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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - Uem

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lançadas raízes profundas nas culturas vizinhas que se tornavam discípulos <strong>de</strong> sua arte<br />

poética, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que davam forma culta aos t<strong>em</strong>as <strong>de</strong> inspiração folclórica.<br />

3.1.2 O lirismo autóctone<br />

Quando a poesia dos trovadores provençais a<strong>de</strong>ntrou terras germânicas e italianas e<br />

ultrapassou as fronteiras ibéricas até a Galiza, já nessas populações vegetava uma poesia<br />

primitiva, autóctone, que tinha por agente principal a mulher e por irmãs a música e a<br />

coreografia. Desse contato, a tradição local recebe uma legitimação que lhe permite <strong>em</strong>ergir<br />

do anonimato e da oralida<strong>de</strong> e adquirir um status sociocultural comparável ao dos produtos<br />

literários <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação trovadoresca, esclarece Spina (1996, p. 26).<br />

Tavani (2002, p. 11) acrescenta que essa tradição lírica manifesta-se na França<br />

Setentrional como no domínio al<strong>em</strong>ão e na Península Ibérica, por meio <strong>de</strong> uma matização<br />

regional da cansó amorosa e do sirventês dos trovadores e, sobretudo, na dignificação da<br />

canção <strong>de</strong> mulher. Esse tipo <strong>de</strong> canção parece ter existido, numa condição <strong>de</strong> latência, <strong>em</strong><br />

toda a Europa Centro-Oci<strong>de</strong>ntal, b<strong>em</strong> antes da produção occitana.<br />

Ninguém hoje põe <strong>em</strong> dúvida – por ex<strong>em</strong>plo, e para nos cingirmos ao que<br />

aqui mais interessa – que na Galiza dos últimos <strong>de</strong>cénios do século XII,<br />

antes, portanto da chegada directa ou indirecta do mo<strong>de</strong>lo provençal, tivesse<br />

provavelmente havido uma poesia lírica <strong>em</strong> língua vulgar, essencialmente<br />

cantigas <strong>de</strong> amigo “ante litteram”, anónimas e não acolhidas na escrita, e<br />

cujos autores, na esteira dos “mestres” transpirenaicos, começaram a certa<br />

altura a assinar e a transcrever as suas composições, garantindo-lhes assim<br />

uma existência menos efémera. (TAVANI, 2002, p. 11).<br />

No entanto, como argumenta o autor, <strong>de</strong>sse período <strong>de</strong> latência nada se sabe, além <strong>de</strong><br />

poucas notícias <strong>de</strong>masiadamente vagas e <strong>de</strong> interpretação controversa para constituír<strong>em</strong> uma<br />

base <strong>de</strong> discussão. O que parece lícito afirmar a este respeito, segundo o crítico, é que na<br />

Galiza do século XII <strong>de</strong>ve ter existido anteriormente aos textos transmitidos pelos<br />

cancioneiros, uma ativida<strong>de</strong> poética local sobre a qual se teria enxertado o mo<strong>de</strong>lo occitano, e<br />

que esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>ve ter começado a exercer a sua influência durante pelo menos os últimos<br />

<strong>de</strong>cênios do século. (TAVANI, 2002, p. 11).<br />

A falta <strong>de</strong> documentação acerca do período das origens e a consequente latência <strong>de</strong><br />

uma provável ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tipo trovadoresco na Galiza do século XII tornam difícil <strong>de</strong>limitar<br />

com precisão o período <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>. Tavani (2002, p. 12) esclarece que “a única hipótese que<br />

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