universidade federal fluminense faculdade de ... - Proppi - UFF
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Quando as pessoas me abordavam na rua da forma mais gentil do mundo,<br />
eu não estranhava, mas... Eu <strong>de</strong>sconfiava sim! Sempre achava que tinha<br />
alguma segunda intenção em jogo. Eu sobrevivi por lá seguindo duas regras<br />
básicas: sendo firme e, sempre, mantendo o bom humor. Um “shukran”<br />
(obrigado) com um sorriso sempre era mais eficaz do que a minha<br />
impaciência. Eu também tive que <strong>de</strong>ixar minha ingenuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lado. Eles<br />
não querem “apenas” praticar o inglês com a gente. Eles querem é ganhar<br />
em cima da gente (...)<br />
Os entrevistados apontaram que uma prática muito comum para tirar<br />
vantagem dos viajantes é a da “exploração da nossa consciência”:<br />
Quando chegamos na Muralha da China, tinha “ locais” para nos<br />
recepcionar [vi<strong>de</strong> figura 15] (...) As que nos recepcionou era muito simpática,<br />
falava quase todos os idiomas, nos contou historias sobre o local, sobre sua<br />
vida, rotina (... ). Era tudo que queríamos: contato, cultura (...). Ela era tão<br />
solicita! Ela nos ajudava a subir, a encarar as partes difíceis do percurso.<br />
Teve uma hora que não consegui mais subir e, ela até me arrumou um<br />
espaço para sentar.(...). Quando dissemos que queríamos voltar a base, ela<br />
começou a tirar um monte <strong>de</strong> coisas da mochila, dizendo que elas<br />
sobreviviam daquilo, que tinham filhos para criar, e que a gente tinha que<br />
comprar para ajudar ela. (...). Nisso, ela nos ofereceu só coisas caras: uma<br />
blusa <strong>de</strong> sessenta dólares um livro com fotos <strong>de</strong> cem dólares (...). Falei que,<br />
infelizmente, não podíamos comprar, mas que, para ajudá-la, podíamos<br />
levar a blusa, mas, que só tínhamos quarenta dólares! Ela começou a falar<br />
que não queríamos ajudar e, que por isso, tínhamos que nos virar para<br />
voltar para a base sozinhos, que ela tinha mais o que fazer (...).<br />
Figura 15 - As mulheres da Muralha da China - Pequim - China<br />
Fonte: Arquivo pessoal do entrevistado (2011)