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[Rosana Mont’Alverne]<br />

Se tens um coração de ferro, bom proveito.<br />

O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.<br />

José Saramago<br />

Contadores de Histórias sempre me fascinaram. Que magia era aquela, capaz de<br />

transportar, encantar, transformar, emocionar, divertir, unir, confortar Qual seria<br />

a motivação dessa gente portadora de histórias tão poderosas De onde vinha tamanha<br />

generosidade, para entregá-las nas horas mais necessárias E o talento para transformar<br />

em arte o singelo ato de narrar Com as histórias aprendi a fazer perguntas e a buscar<br />

respostas diretamente na fonte. Aprendi também que contamos as nossas próprias<br />

experiências. Não nos apaixonamos por um conto de fadas em vão. A partir dessa<br />

reflexão, percebi de onde vinha a minha própria vontade de contar: da necessidade de<br />

me expressar no mundo, de repartir minhas experiências de uma maneira lúdica e interessante,<br />

de ajudar o outro através da palavra do conto, do mesmo modo como sempre<br />

me senti confortada ao ouvir histórias. O discurso direto, as exortações e explanações<br />

meramente racionais, não possuem a força e o poder de tocar os corações, como uma<br />

história bem contada possui. O tempo do “era uma vez” é mágico; é um tempo verbal<br />

que só existe no faz de conta, terreno onde temos a possibilidade de resolver nossas<br />

angústias por meio das aventuras e desventuras dos heróis. Descobri que não estava sozinha,<br />

que mais alguém viveu os mesmos medos e inseguranças que eu. E isso fez pressão<br />

no meu peito: eu precisava compartilhar isso com os outros.<br />

Comecei contando para a família e os amigos. Na medida em que fui me profissionalizando,<br />

passei a me apresentar em associações, espaços culturais, escolas e<br />

empresas. Até que em 1998 propus ao Tribunal de Justiça, onde sou funcionária<br />

concursada, o Projeto Conto Sete em Ponto, constituído por espetáculos mensais de<br />

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