria de existir por causa de<br />
uma bala assassina. Mas o que<br />
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