ÃLIDA MARIA ESPONTÃO CASTANHO UMA ESCUTA ... - Abratecom
ÃLIDA MARIA ESPONTÃO CASTANHO UMA ESCUTA ... - Abratecom
ÃLIDA MARIA ESPONTÃO CASTANHO UMA ESCUTA ... - Abratecom
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
39<br />
circunstâncias. Essas interações recorrentes de aceitação mútua e não tão somente<br />
o consenso por certo modo de viver, provocaram mudanças estruturais nos<br />
organismos humanos, formando sucessivamente uma nova série de gerações, ao<br />
criar uma maneira de viver em um contexto.<br />
Maturana esclarece-nos que “o central no fenômeno evolutivo está na<br />
mudança do modo de vida, e em sua conservação na constituição de uma linhagem<br />
de organismos congruentes com sua circunstância, e não em desacordo com ela”<br />
(2001, p.21). A evolução humana se faz presente pela condição do humano estar<br />
inserido em um mundo lingüístico, aonde o seu comportamento vai além do instintivo<br />
e pode ser aprendido, gerando a possibilidade de um desenvolvimento contínuo do<br />
jeito de viver e, sendo este o aspecto importante que carregamos, damos origem a<br />
outros organismos congruentes com seu meio, que carregam, também, a<br />
possibilidade da mudança.<br />
Quando cito que o comportamento humano é aprendido, não estou me<br />
referindo ao modelo de aprendizagem que habitualmente encontramos, no qual uma<br />
pessoa se torna receptáculo de conteúdos prontos, acabados e de realidades<br />
independentes de quem aprende. Refiro-me ao que diz Maturana, (2001, p.60):<br />
“o que está envolvido no aprender é a transformação de nossa<br />
corporalidade, que segue um curso ou outro, dependendo de nosso<br />
modo de viver. Sabemos que o aprender tem a ver com as<br />
mudanças estruturais que ocorrem em nós de maneira contingente<br />
com a história de nossas interações”<br />
Neste momento me recordo da história do “menino lobo”, o qual foi criado na<br />
selva entre e pelos os animais. Ele cresceu corporalmente diferente das crianças<br />
que são expostas a uma história de interações humanas. O “menino lobo”, não<br />
tendo sido exposto a uma história humana, não aprendeu seus usos e costumes e<br />
não tendo tido a sua transformação nessa história, a partir de seu viver nela, não se<br />
tornou humano. Parece ficar claro que o nosso corpo constitui a possibilidade da