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O que aqui se diz é da Arte como ato ético-político de transformação. Ética e Estética<br />

juntas no quefazer com os acervos.<br />

Desta maneira, em nossos acervos, cada vez mais espaço às narrativas como estratégias<br />

de autocriação. As narrativas que (se) compõem (a partir de) imagens singularizadas,<br />

num movimento constante de (re) construção. Formas estéticas e vitais de<br />

organização, são potência, elas próprias, para a provocação e o conhecimento. São<br />

como instrumentos, ou brechas, para nossos universos interno e externo. Pois com<br />

elas somos conduzidos ao terreno das subjetividades de nossos leitores, onde são realizadas<br />

as leituras próprias e singulares sobre os conteúdos todos do mundo, da vida.<br />

Nesse sentido, proporcionar concretamente ambiências de leitura para a criação de<br />

espaços de convivência; inserir a práxis com os acervos pessoais e coletivos utilizando<br />

álbuns de retratos, objetos biográficos, relatos, histórias de vida, compondo mapas afetivos;<br />

inserir a práxis com os acervos literários para a construção de conhecimento e a<br />

fruição; possibilitar espaço para a criação, as várias formas de manifestação criadora: o<br />

escrever, o desenhar, o cantar, o esculpir, o dançar, o inventar, o aprender; criar acervos<br />

possíveis com almofadas, plantas, obras de arte, brinquedos e brincadeiras, sonhos e<br />

desejos, contos, mitos, causos, águas, algodão doce, caixas de maquilagem, caixinhas de<br />

música, anjos de verdade, ou não, latinhas de pó de mico, fantasmas, bicho carpinteiro,<br />

livros e mais livros, etc. e coisa e tal. E as vozes das histórias que nos construiram e constroem<br />

esses que somos, enfatizando o trabalho com a oralidade e a escuta, experiências<br />

comunicativas fundamentais – o contar e ouvir histórias, o fazer com os falares, os cantares<br />

diversos, as conversas (as artes orais, como as denomina Havelock).<br />

É preciso, entretanto, primeiro compreender este plano de ação como um palimpsesto<br />

1 , pois que não deve haver receitas ou fórmulas, e há que se ter cuidado em não<br />

cair na armadilha de um aporte funcionalista, se me faço entender. Ver a questão<br />

em seu caráter dinâmico, não normativo, já que precisa ser uma práxis sempre em<br />

andamento, construindo-se ela própria como narratividade, em que se possibilitam<br />

estratégias de apropriação, produção e comunicação dos sentidos, que são sempre<br />

moventes. Como as interpretações, como o mundo e a vida. Depois, pode-se elencar<br />

Nanci Gonçalves da Nóbrega<br />

131<br />

1. Nos palimpsestos, a reescrita era feita por medida de economia: raspava-se no couro, no pergaminho as marcas deixadas<br />

do texto primeiro, para usar de novo o suporte onde estivera a escrita anterior. Aqui não me refiro ao objetivo<br />

econômico, mas ao fazer e refazer necessário, constante.

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