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depois, na minha adolescência, fui aluna da Maria Clara Machado, no Tablado. Já<br />

querendo fazer teatro como profissão.<br />

Meu mundo simbólico foi incessantemente alimentado e eu aproveitei cada gota disso.<br />

Hoje, quando dou aulas sobre “como contar histórias”, costumo conversar com os<br />

alunos e pergunto sobre suas experiências.<br />

Constato que é uma benção que de vez em quando falte energia elétrica, pois na<br />

maioria das vezes os depoimentos se referem às historias contadas nesses momentos.<br />

A família se reúne em volta de uma vela e pronto! Que maravilha! Conversam, contam<br />

fatos, histórias, memórias...<br />

Hoje são olhos grudados em telas.<br />

Muitas vezes constato também que as pessoas esquecem as referências do seu passado<br />

e quando começamos a conversar sobre as lembranças e as narrativas do passado...<br />

Rememoram e se emocionam. Às vezes têm um mundo simbólico enorme,<br />

cheio de experiências profundas, mas abandonam estas histórias, guardam-nas tão<br />

fechadas e tão escondidas que se esquecem que elas existem e de como são importantes<br />

para a construção do ser que somos.<br />

Com uma produção de livros infantis cada vez maior e mais rica nas livrarias, os<br />

pais às vezes se contentam em oferecer belas publicações a seus filhos. Muitas vezes<br />

a escolha é feita pela beleza e não pelo conteúdo. Perde-se a chance de compartilhar<br />

com o filho o momento mágico de uma história que pode ser significativa para ambos.<br />

Conversar, contar histórias faz com que a gente reflita sobre nós, sobre o mundo,<br />

sobre as relações humanas. Assim, nos tornamos seres críticos e comprometidos com<br />

a nossa vida e com a vida dos outros.<br />

É com grata satisfação que vejo o crescimento dos contadores de histórias pelas<br />

cidades e o interesse das pessoas em assistir a estas apresentações. É como se esse universo<br />

das histórias e da memória tivesse rompido as paredes das casas e invadido os espaços<br />

da cidade. Surgiram contadores de histórias urbanos, que fazem cursos, misturam<br />

linguagens, usam objetos, músicas, figurinos... A narração vira performance e entra em<br />

espaços culturais. Os pais levam seus filhos e experimentam juntos o papel de ouvintes.<br />

Ana Luísa Lacombe<br />

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