10.07.2015 Views

Édipo, um rapaz de Lisboa - Fonoteca Municipal de Lisboa

Édipo, um rapaz de Lisboa - Fonoteca Municipal de Lisboa

Édipo, um rapaz de Lisboa - Fonoteca Municipal de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

LivrosChe Guevarae Fi<strong>de</strong>l Castro:o regimedos “barbudos”não toleravaa homossexualida<strong>de</strong>Reinaldo Arenasnão mendigoua vidaAFPFoi a voz literária mais incómoda do regime <strong>de</strong> Fi<strong>de</strong>l Castro. Torturado e h<strong>um</strong>ilhadonas prisões cubanas, o Governo acabou por <strong>de</strong>ixá-lo sair da ilha por ser homossexual.Suicidou-se em 1990 <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terminar a autobiografia. Agora que por cá foi reeditado o se<strong>um</strong>elhor romance, “O Mundo Alucinante”, Reinaldo Arenas volta à vida. José Riço DireitinhoO escritor cubano Reinaldo Arenas(1943-1990) viveu o necessário paraacabar o conjunto <strong>de</strong> livros que ambicionava,essa “vingança contra quasetodo o género h<strong>um</strong>ano”, como ele próprioreferiu na autobiografia “AntesQue Anoiteça” (ASA, 1993), terminadaalguns dias antes <strong>de</strong> ter cometido suicídioem Nova Iorque, doente terminal<strong>de</strong> sida. Mas não viveu o suficiente parasaber do crescente reconhecimentointernacional que tem sido dispensadoà sua obra, sobretudo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> a autobiografiater sido adaptada ao cinemaem 2000, n<strong>um</strong> filme realizado por JulianSchnabel e protagonizado por JavierBar<strong>de</strong>m.Arenas nasceu n<strong>um</strong>a família <strong>de</strong> camponesespobres, n<strong>um</strong> lugar perdido“entre matagais e colinas”, e cresceun<strong>um</strong> mundo povoado <strong>de</strong> mulheresabandonadas. O pai <strong>de</strong>saparecera poucotempo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter casado e <strong>de</strong> terengravidado a mãe, o que fez com queesta voltasse para casa dos pais, on<strong>de</strong>várias irmãs já tinham ido parar <strong>de</strong>pois<strong>de</strong> terem sido igualmente abandonadaspelos maridos ou engravidadas pelosnamorados. O único homem da casaera o avô, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>um</strong> tio solteirão seter enforcado. Em “Antes Que Anoiteça”Arenas recorda esses primeirostempos da infância sem nostalgias nemauto-complacência: “O primeiro sabor<strong>de</strong> que me lembro é o sabor da terra(…). Era <strong>um</strong> menino magro, mas com<strong>um</strong>a barriga muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido àslombrigas que me tinham crescido noestômago por comer tanta terra (…).Isso <strong>de</strong> comer terra não tem nada <strong>de</strong>literário nem <strong>de</strong> sensacional; no campo,todos os <strong>rapaz</strong>es faziam isso; nãopertence à categoria do realismo mágico,nem nada que se pareça”.Na autobiografia, fala abertamente© SOPHIE BASSOULS/SYGMA/CORBIS“A maior parteda nossa juventu<strong>de</strong>per<strong>de</strong>u-se a cortarcana-<strong>de</strong>-açúcar,em guardas inúteis,a assistir a discursosinfinitos, on<strong>de</strong> serepetia semprea mesma cantiga,a tentar enganaras leis repressivas”ReinaldoArenasfotografadoem Paris em1986, o ano emque soube quetinha sida30 • Sexta-feira 19 Fevereiro 2010 • Ípsilon

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!