Flash - Fonoteca Municipal de Lisboa
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Rye Rye,<br />
uma<br />
granada que<br />
nunca mais<br />
explo<strong>de</strong><br />
A protegida<br />
<strong>de</strong> M.I.A. é um<br />
prodígio. Falta o<br />
primeiro álbum<br />
para dizermos se<br />
é tudo o que nos<br />
tinham prometido.<br />
O disco <strong>de</strong> estreia da rapper Rye Rye<br />
não é um dos mais aguardados <strong>de</strong> 2011<br />
– é um dos mais aguardados <strong>de</strong> 2010.<br />
Porque há mais <strong>de</strong> um ano que a menina<br />
anda a adiar o <strong>de</strong>bute, um <strong>de</strong>bute<br />
ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> expectativas mesmo<br />
antes <strong>de</strong> se ouvir um pedaço <strong>de</strong> música<br />
que fosse por uma simples razão:<br />
Rye Rue foi a primeira aposta <strong>de</strong> M.I.A.<br />
na sua editora N.E.E.T. recordings, e<br />
é a protegida <strong>de</strong> M.I.A., que não se<br />
cansa <strong>de</strong> elogiar o talento da sua <strong>de</strong>scoberta.<br />
E, diga-se, do pouco que há<br />
para ouvir, M.I.A. não está a mentir-<br />
nos. Por exemplo, o single “Bang”, em<br />
que M.I.A. faz coros é uma maravilha<br />
– <strong>de</strong> brutalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> suor, <strong>de</strong> vertigem.<br />
Toda a canção se sustenta num<br />
beat tremendo, complexo, mas tão<br />
eficaz que o corpo respon<strong>de</strong> <strong>de</strong> diato. Depois o beat é <strong>de</strong>smontado e<br />
ime-<br />
Rye Rye aguenta quase sozinha a canção.<br />
“Sunshine”, o novo single, mantém<br />
a fasquia bem alta (e<br />
mantém M.I.A.), mas muda<br />
<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas – e dános<br />
a conhecer uma rapper<br />
menos áspera e capaz<br />
<strong>de</strong> ser doce. Se estiver<br />
tudo a este nível terá valido<br />
a pena a espera. J.B.<br />
Rye Rye<br />
O alemão<br />
caleidoscópico<br />
Wolfgang Rihm<br />
é o comporitor<br />
resi<strong>de</strong>nte da<br />
Casa da Música.<br />
Cristina<br />
Fernan<strong>de</strong>s<br />
Num total <strong>de</strong><br />
11 concertos,<br />
peças <strong>de</strong> Rihm<br />
irão fazer<br />
parte dos<br />
programas da<br />
Orquestra<br />
Sinfónica do<br />
Porto, do<br />
Remix<br />
Ensemble, do<br />
Coro Casa da<br />
Música e <strong>de</strong><br />
agrupamentos<br />
convidados<br />
como o<br />
Quarteto<br />
Arditti<br />
Ainda vamos querer<br />
saber dos Strokes?<br />
O último álbum foi há muito e 2001, o ano <strong>de</strong> “Is This<br />
It?”, há mais ainda. Este ano, os Strokes regressam e<br />
a questão a que terão <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r é muito simples:<br />
ainda vamos querer saber? Está tudo nas mãos <strong>de</strong>les<br />
(e no álbum que acabaram em Dezembro). Mário Lopes<br />
Admitamos: aguardar ansiosamente<br />
pelo regresso dos Strokes, quatro<br />
anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> “Last Impressions On<br />
Earth” e com o gran<strong>de</strong> impacto <strong>de</strong> “Is<br />
This It?” lá longe em 2001, parecerá<br />
anacrónico. Não tanto quanto, hipótese<br />
académica, anunciar que 2011<br />
po<strong>de</strong>rá ser o ano <strong>de</strong> Chris <strong>de</strong> Burgh,<br />
mas o leitor percebe a i<strong>de</strong>ia.<br />
Algures em blogue americano, escrevia-se<br />
recentemente que, das reuniões<br />
<strong>de</strong> gabarito do ano passado, a<br />
dos Strokes foi a mais discreta. A afirmação<br />
levantava uma questão: mas os<br />
Strokes acabaram? Não se limitavam,<br />
como qualquer banda que origina algo<br />
que a ultrapassa, a viver felizes longe<br />
uns dos outros e a espalhar fel pela imprensa<br />
enquanto anunciavam um álbum<br />
a solo ou um projecto paralelo?<br />
Oficialmente, a banda <strong>de</strong> Julian Ca-<br />
Muitas<br />
reviravoltas<br />
<strong>de</strong>pois, os<br />
Strokes ainda<br />
andam aí: em<br />
Março<br />
veremos em<br />
que estado<br />
sablancas e Albert Hammond Jr não<br />
acabou, mas o próximo álbum, cujo<br />
parto tormentoso parece aproximarse<br />
finalmente do fim, po<strong>de</strong> ser, paradoxalmente,<br />
a morte da banda. Ou o<br />
contrário. Po<strong>de</strong> salvá-la e <strong>de</strong>volver-lhe<br />
alguma da relevância perdida ao longo<br />
da década passada. Não parece<br />
haver meio-termo – continuar em formato<br />
low-profile, a exemplo <strong>de</strong> companheiros<br />
<strong>de</strong> geração como os Interpol<br />
ou os Rapture, terá a dignida<strong>de</strong><br />
do operariado bom trabalhador, mas<br />
não servirá para manter a aura <strong>de</strong><br />
aristocracia rock’n’roll (o que, para<br />
os Strokes, será uma outra forma <strong>de</strong><br />
morte). Espera-nos portanto um regresso<br />
com uma carga dramática, no<br />
mínimo, interessante. Aguar<strong>de</strong>mo-lo,<br />
tacteando a escuridão.<br />
Por ora, nada sabemos do álbum,<br />
a não ser que sai em Março. Mas conhecemos<br />
o processo que conduziu<br />
até ele. Envolve lutas <strong>de</strong> egos, frustrações,<br />
<strong>de</strong>spedimento <strong>de</strong> produtores,<br />
ironia bem doseada e, para toque mo<strong>de</strong>rno<br />
num clássico quadro<br />
rock’n’roll, revelações via twitter ou<br />
Facebook. E um Julian Casablancas<br />
que, em 2009, quando promovia o<br />
lançamento do seu álbum a solo,<br />
“Phrazes Of The Young”, explicava<br />
ao “Guardian” o que mudara na “química”<br />
da banda: “Em breve todas as<br />
preocupações serão conseguir algo<br />
óptimo, mas, neste preciso momento,<br />
o que interessa é que todos estejam<br />
felizes. Se conseguirmos isso, o resto<br />
encaixará no lugar <strong>de</strong>vido”. Seis meses<br />
<strong>de</strong>pois, em Janeiro, adiantava um<br />
pouco mais. “Dividíamos o dinheiro,<br />
mas não dividíamos o trabalho. Era<br />
muito, muito difícil” – como se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>,<br />
o vocalista trabalhava, os restantes<br />
acompanhavam. No novo álbum,<br />
tudo mudará: “Penso que estamos<br />
a cumprir aquilo que dizíamos<br />
ser: um verda<strong>de</strong>iro conjunto que trabalha<br />
em todos os aspectos”. Em Janeiro<br />
<strong>de</strong> 2010, estavam portanto felizes.<br />
Casablancas ouviria os restantes,<br />
os restantes contribuiriam com mais<br />
i<strong>de</strong>ias, Casablancas trabalharia menos<br />
e receberia o mesmo. Tudo perfeito<br />
no mundo dos Strokes.<br />
Pondo <strong>de</strong> lado os vários projectos<br />
paralelos (os Little Joy do baterista Fabrizio<br />
Moretti, a carreira a solo <strong>de</strong> Casablancas<br />
e Albert Hammond Jr., os<br />
Nickel Eye do baixista Nikolai Fraiture),<br />
juntaram-se em Março ao produtor<br />
Joe Chicarelli, que trabalhara no<br />
UNIVERSAL EDITION/ERIC MARINITSCH<br />
“A minha música é sempre diferente<br />
daquilo que as pessoas pensam que<br />
é”, disse Wolfgang Rihm em Março<br />
do ano passado ao “Guardian” por<br />
ocasião <strong>de</strong> um fim-<strong>de</strong>-semana consagrado<br />
à sua música pela Orquestra<br />
Sinfónica da BBC. Rótulos como “representante<br />
do movimento da Nova<br />
Simplicida<strong>de</strong>”, “neoromantismo” e<br />
“neoexpressionismo” têm sido várias<br />
vezes aplicados à sua obra, mas resultam<br />
extremamente redutores, pois a<br />
sua vasta produção (mais <strong>de</strong> 400 peças)<br />
percorre inúmeros caminhos. É<br />
uma obra caleidoscópica, por vezes<br />
com gran<strong>de</strong>s contrastes, e portanto<br />
sempre susceptível <strong>de</strong> surpresas.<br />
A música <strong>de</strong> Rihm tem sido objecto<br />
<strong>de</strong> ciclos e retrospectivas em vários<br />
festivais e salas <strong>de</strong> concerto internacionais,<br />
e em 2010 o compositor viu<br />
a sua ópera “Dionysos” estreada no<br />
Festival <strong>de</strong> Salzburgo. Em 2011 o público<br />
português terá a oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> acompanhar <strong>de</strong> perto uma parte<br />
substancial da sua obra, já que Rihm<br />
será o compositor em residência na<br />
Casa da Música.<br />
Num total <strong>de</strong> 11 concertos, peças <strong>de</strong><br />
Rihm irão fazer parte dos programas<br />
da Orquestra Sinfónica do Porto, do<br />
Remix Ensemble, do Coro Casa da Música<br />
e <strong>de</strong> agrupamentos convidados<br />
como o Quarteto Arditti. No dia 25 <strong>de</strong><br />
Outubro será estreada uma obra encomendada<br />
pela Casa da Música e, já<br />
no próximo dia 18, o Remix toca “Jag<strong>de</strong>n<br />
und Formen”, uma tarantela dançante<br />
e motórica que integra as pesquisas<br />
do compositor sobre a i<strong>de</strong>ia da<br />
forma musical e lhe valeu o prémio da<br />
Royal Philharmonic Society em 2001.<br />
Dois dias <strong>de</strong>pois, o Quareto Arditti toca<br />
os Quartetos nºs 3 e 5; a 22, o agrupamento<br />
junta-se à Sinfónica do Porto<br />
para interpretar o “Concerto Dithyrambe”.<br />
Destacam-se também os<br />
“Quatro Poemas <strong>de</strong> Rilke” na voz <strong>de</strong><br />
Christoph Prégardien (22 <strong>de</strong> Outubro)<br />
e obras como “Homenagem a Max Beckmann”<br />
e “Der Maler träumt”.<br />
Nascido em 1952 em Karlsruhe,<br />
Rihm começou a compor aos 11 anos.<br />
A sua família não tinha tradições musicais<br />
e os seus interesses iniciais foram<br />
o <strong>de</strong>senho, a pintura e a escrita<br />
literária, mas assim que começou a<br />
tocar flauta <strong>de</strong> bisel, órgão e piano<br />
rapidamente passou também a compor<br />
pequenas peças. Prosseguiu a sua<br />
formação com Stockhausen, Klaus<br />
Huber e Hans Heinrich Eggebrecht,<br />
tendo frequentado os Cursos <strong>de</strong> Darmstadt<br />
nos ano 70. Nessa ocasião Stockhausen<br />
(que nunca discutia a música<br />
dos alunos, apenas a sua) envioulhe<br />
uma nota com estas únicas<br />
palavras: “Caro Wolfgang Rihm, por<br />
favor escute apenas a sua voz interior.<br />
Com os melhores cumprimentos, Karlheinz<br />
Stockhausen.” Rihm manteve<br />
o recado muitos anos na sua secretária;<br />
foi <strong>de</strong>cisivo para a sua liberda<strong>de</strong><br />
criativa, que passa pela assimilação<br />
<strong>de</strong>scomplexada da herança do passado<br />
ou pelo uso <strong>de</strong> outras artes, da literatura<br />
e da filosofia como inspiração.<br />
Numa entrevista publicada no<br />
site do Ensemble Sospeso, o compositor<br />
reconhece que apren<strong>de</strong> muito<br />
com os não-músicos. “Sou um apaixonado<br />
pelas artes plásticas e é libertador<br />
falar com pintores sobre os segredos<br />
que ro<strong>de</strong>iam o nascimento das<br />
suas obras <strong>de</strong> arte e sobre o processo<br />
<strong>de</strong> criação em geral.”<br />
A música <strong>de</strong> Webern, Morton Feldman<br />
e Stockhausen marcou bastante<br />
as suas primeiras obras e posteriormente<br />
foi <strong>de</strong>cisivo o contacto com<br />
Wilhelm Killmayer, Helmut Lachenmann<br />
e Luigi Nono. A ópera <strong>de</strong> câmara<br />
“Jakob Lenz” (1978), baseada na<br />
novela <strong>de</strong> Büchner, converteu-se na<br />
peça <strong>de</strong> teatro musical contemporâneo<br />
mais interpretada na Alemanha<br />
e em 1983 surgiu “Die Hamletmaschine”,<br />
em colaboração com o dramaturgo<br />
Heiner Müller. A lista é necessariamente<br />
muito incompleta: Rihm<br />
é compositor compulsivo, <strong>de</strong>ixando<br />
o ouvinte num labirinto <strong>de</strong> escolhas.<br />
Em 2011 a Casa da Música indica-nos<br />
o caminho. C.F.<br />
passado com Frank Zappa, My Morning<br />
Jacket ou White Stripes. No Verão,<br />
<strong>de</strong>ram alguns concertos, actuando no<br />
festival Lollapalooza ou na Metropolitan<br />
Opera, em Nova Iorque, no 25º<br />
aniversário da linha <strong>de</strong> moda Tommy<br />
Hilfiger. Entre um e outro, Casablancas<br />
saía das sessões <strong>de</strong> gravação para confessar<br />
à “Spin” que “uma banda é uma<br />
gran<strong>de</strong> forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir uma amiza<strong>de</strong>”.<br />
Afinal, não estava tudo perfeito<br />
no mundo dos Strokes, mas os objectivos<br />
mantinham-se intactos. Casablancas<br />
novamente: “Atingimos o topo<br />
do ‘un<strong>de</strong>rground’, mas nunca ficámos<br />
tão gran<strong>de</strong>s como os Green Day, os<br />
Creed ou qualquer uma das bandas a<br />
quem se supunha tomarmos o lugar<br />
em 2001. Portanto, na minha cabeça,<br />
está aí o passo a dar”.<br />
“<strong>Flash</strong>-forward” para Novembro.<br />
Afinal, Joe Chicarella não será creditado<br />
no novo álbum. Albert Hammond<br />
Jr informa que a banda pôs <strong>de</strong> parte há<br />
alguns meses o material gravado com<br />
o produtor. O disco será produzido<br />
pela banda, terá <strong>de</strong>z canções e Albert<br />
está “para lá <strong>de</strong> <strong>de</strong>liciado”: “Confio que<br />
ficarão tão entusiasmados quanto eu”.<br />
Dezembro. Julian Casablancas anuncia<br />
no seu twitter: “Não sairá nos próximos<br />
meses – misturar, etc, mas ficou<br />
finalmente pronto ontem!”. Nikolai<br />
Fraiture confirma, também no twitter:<br />
“Ei, e esta? Está a acontecer. São gran<strong>de</strong>s<br />
notícias, pessoal!”.<br />
O futuro dos Strokes segue em Março<br />
– po<strong>de</strong> ser até que já esteja <strong>de</strong>finido<br />
quando chegarem ao Super Bock<br />
Super Rock, no Meco, on<strong>de</strong> serão os<br />
cabeças <strong>de</strong> cartaz <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> Julho.<br />
Ípsilon • Sexta-feira 7 Janeiro 2011 • 15