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Flash - Fonoteca Municipal de Lisboa

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Rússia, estrada p<br />

Nos filmes do bielorusso Sergei Loznitsa, a Rússia confronta-se com os fantasmas da sua história. A<br />

abanão. Retrospectiva integral na Culturgest, em <strong>Lisboa</strong>, a partir <strong>de</strong> quinta-feira, com a presença d<br />

“Revue” e<br />

“Blocka<strong>de</strong>”: a<br />

propaganda<br />

comunista e o<br />

cerco a<br />

Leninegrado<br />

em imagens<br />

<strong>de</strong> arquivo<br />

Não é uma estrada, é uma direcção...<br />

e em direcção a sítio nenhum.<br />

Tal como o camionista <strong>de</strong> “My Joy”,<br />

o espectador está metido nisto: num<br />

mundo impregnado do terror das fábulas,<br />

<strong>de</strong> que ele não conhece regras,<br />

on<strong>de</strong> a brutalida<strong>de</strong> é ancestral, como<br />

a noite, como a neve. On<strong>de</strong> não existe<br />

passado nem presente, porque o<br />

passado sempre ali esteve, a ser reiterado<br />

no presente, como uma face<br />

<strong>de</strong>moníaca que a espaços rasga uma<br />

construção, uma ficção: URSS.<br />

O camionista que tomou a direcção<br />

errada per<strong>de</strong> a memória, violentado,<br />

con<strong>de</strong>nado a errar pelas profun<strong>de</strong>zas<br />

<strong>de</strong> uma estrutura mental. O espectador<br />

também é traumatizado, obrigado<br />

a progredir <strong>de</strong> abanão em abanão<br />

“A Rússia é um gran<strong>de</strong><br />

país com uma<br />

história trágica. Isso<br />

<strong>de</strong>ve-se ao facto<br />

<strong>de</strong> as pessoas não<br />

reflectirem sobre<br />

o seu passado e não<br />

apren<strong>de</strong>rem com<br />

a experiência<br />

passada”<br />

– um <strong>de</strong>les porque às tantas “My Joy”<br />

dá uma cambalhota da actualida<strong>de</strong><br />

para a II Guerra Mundial e ninguém<br />

esperaria isso (e mesmo agora que já<br />

se sabe, a sacudi<strong>de</strong>la continua a ser<br />

assinalável).<br />

É essa a experiência com os filmes<br />

do bielorrusso Sergei Loznitsa – um<br />

sentimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocação física, somos<br />

atirados para um “road movie”<br />

imprevisível –, como se testemunhará<br />

entre os dias 13 e 16, no Pequeno Auditório<br />

da Culturgest, em <strong>Lisboa</strong>, na<br />

retrospectiva integral <strong>de</strong>dicada ao cineasta<br />

(organização da Associação<br />

Zero em Comportamento).<br />

Abre, dia 13, às 21h30, com “My<br />

Joy” (“Minha Alegria”, título que uma<br />

semana <strong>de</strong>pois chega às salas). Rodado<br />

na Ucrânia (por contingências <strong>de</strong><br />

produção), marca a passagem do documentarista<br />

para a ficção, um filme<br />

que sedimentou histórias que Loznitsa<br />

foi coleccionando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997,<br />

quando começou a documentar um<br />

país profundo <strong>de</strong> neve – daquelas histórias,<br />

<strong>de</strong> folclore popular sombrio,<br />

que alguém, sem razão aparente e<br />

aproximando-se não se sabe <strong>de</strong> on<strong>de</strong>,<br />

conta, antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecer na escuridão<br />

também para um não se sabe<br />

on<strong>de</strong>.<br />

E para quem não sabe o que se passa<br />

realmente em “Minha Alegria”...<br />

A Rússia é um gran<strong>de</strong> país com uma<br />

história trágica. Isso <strong>de</strong>ve-se ao facto<br />

<strong>de</strong> as pessoas não reflectirem sobre<br />

28 • Sexta-feira 7 Janeiro 2011 • Ípsilon

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