universidade federal fluminense faculdade de ... - Proppi - UFF
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1 INTRODUÇÃO<br />
Situações <strong>de</strong>sagradáveis como esta [<strong>de</strong> exploração financeira] já “estão<br />
virando” normais, tanto que a gente já espera passar por elas. Ninguém faz<br />
nada pra reverter isso, as autorida<strong>de</strong>s competentes, os viajantes (...). Nem<br />
adianta tentar se sentir parte do lugar... Assim que seu dinheiro for <strong>de</strong>sejado<br />
além do que ele realmente <strong>de</strong>veria ser você vai lembrar que não é “dali” e<br />
que quem na verda<strong>de</strong> é bem-vindo não é você, é o seu dinheiro 1 .<br />
Para Margarita Barreto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as origens do turismo <strong>de</strong> massas na década <strong>de</strong><br />
1950 as expectativas em torno do turismo, do ponto <strong>de</strong> vista cultural, têm estado<br />
centradas na potencialida<strong>de</strong> do mesmo para promover o intercâmbio cultural entre<br />
visitantes e visitados, o conhecimento do outro, a consciência da alterida<strong>de</strong> e como<br />
consequência, a paz mundial. (2004)<br />
No entanto, as pesquisas realizadas até o momento não indicam que estes<br />
objetivos <strong>de</strong> entendimento e aproximação entre as pessoas tenham sido atingidos,<br />
pelo contrário, parecem ocasionalmente indicar que se repetem na prática do<br />
turismo alguns dos antigos problemas que acompanham a história da humanida<strong>de</strong><br />
tais como o colonialismo cultural e a xenofobia, e indicam também que,<br />
inevitavelmente as relações interpessoais acabam sendo comercializadas como<br />
bens <strong>de</strong> consumo (BARRETO, 2004).<br />
Para a autora supracitada é <strong>de</strong> suma importância evitar lugares comuns, já<br />
que gran<strong>de</strong> parte da literatura existente que estuda os impactos 2 ocasionados pelo<br />
turismo “ten<strong>de</strong> a colocar as comunida<strong>de</strong>s locais como vítimas <strong>de</strong> hordas invasoras”.<br />
Para Barreto (2004), o caminho inverso também ocorre já que, por “muitas vezes os<br />
visitantes são vítimas da população local, que os enxergam apenas como sujeitos<br />
passíveis <strong>de</strong> exploração.”<br />
Não há pesquisas direcionadas para a percepção do viajante sobre a prática<br />
<strong>de</strong> exploração financeira e as suas consequências para a experiência final nas suas<br />
viagens. Exatamente por esta ausência <strong>de</strong> pesquisas sistematizadas que se po<strong>de</strong><br />
atribuir como relevante a escolha <strong>de</strong>ste tema.<br />
As pesquisas existentes sobre as relações estabelecidas entre visitantes e<br />
1 Trecho da entrevista realizada neste trabalho <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso.<br />
2 Para alguns autores, como Barreto (2004), “interferências”.