/u~aluIrn Manuel de Macedo - rio.rj.gov.br

- E demais!. . . exclamou.- Senta-te e ouve, tornou-lhe Maria com voz imperiosa.Ange~o sentou-se.- Deixei-te naquele quarto, porque me convinha que na"o te vissemhoje em minha casa: muito me serviste hoje; mas se te encontrassemaqui, na"o poderias servir-me amanha"; pois adivinhariam em ti o amigo, queha tempo me pds ao fato de quanto se passou no paitio do convent0 daAjuda.AngeIo curvou a cabeqa e disse:- Entendo: pensaste bem em ti mesma, zelando o teu espigo.Maria encrespou os supercilios, e falou em tom severo:- Tens vinte e sete anos, AngeIo, e aos vinte e cinco, na idadeem que o homem deve assumir uma posi~go na sociedade, eras o filho mimosode pais sem fortuna, um pobre moqo sem oficio, sem habito do trabalho,e portanto um condenado As provaq6es dos desvalidos; eu te encontrei, tedistingui, e te amei porque eras e 6s belo; fiz por ti o que teus pais nb poderiamfazer.- Mas eu tambem te amei, Marial-/- E o amor e fog0 que se apaga.. .- 0 teu. . .- Pois seja assim, o meu: arrefecido o meu amor, nem por issote faltou minha proteqa"~; de amante furtiva ou ma1 encoberta, eu me torneitua amiga manifesta; dei-te um emprego que te assegwa posiqb mediocre,mas suficiente para a vida do homem modesto, e na"o poupei nem poupo favoresque te facilitem aparhcias de abastanqa que n b possuis.- Lanqas-me em rosto os benef icios, Maria?- Ngo; somente lembro os fundamentos da gratidzo que tenhoexigido e exijo ainda.- E poderias julgar-me ingrato?- Tambkm ni5o: ainda precisas muito de m im para que tzo cedome voltasses as costas. Lembrei-te o casamento com a filha mais nova do negocianteJerdnimo, que te tornaria esposo de uma linda mop e herdeira degrande fortuna. ..- Inspiraqgo do ciume. ..- Ja o neguei? 5 certo, inspiraqa"~do ciume; mas inspiraqb quete pode aproveitar; prometi auxiliar-te neste empenho, e sabes que o tenhofeito; que mais quererias que fizesse por ti a amante de dois anos, que saciadado teu amor, hoje faz muito ainda, amparando-te, protegendo-te com asua amizade?- Tua franqueza 6 cruel e desalmada!. . .- Que importa? Eu sou melhor do que as que fingem e mentem;eu ngo te devo nada, Angelo; porque paguei-te o que me deste; e tu me de-I t