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Jornal das Oficinas 073

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DEZEMBRO 2011<br />

EVENTO JORNAL DAS OFICINAS<br />

12 CONFERÊNCIA DE REPINTURA AUTOMÓVEL www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com<br />

começando logo na elaboração dos<br />

contractos de seguro, com o<br />

fornecimento de dados falsos ou<br />

incorrectos por parte do segurado. A<br />

simulação de danos ou de sinistros, bem<br />

como o agravamento injustificado e<br />

danos é também infelizmente frequente,<br />

assim como a realização de intervenções<br />

irregulares de reparação dos veículos. O<br />

principal mecanismo dissuasor da fraude<br />

é a imediata possibilidade de anulação<br />

da apólice e do direito a indemnização.<br />

Mesmo que a fraude apenas se venha a<br />

detectar numa fase posterior, a<br />

seguradora pode reaver verbas de<br />

indemnização indevi<strong>das</strong> em sede de<br />

justiça. A actual conjuntura económica<br />

obriga-nos a estar cada vez mais atentos<br />

a esse problema, que afecta, não só a<br />

seguradora, como os segurados, que<br />

acabam por ter que pagar mais pelos<br />

seus prémios de seguro, remunerando<br />

injustamente os infractores que não<br />

forem detectados.<br />

Algumas seguradoras já criaram<br />

redes de centros de colisão, que<br />

concentram num único local to<strong>das</strong><br />

as etapas para a resolução de um<br />

sinistro automóvel. Pensa que este<br />

conceito vai ser o futuro?<br />

Deste os meados da década de 90 que<br />

várias seguradoras desenvolveram<br />

diversos meios de agilizar a resolução<br />

dos sinistros automóvel. A partir do<br />

momento em que existe uma relação<br />

mais forte entre reparadores e<br />

seguradoras, dispondo de canais de<br />

comunicação adequados entre ambos, o<br />

segurado pode a partir da oficina<br />

resolver to<strong>das</strong> as fases do processo de<br />

resolução do sinistro, entregando o carro<br />

à oficina e fazendo a declaração do<br />

sinistro no local. Peritos residentes na<br />

própria oficina ou que estejam activos na<br />

sua área envolvente podem efectuar a<br />

peritagem em menos de meia hora e o<br />

cliente pode regressar à sua vida com um<br />

carro de substituição.<br />

Do ponto de vista da satisfação do<br />

cliente e da produtividade de oficinas e<br />

segura<strong>das</strong>, este sistema tem futuro,<br />

dependendo de cada empresa de<br />

seguros optar por uma solução ou outra,<br />

que envolverá sempre investimentos<br />

conjuntos de reparadores e seguradoras.<br />

Mas o conceito de centro de colisão tem<br />

uma dimensão de marketing, cujos<br />

investimentos e retorno têm que ser bem<br />

analisados, antes de partir para decisões.<br />

|| Intervenção de Francisco Salvador,<br />

Administrador da GEP, Gestão de<br />

Peritagens<br />

O que podem os peritos de seguros<br />

automóvel e as oficinas fazer em<br />

conjunto, para aumentarem a<br />

rentabilidade do negócio de chapa<br />

e pintura?<br />

A principal função do perito é importante,<br />

mas relativamente simples, porque é<br />

basicamente fazer com que a entidade<br />

que paga o serviço (geralmente, a<br />

seguradora) e a oficina cheguem a um<br />

consenso sobre a reparação dos danos.<br />

Essa reparação deve permitir que o<br />

veículo mantenha o seu valor e as suas<br />

características técnicas, de acordo com a<br />

especificações do construtor, havendo<br />

apenas a discutir o melhor meio de<br />

alcançar esse objectivo o mais<br />

rapidamente possível e pelo custo mais<br />

adequado. Esta é a matriz em que o<br />

perito e a oficina estudam a melhor<br />

solução em conjunto, definindo as<br />

tecnologias e métodos que serão<br />

utilizados para reparar os danos.<br />

A relação entre peritos e oficinas nem<br />

sempre foi muito fácil no passado, sendo<br />

marcada aqui e ali por desconfianças e<br />

por conflitos de interesse. A própria<br />

evolução da tecnologia automóvel e <strong>das</strong><br />

técnicas e padrões de reparação<br />

acabaram no tempo por aproximar as<br />

duas partes, que têm sabido interpretar<br />

adequadamente as mudanças do<br />

mercado e <strong>das</strong> tecnologias.<br />

Neste momento, a fase de relacionamento<br />

entre peritos e reparadores será mais a de<br />

cooperação, na qual dois profissionais<br />

estão a olhar para o mesmo veículo e para<br />

os mesmos danos, com o objectivo<br />

comum de encontrarem as melhores<br />

soluções, para se conseguir obter a<br />

correcta recuperação desses danos.<br />

Entretanto, o mercado foi evoluindo a par<br />

com a crise económica e a realidade é<br />

que há menos carros nas oficinas. De há<br />

cinco anos a esta parte, 10% <strong>das</strong> nossas<br />

peritagens ditavam a perda total do<br />

veículo. Do contacto que mantemos com<br />

as oficinas, acabámos por chegar à<br />

conclusão de que era possível recuperar<br />

mais carros, mesmo com danos<br />

consideráveis. Isso tornou-se viável<br />

devido ao preço mais competitivo <strong>das</strong><br />

peças e dos custos dos métodos de<br />

reparação, permitindo uma solução que é<br />

vantajosa para as oficinas, que facturam<br />

mais, para o ambiente, porque há menos<br />

resíduos, para as seguradoras, porque<br />

mantêm o seu cliente e para os clientes,<br />

que na maior parte dos casos preferem<br />

ficar com o “seu” carro.<br />

A colaboração entre peritos e<br />

reparadores pode assim dar origem a<br />

mais reparações, de melhor qualidade e<br />

com menor tempo de imobilização do<br />

veículo, o que contribui para a<br />

consolidação e para o crescimento <strong>das</strong><br />

actividades de reparação de veículos e de<br />

peritagem, como todos desejamos.<br />

Nas avaliações dos danos, os<br />

peritos recomendam a utilização<br />

de peças de origem ou de<br />

qualidade equivalente<br />

(aftermarket) para a reparação dos<br />

veículos?<br />

Olhando para aquilo que é a prática<br />

corrente, 90% <strong>das</strong> peças aplica<strong>das</strong> são de<br />

origem, provavelmente porque dão mais<br />

garantias de qualidade da reparação. Esse<br />

é quanto a mim o critério fundamental de<br />

escolha. De facto, há peças ditas<br />

alternativas de qualidade idêntica às<br />

originais e há outras de má qualidade. O<br />

risco está em provocar uma reparação<br />

que não seja fiável e dê problemas de<br />

garantia.<br />

Por outro lado, do ponto de vista da<br />

qualidade da reparação, pode ser<br />

preferível montar uma porta usada<br />

completa, em vez de estar a reparar o<br />

painel da porta original, que pode dar<br />

sempre problemas de corrosão a prazo.<br />

Além disso, essa reparação pode ter um<br />

custo superior e provocar mais tempo de<br />

imobilização do veículo, o que não<br />

convém a ninguém.<br />

Em termos práticos, cada caso é um caso<br />

e o fundamental é o facto da oficina e o<br />

perito chegarem a um acordo quanto à<br />

melhor opção para cada caso concreto. A<br />

nós, perito e reparador, só interessa uma<br />

solução, independentemente de qual<br />

seja, que sirva o nosso patrocinador, que<br />

é também a que serve melhor o lesado. A<br />

convergência e o respeito que devem<br />

existir entre peritos e reparadores, tanto<br />

em relação aos custos de reparação,<br />

quanto no que toca à qualidade final da<br />

mesma, permitem encontrar sempre a<br />

solução ideal, sob a óptica da satisfação<br />

do cliente e da evolução permanente da<br />

actividade de colisão, que é o nosso<br />

objectivo comum.<br />

O que tem sido feito pelos peritos<br />

de seguros automóvel para<br />

aumentarem a qualidade de<br />

serviço prestado às seguradoras e<br />

também às oficinas?<br />

A preparação dos peritos tem evoluído<br />

através da formação específica e de uma<br />

nova compreensão da sua função, que<br />

visa conseguir aquilo que é essencial para<br />

os sectores envolvidos, segurador e<br />

reparador, no sentido da redução dos<br />

custos e tempos de reparação, por um<br />

lado, bem como, da garantia de qualidade<br />

<strong>das</strong> intervenções, por outro lado. Esse<br />

objectivo favorece simultaneamente a<br />

rentabilidade e a sustentabilidade <strong>das</strong><br />

oficinas e <strong>das</strong> empresas seguradoras,<br />

através da maior procura por parte dos<br />

utilizadores de veículos, economias de<br />

escala e produtividade do trabalho. A<br />

convergência entre reparadores e peritos<br />

tem sido facilitada pelo grau mais elevado<br />

de formação técnica e profissional dos<br />

primeiros, que facilita a discussão dos<br />

parâmetros da avaliação dos danos e a<br />

convergência quanto a soluções em<br />

conjunto com os peritos, cuja actividade é<br />

cada vez mais apoiada por programas<br />

informáticos de eficácia assegurada.<br />

Quais os tipos de fraudes mais<br />

comuns detecta<strong>das</strong> pelos peritos<br />

nos sinistros automóvel?<br />

Este assunto <strong>das</strong> fraudes com seguros é<br />

um tema extremamente delicado, porque<br />

envolve muitos milhões de euros e afecta<br />

empresas e consumidores da mesma<br />

forma. Posso adiantar a este respeito que<br />

5% da nossa actividade como peritos<br />

incide em casos de fraude. Infelizmente,<br />

os casos que não são detectados ainda<br />

são inúmeros e a situação deve piorar<br />

com a actual situação económica, que<br />

aguça a imaginação e potencia a ousadia<br />

dos infractores, que sabem tanto ou mais<br />

de automóveis que os peritos.<br />

O fenómeno da fraude com seguros tem<br />

que ser combatido por todos os que<br />

lidam de alguma forma com os<br />

automóveis, especialmente as oficinas de<br />

reparação, cujo papel pode ser decisivo<br />

em muitos casos para aclarar situações<br />

forja<strong>das</strong> com o intuito de obter vantagens<br />

ilícitas.<br />

Qual pensa que deve ser o modelo de<br />

negócio a seguir pelas oficinas de<br />

repintura automóvel?<br />

Não sendo especialista na área da<br />

reparação automóvel, posso no entanto<br />

adiantar algumas ideias sobre o assunto<br />

dos centros de colisão, fruto da<br />

experiência diária que temos com o<br />

sector reparador. A primeira ideia que<br />

gostaria de deixar é a de que não há<br />

modelos únicos de sucesso, podendo este<br />

ser alcançado de diversas formas. Há<br />

oficinas especializa<strong>das</strong> em repintura que<br />

fazem o trabalho de chapa fora, outras<br />

sub contratam os serviços de mecânica e<br />

também há as oficinas completas, que<br />

realizam to<strong>das</strong> as fases da intervenção<br />

dentro de portas. Como é evidente, cada<br />

opção tem as suas vantagens e<br />

desvantagens, restando saber até que<br />

ponto as vantagens compensam as<br />

desvantagens, porque isso ditará o grau<br />

de sucesso do negócio.<br />

O fundamental é haver eficiência e<br />

qualidade em cada fase do processo de<br />

reparação do veículo, fruto de<br />

conhecimentos e habilitações<br />

profissionais adequados e de meios de<br />

intervenção e tecnologias actuais. O<br />

modelo de negócio definido em cada<br />

caso deve ter estes objectivos em<br />

perspectiva, independentemente <strong>das</strong><br />

questões de investimentos, sinergias,<br />

estrutura de pessoal e sistemas de gestão,<br />

que são variáveis.

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