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Versão eletrônica - Furb

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Diante destes fatos, a comunidade indígena, numa atitude para evitar<br />

desdobramentos mais graves, decidiu retirar as crianças do convívio do educandário em pleno<br />

4º bimestre (final de 2001) e levá-los para a escola na própria aldeia.<br />

Estas são as palavras de uma das profissionais que lecionava neste educandário e<br />

vivenciou toda a transição das crianças da escola do centro da cidade de Dr. Pedrinho para a<br />

Comunidade Indígena: “Neste período [em que estavam na escola da cidade] não houve ação<br />

mínima para atendê-los de forma diferenciada, pelo menos com a língua Xokleng, sempre<br />

tiveram atendimento igual do que os outros alunos. Tinha-se a velha visão que ‘aqui todos<br />

são tratados de forma igualitária’. Tudo bem até a questão no que se trata – somos todos<br />

seres humanos e dotados de inteligência. Mas não se pensava e ainda pensam num<br />

tratamento diferenciado de acordo com determinada cultura. Como se não bastasse estar<br />

num lugar onde não tem nada a ver com sua casa, nada confortável e ninguém a entender;<br />

havia um grande obstáculo que viria despertar com o tempo pequenos e grandes<br />

desentendimentos entre etnias diferentes e com metas que iriam rasurar um o espaço do<br />

outro. O jeito de ser e ver as coisas e as pessoas? Sim. A forma de resolver certos problemas?<br />

Creio que esta última é a que mais pesou”.<br />

Quando a profissional diz: “[...] tiveram atendimento igual do que os outros alunos”<br />

nos remetem à questão curricular nas escolas. Observa-se que em muitas escolas, a idéia de<br />

“sermos iguais” traz a sensação de estarmos entrando em uma máquina, onde após passar por<br />

vários processos [séries e normas], no final, todos deverão estar moldados conforme a<br />

“filosofia” que a escola propõe. Para que possamos mudar este quadro, o qual ainda mantém-<br />

se vivo nas escolas, mesmo que velado, vê-se a necessidade de reformular o currículo escolar.<br />

Trabalhar com um currículo voltado para as diferentes culturas ali apresentadas torna-se cada<br />

vez mais urgente, pois, o currículo escolar deve permear não somente o que ali se encontra,<br />

mas estar aberta para as mudanças que possam vir a ocorrer no transcorrer do processo<br />

educacional. Cabe aqui salientar a importância do PPP – Projeto Político Pedagógico – que<br />

traz em seu núcleo o sentido de transitar nas diversas linhas de trabalho, objetivando cultivar e<br />

conhecer as culturas e dando abertura para a criatividade, criticidade e autonomia a<br />

professores, pais e alunos. Assim, poderemos quiçá, desmistificar a idéia de que somos todos<br />

iguais, no âmbito educacional e social, percebendo que as diferenças devem ser respeitadas e<br />

entendidas como peça importante para a convivência e crescimento de cada indivíduo.<br />

Diante disto, passamos a apresentar um pouco do que o povo indígena fez e faz para<br />

transformar uma sala de aula e um galpão num ambiente que possa acolher dignamente alunos<br />

de várias séries.

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