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Versão eletrônica - Furb

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da identidade que está ocorrendo neste exato momento e que, ao que parece, é caracterizada<br />

por conflito, contestação e uma possível crise. Segundo a autora, esta crise ocorre devido às<br />

transformações do desenvolvimento global, (capitalismo) onde a convergência de culturas, as<br />

quais estão sendo conhecidas, reconhecidas e identificadas, ficam expostas ao seu embate.<br />

O exemplo dado em seu artigo sobre os sérvios e croatas, onde a identidade sérvia<br />

depende, para existir de algo fora dela: a saber, de outra identidade (croata), de uma<br />

identidade que ela não é que difere da identidade sérvia, mas que, entretanto, fornece as<br />

condições para que ela exista. A identidade sérvia se distingue por aquilo que ela não é. Ser<br />

um sérvio é ser um “não-croata”. A identidade é assim, marcada pela diferença. A diferença é<br />

sustentada pela exclusão (W OODWARD apud SILVA, 2000, p. 09).<br />

A situação acima relatada não difere muito dos problemas ocorridos entre outros<br />

grupos étnicos, como índios e não-índios, em espaços muitas vezes inusitados como a escola.<br />

A identidade é um conceito muito importante a ser discutido, pois conforme<br />

Rutherford, (apud WOODWARD, 2000, p. 19-20): “[...] a identidade marca o encontro de<br />

nosso passado com as relações sociais, culturais e econômicas nas quais vivemos agora [...] a<br />

identidade é a intersecção de nossas vidas cotidianas com as relações econômicas e políticas<br />

de subordinação e dominação”.<br />

Assim sendo, sentir-se índio era algo que trazia vergonha para muitas crianças da<br />

comunidade indígena estudada já foi relatado nesse trabalho e agora retomado aqui:<br />

“Eu, como professora, ouço crianças dizendo: ‘Professora, eu não gosto de ser<br />

índio, porque eles ficam me abusando lá fora.” Mas, todos nós professores estamos<br />

incentivando a auto-estima, o orgulho de ser índio. Por que quando nós estudávamos em<br />

outro município, nós praticamente fomos humilhados, naquele ano em que viemos para cá”<br />

(W.K.P. A. - 19 anos).<br />

A partir desta fala a questão da representação, compreendida como um processo<br />

cultural estabelece identidades individuais e coletivas e os sistemas simbólicos nos quais ela<br />

se baseia fornecem possíveis respostas às questões como: quem eu sou? Quem eu quero ser?<br />

Vê-se também que os sistemas de representação e discursos constroem os lugares a partir dos<br />

quais os indivíduos podem se posicionar e donde podem falar.<br />

Assim sendo, todas as práticas de significação que produzem significados envolvem<br />

relações de poder, incluindo o poder para definir quem é incluído e quem é excluído. A<br />

cultura molda a identidade ao dar sentido à experiência e ao tornar possível optar, entre as

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