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Versão eletrônica - Furb

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distante de tudo e todos, eu diria que não. Muito Obrigada. Poderiam me oferecer de tudo eu<br />

não iria. Eu quero viver os últimos anos de minha vida aqui. Hoje estou com 40 anos, mas<br />

jamais pensaria em sair daqui. Porque este lugar aqui me trouxe muita paz. Aqui eu aprendi<br />

a ter amor pelas pessoas, pelas crianças, pelos adultos, idosos, eles me tratam muito bem.<br />

Trabalho há dezessete anos aqui como professora”.<br />

Outros exemplos podem ser dados de pessoas que trabalham nessa escola e<br />

enriquecem esse ambiente. O grupo é diversificado na questão etária, existem professores que<br />

possuem mais anos de vida, como a senhora Kundin, mulher de força, que trabalhou no ano<br />

de 2004 com Arte Diferenciada e também é membro da comunidade indígena.<br />

Dona Kundin é como gosta de ser chamada. Esta senhora questionou esta<br />

pesquisadora com um olhar bem desafiador: “O que um branco vem fazer aqui na<br />

comunidade, querendo saber o que é ser índio, se preocupar conosco, sabendo que os<br />

brancos lá de fora não gostam muito da gente?”.<br />

Ela obteve como resposta que nem todos têm esta idéia de que o índio é ruim.<br />

Alguns sabem das dificuldades que eles estão enfrentando e os que dizem não gostar é<br />

porque, muitas vezes, não conhecem a realidade em que eles vivem. Ditas estas palavras, a<br />

mesma permaneceu alguns minutos em silêncio, esboçou um sorriso e concedeu a entrevista.<br />

Esta senhora que primeiro fez a entrevista antes de ser entrevistada chama-se<br />

Kundin Ndilli, 54 anos. Traços fortes no rosto mostram os sofrimentos já vividos. Possui um<br />

ar de inocência, mas também é forte em suas afirmações. Ficava feliz quando dizia ter sido<br />

convidada pela comunidade para dar aulas de Arte Diferenciada. Quando indagada sobre<br />

como iniciou suas atividades na escola a mesma relatou:<br />

“Eu nunca havia pensado em trabalhar. Então meu pai me disse que eu deveria<br />

aprender a fazer ártica [arte]. ‘Mas como? ’ - eu disse a ele - se o pai nunca me ensinou.<br />

Mas aí ele começou a me ensinar, fez arco, chocaia [chocalho] e até que a Sandra (Diretora)<br />

me convidou para trabalhar aqui na escola. Mas a questionei: ‘em que vou trabalhar? Por<br />

que eu não sei ler, só um pouco’. Ela disse que iria trabalhar com arte; explicou que iria<br />

trabalhar na cabana fazendo arco, flecha, chocalho. Fiquei de dar resposta para ela. Depois<br />

de um tempo disse que sim e comecei a trabalhar. Faço corda para por na lança, cocau,<br />

[cocar] e faço com as crianças”.

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