universidade federal fluminense faculdade de ... - Proppi - UFF
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envolvendo o mercado formal como fontes <strong>de</strong> exploração. Oito dos entrevistados<br />
apontaram como meio <strong>de</strong> exploração os guias <strong>de</strong> turismo, informais e formais. Os<br />
mesmos citaram que, muitas vezes recorriam ao serviço <strong>de</strong>les porque “era difícil<br />
encontrar alguns lugares por conta própria”. Eles citaram como um meio <strong>de</strong><br />
exploração a técnica muito comum no tra<strong>de</strong> <strong>de</strong> “parada para compras”, que induz ao<br />
consumo e nem sempre representam o melhor lugar, principalmente no quesito<br />
“preço”.<br />
Práticas como “gorjetas obrigatórias” também surgiram em três entrevistas.<br />
Quatro <strong>de</strong>les também teceram comentários a respeito do comissionamento dos<br />
guias por <strong>de</strong>terminadas lojas:<br />
Mas o que mais me assustou, é que fomos muito explorados em Buenos<br />
Aires pelos guias (...). eles davam a enten<strong>de</strong>r que ajudariam mais se a gente<br />
<strong>de</strong>sse gorjeta pra eles (...). Eles diziam que iam nos levar nos lugares mais<br />
baratos <strong>de</strong> lá pra gente fazer compras, mas, sei lá, sentia que tinha alguma<br />
coisa <strong>de</strong> errado porque o preço tava muito parecido com o do Brasil e nossa<br />
moeda é muito mais forte que a <strong>de</strong>les(...). Percebemos também que,<br />
sempre que a gente saía <strong>de</strong> alguma loja, eles <strong>de</strong>moravam muito pra entrar<br />
na van <strong>de</strong> novo e, aí, começamos a ficar <strong>de</strong> olho neles (...). Percebemos<br />
que nas últimas lojas que eles passavam no caixa antes <strong>de</strong> ir, ou, sempre<br />
ganhavam presentes quando a gente comprava alguma coisa (...)<br />
Após situações como estas narradas pelos backpackers¸ um agente <strong>de</strong><br />
viagens e guia <strong>de</strong> turismo especializado no segmento backpacker no estado do Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro também foi entrevistado. Ao ser indagado sobre uma prática bastante<br />
citada nas entrevistas, “o comissionamento dos guias”, o entrevistado apresentou a<br />
seguinte resposta:<br />
Isso realmente existe, são as relações <strong>de</strong> mercado, como em diversos<br />
outros segmentos no turismo, existe essa relação forte <strong>de</strong> comissionamento<br />
no nosso ramo. Quando você ven<strong>de</strong> um produto existe uma coisa que a<br />
gente até brinca: “quem é o dono do gringo?” Ah, é o Copacabana Palace?<br />
Então “o Copa” vai assumir o risco <strong>de</strong> oferecer aquele turista para fazer um<br />
passeio com você, mas, se ele não gostar do passeio, ele vai reclamar lá no<br />
hotel, porque é lá que ele tá comprando. Então, se ele compra no hotel e o<br />
hotel assume riscos, faz todo o sentido ele ganhar comissionamento, porque<br />
ele tá tendo o trabalho <strong>de</strong> fazer essa ligação (...). Se o turista compra<br />
comigo direto, o turista tá assumindo esse risco (...). Da mesma forma<br />
acontece se eu levar ele numa loja <strong>de</strong> sorvetes e tem uma do lado da outra,<br />
porque eu levaria naquela que o dono nem me dá um sorvete <strong>de</strong> graça? (...)<br />
Não sei se isto <strong>de</strong>ve ser visto como uma prática certa ou errada, bonita ou<br />
feia, foi somente uma forma que a outra loja encontrou <strong>de</strong> atrair mais<br />
turistas pra sua loja (...).