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Versão eletrônica - Furb

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no cotidiano deste povo. A preocupação com o futuro de seus filhos faz com que mães,<br />

Conselho Indígena e demais membros da comunidade depositem um sentido de esperança na<br />

escola. A escola, então, passa a ser vista como a realizadora dos sonhos e como fonte de<br />

conhecimento para as crianças e os membros da comunidade. Para estes, que vivem num<br />

espaço onde as oportunidades não existem, a instituição escolar é uma possibilidade de<br />

melhorar o espaço onde vivem a partir da articulação de todos os segmentos na luta por seus<br />

objetivos.<br />

A escola passa a ser, também, para o povo Xokleng, uma garantia de espaço<br />

territorial. Ali, são formados seus líderes e as questões sociais são debatidas e assim sendo, a<br />

escola passa a não ser somente um belo espaço dentro da Comunidade indígena, mas a que<br />

desencadeia o desejo de conquista de seus espaços. Observa-se ainda, que os motivos que<br />

levaram os pais a enviar suas crianças à escola não são meramente para obtenção da escrita e<br />

leitura, mas também para conhecer as maneiras que o não-índio utiliza-se para conseguir seus<br />

objetivos – pessoais, políticos, sociais. A escola torna-se, assim, um espaço onde suas metas,<br />

lutas e resistências ocupam um lugar de destaque, conseguindo dessa forma, fazer da escola<br />

um espaço onde os problemas possam vir a ser solucionados.<br />

Outro fator observado foram as mudanças que este espaço educacional conseguiu<br />

como a sua própria ampliação, além de outros projetos que foram executados e que trouxeram<br />

a este povo melhorias para a sua comunidade, tais como a instalação do posto de saúde<br />

próximo à escola, o telefone público, o surgimento da água tratada para a população, dentre<br />

outros.<br />

O resgate cultural é outro ponto a ser destacado, pois na fala dos entrevistados<br />

ouvimos que “a escola veio para resgatar aquilo que nós havíamos perdido”. Neste espaço<br />

educacional também se conseguiu com profissionais da educação, resgatar a auto-estima deste<br />

povo, principalmente das crianças e dos jovens que tinham vergonha até de serem<br />

identificados como índios.<br />

Desta forma, a escola que antes era vista como um lugar cuja preocupação era<br />

somente salvaguardar o ano letivo passou a ser, como eles mesmos dizem orgulhosamente “a<br />

melhor”. Podemos perceber, portanto, que tanto índios como não-índios buscam algumas<br />

coisas em comum na escola: o mesmo desejo de conhecer, crescer e de conseguir melhores<br />

condições de vida e de ser alguém na sociedade fazendo uso de seus direitos e deveres.

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