ÃLIDA MARIA ESPONTÃO CASTANHO UMA ESCUTA ... - Abratecom
ÃLIDA MARIA ESPONTÃO CASTANHO UMA ESCUTA ... - Abratecom
ÃLIDA MARIA ESPONTÃO CASTANHO UMA ESCUTA ... - Abratecom
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
67<br />
Assim, o princípio do respeito colabora para que o escutador tenha uma<br />
postura orientada para aceitar o estilo do outro e para compartilhar com ele, através<br />
da escuta, a escolha dos temas e a forma de conversação. Quando o escutador opta<br />
por essa postura ele naturalmente inclui o respeito pela história do seu interlocutor e<br />
concorda ser conduzido por ela, sustentado pela ética de se colocar como uma<br />
testemunha que passa a fazer parte das histórias que são contadas.<br />
Desta maneira, não há como o escutador colocar-se como um especialista em<br />
solução de problemas, ou em oferecer aconselhamentos ou em determinar<br />
antecipadamente qual a narrativa ou as perguntas a serem desenvolvidas. O que<br />
permite a postura do respeito, que também pode ser entendida como a da aceitação,<br />
é o desejo do escutador de aprender com o cliente como ele próprio constrói os<br />
significados para a sua vida.<br />
A postura da escuta a partir deste princípio reflete o contestar do dualismo<br />
conhecedor-conhecido, superando o nosso apego à ilusão de que conhecemos a<br />
realidade ou a segurança que nos proporciona o nosso jeito de fazer profissional.<br />
De fato, só podemos assumir esta postura, conforme descreve (Anderson &<br />
Goolishian, 1988a, Anderson 1997) in Marilene Grandesso (2000, p.280):<br />
“Deixando em suspenso nosso conhecimento profissional<br />
acumulado, o qual nos coloca em risco de igualarmos um caso com<br />
outro caso, uma historia com outra história, seja ela a de outro cliente<br />
ou a nossa. Isso implica que, embora buscando a compreensão,<br />
evitemos compreender muito rápido e que coloquemos em dúvida o<br />
que já parecemos saber, as generalidades, e evitemos os<br />
julgamentos. Por outro lado, a ilusão do saber e a segurança das<br />
metodologias impedem o terapeuta de abrir-se para o inesperado, o<br />
ainda não-dito, à medida que o saber torna a escuta seletiva para<br />
aquilo que se quer ouvir”