Antropofagia à moda da casa - Conexão Professor

Carlos Alberto Ferreira Braga foi um nome
que nasceu para ser precedido pela abreviatura
Dr. Este era o desejo do pai daquele
menino que nasceu há cem anos no bairro de Vila
Isabel e que estava destinado a ser um dos construtores
de uma das fases mais ricas de nossa história
musical.
O menino não teve, porque não quis, o Dr.
antes do nome, abandonando a Arquitetura na
Escola Nacional de Belas Artes pela música; em
compensação, ganhou duas designações para ser
identificado: Braguinha e João de Barro. E foi assim,
num revezamento permanente, que ele se tornou
gigante, não obstante seus apenas um metro e
sessenta centímetros, verdadeiro mestre em várias
atividades artísticas.
Já nos tempos de colégio liderou a organização
do conjunto musical ao qual deu o nome de
Flor do Tempo, que passou a ser indispensável nas
festinhas das casas de família do bairro, cantando
e tocando repertório de sambas, marchas e valsas,
o que só fazia aumentar o prestígio dos componentes
junto às meninas.
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O ASSUNTO É...
BRAGUINHA, poeta do Rio
HAROLDO COSTA
Não demorou muito para que outros jovens
músicos aderissem ao grupo. E assim foram chegando
Henrique Fôreis, que passaria para a história
com a alcunha de Almirante (que mais tarde
se casaria com Ilka, bela irmã de Braguinha), e
um outro, discreto, um tanto desajeitado, mas de
enorme talento, também morador de Vila Isabel e
que tinha o nome de Noel – Noel Rosa. O conjunto
passou a se chamar Bando dos Tangarás, alusão
a um pássaro alegre, cantador e até bailarino. Foi
quando Carlos Braga, o Braguinha, adotou o nome
de João de Barro – o pássaro construtor – pseudônimo
que adotou para não aborrecer o pai, que não
queria o nome da família envolvido com artistas,
considerados, naquela época, gente de má fama.
Os outros integrantes eram Henrique Brito, Alvinho,
Almirante e Noel Rosa, unânimes em se declarar
amadores: não aceitavam remuneração sob
pretexto algum, nem mesmo para reembolso das
passagens do bonde.
A descoberta do talento de compositor não
demorou muito. Era quase uma fatalidade. A convivência
diária com os colegas do grupo e o exercício