Flash - Fonoteca Municipal de Lisboa
Flash - Fonoteca Municipal de Lisboa
Flash - Fonoteca Municipal de Lisboa
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A Nova Iorque<br />
elegante dos Cults<br />
Como a maior parte dos projectos que<br />
dão que falar na actualida<strong>de</strong>, os Cults<br />
surgiram do dia para a noite, em Abril<br />
do ano passado, no espaço virtual,<br />
com três magníficas canções (“Go outsi<strong>de</strong>”,<br />
“Most wanted” e “The curse”,<br />
a que se seguiria, meses mais tar<strong>de</strong>,<br />
“Oh my god”) e <strong>de</strong> imediato <strong>de</strong>ram<br />
nas vistas.<br />
São <strong>de</strong> Nova Iorque, são dois, Brian<br />
Oblivion (guitarra, teclas) e Ma<strong>de</strong>line<br />
Follin (voz, baixo) e têm ambos 21<br />
anos. Até Abril do ano passado, nem<br />
página no MySpace tinham, mas rapidamente<br />
saltaram <strong>de</strong> boca em boca.<br />
Não custa perceber porquê, ouvindoos.<br />
Possuem aquela dose <strong>de</strong> familiarida<strong>de</strong><br />
(uma vivacida<strong>de</strong> pop controlada,<br />
muito anos 60, uma voz feminina<br />
doce, um envolvimento electrónico<br />
melancólico) e <strong>de</strong> estranheza, temperada<br />
com muita elegância, que costuma<br />
conquistar. Esta semana ficou a<br />
saber-se que assinaram pela editora<br />
Columbia, para a edição do álbum <strong>de</strong><br />
estreia, em Maio. Não custa nada perceber<br />
que iremos ouvir falar muito<br />
<strong>de</strong>les nessa altura. V.B.<br />
A sujida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Brooklyn já era.<br />
Os Cults<br />
apareceram<br />
do dia para a<br />
noite no<br />
espaço<br />
virtual, mas já<br />
assinaram<br />
pela Columbia<br />
O regresso dos<br />
barbudos<br />
O segundo dos Fleet Foxes<br />
<strong>de</strong>ve chegar na Primavera.<br />
Folk “freak” à vista.<br />
Foram o sucesso mais improvável <strong>de</strong><br />
2008. Uma trupe <strong>de</strong> barbudos saídos<br />
<strong>de</strong> uma floresta habitada por folkrockers<br />
<strong>de</strong> 1970, a insuflar nova vida<br />
ao legado dos Crosby, Stills & Nash. A<br />
verda<strong>de</strong> porém, é que as canções <strong>de</strong><br />
“Fleet Foxes” tinham essa qualida<strong>de</strong><br />
in<strong>de</strong>finível que as tornava graciosas e<br />
empolgantes por si, não pela linhagem<br />
distinta que as originara.<br />
Há cerca <strong>de</strong> um ano, o vocalista e<br />
principal compositor, Robin Pecknold,<br />
dizia entre digressões que achava<br />
inconcebível estar dois anos sem<br />
compor. Depois disso, andou em digressões<br />
(por duas vezes) com Joanna<br />
Newsom e lá foi apresentando<br />
algumas novas canções, sem<br />
especificar se seriam ou<br />
não do novo álbum<br />
dos Fleet Foxes. Em<br />
Outubro, um post<br />
no Facebook da<br />
banda informava<br />
que o disco estava<br />
pronto e que faltaria<br />
misturá-lo e<br />
masterizá-lo. Semanas<br />
<strong>de</strong>pois, um “mea<br />
culpa”: “Acho que falei<br />
cedo <strong>de</strong> mais”. O álbum<br />
estava quase pronto,<br />
é certo, mas ainda necessitava<br />
<strong>de</strong> algumas sessões no estúdio.<br />
Especula-se agora que sairá na Primavera.<br />
Po<strong>de</strong>rá ter como título “Deepwater<br />
Horizon”, o que até se a<strong>de</strong>qua<br />
bem ao imaginário Fleet Foxes,<br />
ou, informa a Wikipedia, seguindo o<br />
twitter da banda, “Slaughternalia”, o<br />
que, mais do que uma hipótese <strong>de</strong><br />
título, nos parece uma boa piada <strong>de</strong><br />
“freakzinhos” do rock. M.L.<br />
James Blake,<br />
fenómeno <strong>de</strong><br />
culto à vista<br />
“Deepwater<br />
Horizon” ou<br />
“Slaughternalia”:<br />
o título<br />
do novo dos<br />
Fleet Foxes<br />
ainda está em<br />
construção<br />
O barítono<br />
americano<br />
interpreta<br />
Mahler como<br />
ninguém<br />
Odisseia<br />
mahleriana<br />
Thomas Hampson<br />
traz o seu<br />
compositor <strong>de</strong><br />
eleição a <strong>Lisboa</strong>.<br />
Uma visita ao site <strong>de</strong> Thomas Hampson<br />
ou à sua página no Facebook<br />
coloca-nos <strong>de</strong> imediato em contacto<br />
com um artista dinâmico que é também<br />
um homem do seu tempo e tira<br />
partido das novas tecnologias para<br />
interagir com a socieda<strong>de</strong> e divulgar<br />
os seus projectos. Estes não se limitam<br />
à interpretação musical, mas<br />
passam também por conferências,<br />
masterclasses, concertos pedagógicos<br />
e pelas activida<strong>de</strong>s da Hampsong<br />
Fundation, <strong>de</strong>dicada à promoção<br />
da música na América.<br />
Tendo em conta a sua extraordinária<br />
estatura artística, Hampson<br />
seria sempre uma figura a seguir<br />
com atenção, mas suce<strong>de</strong> que 2011 é<br />
também o ano do centenário da te <strong>de</strong> Mahler, compositor que o barítono<br />
americano interpreta como<br />
ninguém. Ao longo <strong>de</strong>ste ano, irá<br />
prosseguir a sua “Odisseia Mahleriana”,<br />
que inclui 50 concer-<br />
mortos<br />
e recitais, bem como sessões<br />
em que discute com o<br />
público a sua visão das obras.<br />
Em <strong>Lisboa</strong> será possível ouvir<br />
Hampson na Gulbenkian (16 e<br />
17 <strong>de</strong> Abril) com a Orquestra <strong>de</strong><br />
Câmara da Europa. C.F.<br />
Há muitos regressos confirmados que<br />
suscitam natural curiosida<strong>de</strong> (Lykke<br />
Li, PJ Harvey, The Strokes, Kanye West<br />
& Jay-Z, Villalobos, Aphex twin, Buraka<br />
Som Sistema, Panda Bear ou Portishead)<br />
e algumas estreias em formato<br />
álbum, para além daquelas referidas<br />
nestas páginas, que irão dar que<br />
falar sem gran<strong>de</strong> risco (Theophilus<br />
London, Jamie Woon, Rainbow Arabia,<br />
Yuck, Jai Paul, Wu Lyf, Julianna<br />
Barwick ou Memoryhouse), mas nenhum<br />
nome reúne o consenso <strong>de</strong> James<br />
Blake, inglês, 22 anos, com álbum<br />
<strong>de</strong> estreia homónimo previsto para 7<br />
<strong>de</strong> Fevereiro.<br />
Contra ele, a expectativa excessiva<br />
que existe em seu torno, pelo facto <strong>de</strong><br />
ter lançado em 2010 três magníficos<br />
EP (“The bells sketch”, “CMYK” e “Klavierwerke”).<br />
Dificilmente o seu álbum<br />
cairá nas boas graças do gran<strong>de</strong> público,<br />
mas possui todas as características<br />
para se transformar num caso<br />
singular <strong>de</strong> culto. Inclui uma canção<br />
já conhecida (“Limit to your love”, um<br />
original <strong>de</strong> Feist) e <strong>de</strong>z temas originais,<br />
sendo composto, produzido e gravado<br />
inteiramente pelo próprio. Há canções<br />
próximas das convenções pop, baladas<br />
para piano e ruídos electrónicos<br />
e outras <strong>de</strong> arquitectura sónica bem<br />
mais in<strong>de</strong>finível.<br />
Como acontece com uma série <strong>de</strong><br />
outros jovens músicos e produtores<br />
que se revelaram em 2010 (Balam<br />
Acab, Forest Swords, How To Dress<br />
Well, Mount Kimbie ou Jamie Woon),<br />
existe um disco que parece ter sido<br />
fulcral no seu <strong>de</strong>senvolvimento. Falamos<br />
do álbum homónimo <strong>de</strong> estreia<br />
do inglês Burial, lançado há cinco<br />
anos, disco <strong>de</strong> sombras electrónicas,<br />
que acabou por ser filiado na corrente<br />
dubstep, mas que já prenunciava<br />
um outro universo.<br />
Pusha T<br />
quer ser um<br />
clássico<br />
Pharrell e Kanye<br />
West por trás do<br />
disco <strong>de</strong> estreia.<br />
As coisas no mundo dos Clipse, quando<br />
mudam, mudam radicalmente. Em<br />
2006 foram parar ao topo do mundo<br />
graças a “Hell Halth No Fury”, tremendo<br />
disco com produção <strong>de</strong> Pharrell<br />
Williams. Mas no início do ano<br />
passado, ainda sem disco novo e com<br />
as coisas encalhadas, o céu caiu-lhes<br />
um pouco em cima da cabeça quando<br />
o seu manager <strong>de</strong> sempre foi con<strong>de</strong>nado<br />
a meros 32 <strong>de</strong> prisão por tráfico<br />
<strong>de</strong> droga. Talvez tenha sido esse o clique<br />
<strong>de</strong> que eles precisavam. Pelo menos<br />
Pusha T, o mais duro do duo –<br />
Malice é o mais melódico. T tem disco<br />
<strong>de</strong> estreia a solo prestes a lançar no<br />
ano que vem e não brinca em serviço:<br />
a produzir as canções estão Bangla<strong>de</strong>sh,<br />
Pharrell e Kanye West. Aliás,<br />
participou em “Runaway”, a principal<br />
faixa do mais recente disco <strong>de</strong> West,<br />
o que lhe trouxe uma exposição mediática<br />
que garante que o seu disco a<br />
solo não vai ser esquecido. Num ano<br />
que também terá direito a novo disco<br />
<strong>de</strong> Lupe Fiasco e à<br />
muito aguardada es-<br />
treia <strong>de</strong> Jay Electroni-<br />
ca, há muita gente a<br />
pôr as fichas todas em<br />
Pusha T – quanto<br />
mais não seja, ele<br />
próprio, que<br />
garante que<br />
cada faixa é<br />
um clássico.<br />
J.B.<br />
Octa Push garante<br />
que cada faixa do álbum<br />
é um clássico<br />
Tão longe e tão perto<br />
<strong>de</strong> James Blake<br />
Depois <strong>de</strong> três magníficos EP<br />
em 2010, o álbum <strong>de</strong> estreia será<br />
uma confirmação. Vítor Belanciano<br />
DARIO ACOSTA<br />
A diferença, uma enorme disparida<strong>de</strong><br />
apesar <strong>de</strong> tudo, é que James<br />
Blake canta <strong>de</strong> forma vulnerável e revela<br />
uma enorme capacida<strong>de</strong> para<br />
compor ambientes melódicos. Em todas<br />
as suas canções existe qualquer<br />
coisa <strong>de</strong> precário, um mundo mutante<br />
em composição, que rumina consigo<br />
próprio, acolhendo qualquer<br />
coisa <strong>de</strong> longínquo e etéreo, com ligeiras<br />
reverberações electrónicas e<br />
sons <strong>de</strong> piano.<br />
A diferença é que o lugar pós-industrial<br />
que Burial erguia era negro e sombrio,<br />
<strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> calor. Em James<br />
Blake o dia a seguir ao juízo final é<br />
errante também, mas mais imersivo<br />
e emotivo. Os temas são também menos<br />
abstractos do ponto <strong>de</strong> vista sónico,<br />
circulando elementos digitais mínimos<br />
à volta da sua voz quase sempre<br />
lânguida.<br />
Nas últimas semanas soube-se que<br />
começou a actuar ao vivo, na companhia<br />
<strong>de</strong> dois músicos, existindo inúmeros<br />
registos na Internet <strong>de</strong>ssas prestações.<br />
Esse será provavelmente o seu<br />
próximo <strong>de</strong>safio. Procurar formas <strong>de</strong>,<br />
em palco, expor uma música tão preciosa<br />
e singular como aquela que tem<br />
vindo a criar no seu estúdio caseiro.<br />
16 • Sexta-feira 7 Janeiro 2011 • Ípsilon