Módulo de Competência Tributária e Tributos - Arquivos UNAMA
Módulo de Competência Tributária e Tributos - Arquivos UNAMA
Módulo de Competência Tributária e Tributos - Arquivos UNAMA
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
do ato normativo.<br />
3. . . Irrenunciabilida<strong>de</strong><br />
Em sendo a competência tributária matéria <strong>de</strong> direito público constitucional e, portanto<br />
indisponível por quem a titulariza, não po<strong>de</strong>rão seus titulares (União, Estados, Municípios e o<br />
Distrito Fe<strong>de</strong>ral), ainda que o façam por meio <strong>de</strong> lei, renunciá-la. Estas Pessoas Políticas não<br />
po<strong>de</strong>m dizer que não mais tributarão <strong>de</strong>terminado fato inscrito em sua esfera <strong>de</strong> competência<br />
tributária.<br />
A renúncia, pura e simples ao direito <strong>de</strong> criar “in abstrato” o tributo, é absolutamente ineficaz,<br />
eis que em sendo a mesma indisponível, não é passível <strong>de</strong> renúncia pelos seus eventuais<br />
titulares. Isto, aliás, advém do próprio princípio republicano, pois, em sendo a “res”, é pública,<br />
não po<strong>de</strong>ndo a Pessoa Política, assim, <strong>de</strong>la abrir mão através <strong>de</strong> renúncia.<br />
3. . . Facultativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercício<br />
Conquanto as Pessoas Políticas não possam <strong>de</strong>legar ou renunciar as suas competências<br />
tributárias, po<strong>de</strong>m, entretanto, valer-se ou não das mesmas. Don<strong>de</strong> concluir que, po<strong>de</strong>ndo o<br />
mais (não criar o tributo), po<strong>de</strong>m o menos, ou seja, utilizar apenas em parte suas competências<br />
tributárias.<br />
Todavia, ressalte-se que a não-utilização por parte <strong>de</strong> uma Pessoa Política <strong>de</strong> sua competência<br />
tributária, não a autoriza a usurpar-se <strong>de</strong> outra. Tal usurpação, se vier a ocorrer, caracteriza<br />
flagrante inconstitucionalida<strong>de</strong> por invasão <strong>de</strong> competência.<br />
A respeito, primorosa a lição do saudoso Aliomar Baleeiro: “Dentro do ponto <strong>de</strong> vista da técnica<br />
jurídico-constitucional, parece supérfluo estatuir-se que o não exercício da competência<br />
tributária pela pessoa política que é <strong>de</strong>la titular não o <strong>de</strong>fere a pessoa <strong>de</strong> direito público<br />
interno diversa. A competência fiscal não é “res nullius” <strong>de</strong> que outra pessoa <strong>de</strong> direito público<br />
se po<strong>de</strong>rá aproveitar pela inércia do titular <strong>de</strong>la” (12).<br />
3. .7. Conclusão parcial<br />
Do quanto ficou consignado até aqui, po<strong>de</strong>mos inferir que o Distrito Fe<strong>de</strong>ral, a partir <strong>de</strong><br />
05.10.88, é a mais nova Pessoa Política <strong>de</strong> nossa fe<strong>de</strong>ração.<br />
As competências tributárias <strong>de</strong> todas as Pessoas Políticas tiveram o seu perfil nitidamente<br />
traçado pela Constituição, inclusive, a do Distrito Fe<strong>de</strong>ral.<br />
Embora o Texto Supremo não tenha criado tributos, serve <strong>de</strong> marco inafastável ao legislador<br />
ordinário (fe<strong>de</strong>ral, estadual, municipal e distrital), quando da criação “in abstrato” das várias<br />
espécies tributárias. Não po<strong>de</strong>ndo os mesmos ultrapassarem os campos tributários que foram<br />
<strong>de</strong>limitados pela Constituição, sob pena <strong>de</strong> inconstitucionalida<strong>de</strong>.<br />
Com a elevação ao status <strong>de</strong> Pessoa Política pela Constituição <strong>de</strong> 1988, o Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />
foi contemplado, em matéria tributária, com competências fiscais exclusivas, cabendolhe,<br />
cumulativamente, os tributos dos Estados e dos Municípios (art. 32, parágrafo 1º<br />
c.c. arts. 147 “in fine”, 154/156 da C.R.). A<strong>de</strong>mais, as competências tributárias possuem as<br />
seguintes características: privativida<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>legabilida<strong>de</strong>, incaducabilida<strong>de</strong>, inalterabilida<strong>de</strong>,<br />
irrenunciabilida<strong>de</strong> e facultativida<strong>de</strong> do exercício. Posto isto, po<strong>de</strong>mos agora ir ao ponto que<br />
mais nos interessa, ou seja, dizer que o Distrito Fe<strong>de</strong>ral, graças ao princípio fe<strong>de</strong>rativo, po<strong>de</strong><br />
criar (num clima <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> que só a <strong>de</strong>mocracia proporciona) os tributos que a Constituição<br />
lhe outorgou.<br />
E, para que possamos compreen<strong>de</strong>r até a on<strong>de</strong> vai a competência tributária do Distrito<br />
Fe<strong>de</strong>ral, vamos analisar, ainda que superficialmente, as dimensões do princípio fe<strong>de</strong>rativo<br />
no Brasil.<br />
. O princípio fe<strong>de</strong>rativo e a competência tributária<br />
Direito Tributário<br />
1<br />
<strong>Competência</strong> <strong>Tributária</strong> e <strong>Tributos</strong> - Aula 10