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universidade federal fluminense faculdade de ... - Proppi - UFF

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2 A BUSCA DA AUTENTICIDADE NAS EXPERIÊNCIAS TURÍSTICAS:<br />

DIFERENÇAS PERCEBIDAS ENTRE VIAJANTES E TURISTAS<br />

Á medida que viaja, o viajante se <strong>de</strong>senraíza, solta, liberta. Po<strong>de</strong> lançar-se<br />

pelos caminhos e pela imaginação, atravessar fronteiras e dissolver<br />

barreiras, inventar diferenças e imaginar similarida<strong>de</strong>s. (Octávio Ianni 4 )<br />

Para Araújo (2005) o estudo do turismo sob o viés antropológico é<br />

relativamente novo. “A atenção direcionada ao estudo do turismo foi pouca e muito<br />

reticente”, já que sempre houve uma restrição a qualquer aproximação entre o<br />

antropólogo e o turista. A autora cita como exemplo <strong>de</strong>ste distanciamento a primeira<br />

frase do livro <strong>de</strong> Lévi-Straus 5 , Tristes Trópicos: “o<strong>de</strong>io as viagens e os exploradores e<br />

eis que me <strong>de</strong>paro para contar as minhas expedições.” LÉVI-STRAUS (apud<br />

ARAÚJO, 2005)<br />

Para Araújo (2005), “esta avaliação negativa foi confirmada pelo preconceito<br />

<strong>de</strong> muitos antropólogos que insistiam em consi<strong>de</strong>rar o turismo como uma ocupação<br />

frívola, estabelecendo um olhar sob os turistas como intrusos.” No entanto, em<br />

<strong>de</strong>corrência do alargamento do campo da antropologia nos anos 1970, uma<br />

mudança significativa ocorreu com este pensamento pré-concebido, como po<strong>de</strong>mos<br />

perceber em um trecho da obra <strong>de</strong> Michel Picard, Anthropology of Tourism:<br />

(...) <strong>de</strong> um lado, na consi<strong>de</strong>ração das influências externas, sejam estatais ou<br />

internacionais, sobre o meio social estudado e, <strong>de</strong> outro, nos próprios<br />

antropólogos, que começaram a se preocupar não mais exclusivamente<br />

com culturas exóticas, mas igualmente com o que se passava em sua<br />

própria socieda<strong>de</strong>. Picard (apud Araújo, 2005:50)<br />

Realçando ainda mais essa lógica, Araújo (2005) coloca que por um longo<br />

período <strong>de</strong> tempo a disciplina antropológica pautou-se em oposição à experiência<br />

vivenciada pelo antropólogo e a do turista; oposição esta embebida pela máxima <strong>de</strong><br />

que o turista “não viajava à sério” ao passo que o antropólogo seria uma espécie <strong>de</strong><br />

4 Octavio Ianni), sociólogo brasileiro, foi um pensador <strong>de</strong>votado à compreensão das diferenças<br />

sociais, das injustiças a elas associadas e dos meios <strong>de</strong> superá-las.<br />

5 Clau<strong>de</strong> Lévi-Strauss (Bruxelas, 28 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1908 – Paris, 30 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2009),<br />

antropólogo, professor e filósofo francês, é consi<strong>de</strong>rado fundador da antropologia estruturalista, em<br />

meados da década <strong>de</strong> 1950, e um dos gran<strong>de</strong>s intelectuais do século XX.

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