75Ambulância ferroviária postal E3, acervo iconográfico da FPC.Máquinas e cunhos32.690.000$00Utensílios postais2.590.500$00Temos aqui um total de 348.172.000$00, ou seja, a usar-se nessetempo a moeda que temos hoje, 1.740.860,00 euros. Façamos a correcçãomonetária e veremos o seu valor actual, para além do valor queo tempo vai acrescentando às peças únicas.Sendo o acervo do Sector Postal constituído em larga medida porpeças que exerceram as suas funções no trabalho dos CTT, a suamanutenção revela-se relativamente facilitada. Não há aqui a exigênciade ambientes artificiais, considerando índices de luz, calor, humidade,etc., que preocupam os conservadores de outras áreas e obrigam aarquitecturas complica<strong>das</strong> devido à fragilidade ou exotismo <strong>das</strong> peças,ou mesmo ao seu cariz de bens transaccionáveis nos mercados daarte ou outros.Esta <strong>mais</strong>-valia, no entanto, não dispensa a existência de salas earquivos amplos e constantemente limpos e arejados, em que aspeças sejam encara<strong>das</strong> com a dignidade que merecem, nunca comose de objectos armazenados se tratasse.As colecções de sinalização, mobiliário, receptáculos postais, transportes,pesos e medi<strong>das</strong>, máquinas e cunhos, e utensílios postais, tirandoalguma situação especial, por exemplo, no caso de mobiliário, sãoconstituí<strong>das</strong> por peças provenientes dos locais de trabalho onde foramusa<strong>das</strong> no labor normal dos funcionários dos CTT; que cuidados devemmerecer? Aqueles a que no seu tempo útil estavam habitua<strong>das</strong> areceber, isto é, limpeza escrupulosa e manuseamento cauteloso quantobaste, num ambiente natural e desafogado.Peças como a ambulância de via larga estacionada na estação da CPde Alcântara-Terra e a de via estreita estacionada na Secção Museológicada CP em Macinhata do Vouga, obrigam a inspecções periódicaspara além da manutenção regular, e exigem evidentemente instalaçõesadequa<strong>das</strong> em espaços do próprio Museu.Tudo o que tem motor de combustão, como é o caso <strong>das</strong> auto-ambulânciasBorgward e OM, os ciclomotores e motociclos, impõe a manutençãonormal dos veículos por técnicos da especialidade, que entendamtanto de carburadores como de pneus.Na colecção de pesos e medi<strong>das</strong>, os relógios, por exemplo, obrigam acuidados específicos, como sejam a exigência de corda por vezes quotidiana,e a lubrificação e limpeza por relojoeiros.De maneira geral, podemos entender que o acervo de um museu comoé o Museu dos CTT, que alia características de museu técnico às demuseus de outras áreas, obriga o seu pessoal a uma posição muito especiale atenta, quer ao tratamento <strong>das</strong> peças quer ao desenvolvimentoque pode advir da prospecção do mercado, com vista a eventuaisaquisições que venham complementar ou completar as colecções,que já são muito ricas mas, como é lógico, dificilmente acaba<strong>das</strong>.Os Correios sempre tiveram uma importância económica e social ímparna história de Portugal. O Museu dos CTT nasceu e evoluíu sob a tutelado Estado. Como qualquer outro museu do Estado, por imperativodo papel desempenhado pelos Correios ao serviço do País duranteséculos, não se entende a inexistência de um museu especificamentededicado à memória da missão que lhes esteve confiada.Impõe-se a existência de tal museu instalado de raiz com to<strong>das</strong> as condiçõesactuais propiciatórias <strong>das</strong> funções inerentes aos museus, instituiçõesculturais que espelham a vida de um país pertencente à culturaocidental, o qual desbravou o mundo e deve recordar-se do seupassado no seu presente.
76Júlia Saldanha | Licenciada em História (UC). Arquivista (UC).António Rodrigues da Luz CorreiaUm percurso singular, 1925-2008escultura de Luz Correia, acervo da FPC.In memoriam«Uns têm uma personalidade <strong>mais</strong> espacial, outros uma personalidade<strong>mais</strong> temporal.Estaria aqui a distinção entre heróis e artistas?»Novalis, FragmentosÉcom este tipo de inquietações que iniciamos a tentativa de abordagemà personalidade de Luz Correia, patente no seu percursoprofissional, e os múltiplos e diversificados testemunhos que deixou.Detentor de uma carácter forte, muitas vezes polémico, Luz Correiaé simultaneamente tímido e modesto na sua afirmação artística, provavelmentefruto da sua dupla formação científica e artística.Entre a psicologia, a escultura e a medalhística, todos estes mundosfor<strong>mais</strong> foram utilizados, por vezes simultaneamente para preenchero seu espírito de «fazedor», na acepção borgeana do termo.Dir-se-ia que o Luz Correia que alguns de nós tivemos o privilégio deconhecer na sua multiplicidade artística atravessa o universo dicotómicodo século XX e as caóticas incertezas dos primeiros anos doséculo XXI, tentando interpretar sob uma luz muito própria o mundoe o os seus contemporâneos, legando a todos nós os testemunhosda suas inquietações.Ferro, bronze, vidro, quais elementos da pedra filosofal, são os materiaisde eleição, na sua expressão artística, que com mestria trabalhadesde a medalha de dimensões reduzi<strong>das</strong> à arte urbana de grandevolumetria.Poderemos afirmar sem sombra de dúvida que durante o seu percursode vida tentou aproximar-se com algum êxito a «sabedoria», no sentidoalquímico do conceito.BiografiaOriundo de uma classe média do Portugal do século XX descapitalizadoe com crises políticas constantes, enfrentou as dificuldades económicasda grande maioria da população, colmata<strong>das</strong> por um tipo de instituiçõesque os impérios coloniais tecem, as militares e para-militares.Luz Correia não fugiu à regra e entre 1937 e 1968 adquire a sua formação,frequentando durante dez anos o Instituto dos Pupilos do Exército,e cumpre a sua vocação na Escola de Belas-Artes do Porto, concluindoo curso de Escultura.O pedagogo. Ensinar brincando«A criança é sempre um mundo por conhecer.»Luz Correia, GaratujasNum dos seus primeiros cruzamentos de vida, Luz Correia ao ingressarna Escola Industrial da Póvoa do Varzim, revelou de imediato a suasensibilidade e espírito artístico inovador ao fundar em 1951 o CentroArtístico Infantil, CAI, para aí observar o que as crianças entre os 10e 14 anos pintavam e «ensinar brincando». Mais tarde promove umaexposição destes trabalhos na Póvoa do Varzim.Como bolseiro do SNI, promove a exposição «O que é arte infantil»,largamente noticiada na imprensa da época.Ele próprio relata este período:«Em 53-54, ... obtive uma bolsa da Administração <strong>das</strong> Minas do Pejão,onde estagiei 6 meses. Consegui que os mineiros dos 20 aos 60 anosdesenhassem e pintassem. Para além do documentário fotográfico,teve lugar uma grande Exposição do SNI «Arte de Crianças e Adultos»,que obteve assinalável êxito, na comunicação social e no público.» 1A esta exposição largamente ilustrada no magazine O Século Ilustrado,refere-se o filósofo e pedagogo Delfim Santos: «... documenta pro-
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