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universidade federal fluminense faculdade de ... - Proppi - UFF

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19<br />

argumentação entre os autores supracitados. Boorstin vê a viagem como “<strong>de</strong>vedora<br />

da tradição do Grand Tour, elaborando a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> “pseudo-eventos”, noção central<br />

da sua argumentação. Deste modo, “a ênfase estaria na viagem como um<br />

procedimento ativo - como a experiência do estar lá - que foi, contudo, substituído<br />

pelo turismo caracterizado como procedimento passivo, sintetizado no ver e ouvir.”<br />

BOORSTIN (apud ARAUJO, 2005).<br />

A autora, sob a luz da obra <strong>de</strong> Boorstin, ainda avalia que <strong>de</strong>vido ao gran<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r e a tecnologia americana (foco da sua obra), a socieda<strong>de</strong> teria “criado um<br />

ticket <strong>de</strong> entrada para a irrealida<strong>de</strong>”, intermediando assim a relação entre as<br />

pessoas e os fatos da vida, o que, representaria na verda<strong>de</strong> uma ilusão que tornaria<br />

ainda mais nebulosa a “verda<strong>de</strong>ira experiência”:<br />

(...) a multiplicação, a melhoria e o barateamento das oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

viagem têm permitido a muitos viajarem a lugares distantes, mas, a<br />

experiência <strong>de</strong> “ir lá” (going there), a experiência <strong>de</strong> “estar lá” (being there)<br />

e o que resulta disso é totalmente diferente. A experiência se tornou<br />

diluída, posto que engendrada artificialmente (...) é pré-fabricada. Boorstin<br />

(apud Araujo, 2001).<br />

Com um significado já embutido na expressão “estar lá”, ser ativo em alguma<br />

ativida<strong>de</strong> requer esforço e <strong>de</strong>dicação. A propósito <strong>de</strong>ste esforço <strong>de</strong>sprendido para<br />

realizar uma “viagem autêntica”, Boorstin (apud Araújo, 2005) avaliou<br />

etimologicamente a palavra travel (do inglês, viagem). Ela po<strong>de</strong> ser associada à<br />

palavra francesa travail, à qual estão associadas os significados trouble (em<br />

português, problema), work (em português, trabalho), torment (em português,<br />

tormenta). Além disso, Boorstin relembra que a origem latina da palavra é trepalium,<br />

um antigo instrumento <strong>de</strong> tortura.<br />

Ao realizar esta busca etimológica, Boorstin resgatou significados importantes<br />

associados à verda<strong>de</strong>ira i<strong>de</strong>ia do que seria realizar uma viagem, que, ao contrário<br />

das práticas associadas ao lazer, on<strong>de</strong> o prazer se estabelece como ponto principal<br />

da prática, confere ao ato <strong>de</strong> realizar uma viagem uma ação laboriosa, trabalhosa e,<br />

por vezes, também incômoda, como aponta Boorstin (apud Araújo, 2005) no trecho<br />

abaixo:

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