Antropofagia à moda da casa - Conexão Professor
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Bem sabemos que to<strong>da</strong>s as civilizações meditaram<br />
so bre o destino humano. Elas, ain<strong>da</strong> hoje, estão<br />
presentes no ato de falar, de pensar, de intuir, de<br />
ser quem somos. O fazer contemporâneo depende de<br />
considerações pretéri tas que atualizamos até os nossos<br />
dias. Não há como aper feiçoar os tempos modernos,<br />
ou modelar um ponto de vista <strong>da</strong> época atual, sem<br />
cultivar estes legados. Sem deixar de alimentar o sentimento<br />
sinestésico estabelecido com aque les que nos<br />
antecederam na inesgotável batalha <strong>da</strong> sobre vivência<br />
e <strong>da</strong> sucessão. Afinal, o que somos senão sombras que<br />
florescem, vozes que entoam epifanias?<br />
Assim, o patrimônio cultural está presente no<br />
esforço do mestre de filtrar os encontros civilizadores,<br />
de encaixá- los na sensibili<strong>da</strong>de do aluno, de captar os<br />
ruídos do lar, que é a miniatura <strong>da</strong> escola, e de onde<br />
todos procedem. Pois, quem melhor que a escola e o<br />
lar, para oferecer ao aluno a essência e os restos de<br />
um saber instalado no coração dos homens, e fazê-lo<br />
eclodir <strong>à</strong> medi<strong>da</strong> que lhe pro voque a inteligência, o interesse,<br />
a convicção <strong>da</strong> própria humani<strong>da</strong>de.<br />
O universo escolar, onde se operam as metamorfoses<br />
sociais, foge do meu ajuizamento. Rondo o<br />
prédio <strong>da</strong> es cola, que em geral leva gravado no frontispício<br />
o nome de um ilustre brasileiro, e quase na<strong>da</strong> sei<br />
de sua efervescência. Neste campo, embora brasileira<br />
apaixona<strong>da</strong>, sou incapaz de propor um modelo em oposição<br />
ao atual e que gere resultados positivos. Afinal,<br />
vem de muito longe o fracas so educacional brasileiro.<br />
EDUCAÇÃO EM DIÁLOGO<br />
NÉLIDA PIÑON<br />
A<br />
DESCOBERTA<br />
DO MUNDO*<br />
Vem <strong>da</strong> incúria pública, <strong>da</strong> in sensibili<strong>da</strong>de social, <strong>da</strong><br />
falta de uma decisão política capaz de assegurar uma<br />
eficaz revolução educacional cobra<strong>da</strong> pela socie<strong>da</strong>de.<br />
E igualmente não me ocorre a forma pela qual aliciar<br />
ao mesmo tempo o Estado e o conjunto social.<br />
De envolvê-los em um projeto disposto a liberar os<br />
grilhões impostos <strong>à</strong> escola e ao professor e a criar<br />
um porvir libertário. Ignoro como erigir uma escola<br />
que em seu ful cro, além de atender <strong>à</strong>s deman<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />
educação básica, concilie antagonismos, estimule<br />
controvérsias, enseje o debate contestatório. Ingredientes<br />
que, em conjunto, ou isolados, impulsionam<br />
educação e cultura, enlaça<strong>da</strong>s e inseparáveis, a criar<br />
um ci<strong>da</strong>dão livre.<br />
Não sei, assim, como divisar uma escola que<br />
expresse as mu<strong>da</strong>nças há muito crava<strong>da</strong>s no coração<br />
social. E cuja sabedoria, intrínseca, repudie a<br />
pasteurização <strong>da</strong> reali<strong>da</strong> de a pretexto de impor ao<br />
cérebro dos alunos uma simpli ficação que justifique<br />
seus desacertos, sua incompetência, sua omissão. A<br />
ausência, enfim, de um sentimento visio nário com o<br />
qual construir um grande país.<br />
Talvez a escola dos sonhos seja simultaneamente<br />
o ter ritório <strong>da</strong> crise e o lugar <strong>da</strong> solução. Em<br />
tal escola, deve subsistir, perdurar, como prova até<br />
do seu magnetismo secular, o eterno conflito entre o<br />
individualismo e o ideal coletivo. Nesta escola, enquanto<br />
o ideal coletivo, desde uma perspectiva solidária,<br />
combate o código elitista que isola a maioria<br />
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