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Saber mais - versão digital - Fundação Portuguesa das ...

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76Júlia Saldanha | Licenciada em História (UC). Arquivista (UC).António Rodrigues da Luz CorreiaUm percurso singular, 1925-2008escultura de Luz Correia, acervo da FPC.In memoriam«Uns têm uma personalidade <strong>mais</strong> espacial, outros uma personalidade<strong>mais</strong> temporal.Estaria aqui a distinção entre heróis e artistas?»Novalis, FragmentosÉcom este tipo de inquietações que iniciamos a tentativa de abordagemà personalidade de Luz Correia, patente no seu percursoprofissional, e os múltiplos e diversificados testemunhos que deixou.Detentor de uma carácter forte, muitas vezes polémico, Luz Correiaé simultaneamente tímido e modesto na sua afirmação artística, provavelmentefruto da sua dupla formação científica e artística.Entre a psicologia, a escultura e a medalhística, todos estes mundosfor<strong>mais</strong> foram utilizados, por vezes simultaneamente para preenchero seu espírito de «fazedor», na acepção borgeana do termo.Dir-se-ia que o Luz Correia que alguns de nós tivemos o privilégio deconhecer na sua multiplicidade artística atravessa o universo dicotómicodo século XX e as caóticas incertezas dos primeiros anos doséculo XXI, tentando interpretar sob uma luz muito própria o mundoe o os seus contemporâneos, legando a todos nós os testemunhosda suas inquietações.Ferro, bronze, vidro, quais elementos da pedra filosofal, são os materiaisde eleição, na sua expressão artística, que com mestria trabalhadesde a medalha de dimensões reduzi<strong>das</strong> à arte urbana de grandevolumetria.Poderemos afirmar sem sombra de dúvida que durante o seu percursode vida tentou aproximar-se com algum êxito a «sabedoria», no sentidoalquímico do conceito.BiografiaOriundo de uma classe média do Portugal do século XX descapitalizadoe com crises políticas constantes, enfrentou as dificuldades económicasda grande maioria da população, colmata<strong>das</strong> por um tipo de instituiçõesque os impérios coloniais tecem, as militares e para-militares.Luz Correia não fugiu à regra e entre 1937 e 1968 adquire a sua formação,frequentando durante dez anos o Instituto dos Pupilos do Exército,e cumpre a sua vocação na Escola de Belas-Artes do Porto, concluindoo curso de Escultura.O pedagogo. Ensinar brincando«A criança é sempre um mundo por conhecer.»Luz Correia, GaratujasNum dos seus primeiros cruzamentos de vida, Luz Correia ao ingressarna Escola Industrial da Póvoa do Varzim, revelou de imediato a suasensibilidade e espírito artístico inovador ao fundar em 1951 o CentroArtístico Infantil, CAI, para aí observar o que as crianças entre os 10e 14 anos pintavam e «ensinar brincando». Mais tarde promove umaexposição destes trabalhos na Póvoa do Varzim.Como bolseiro do SNI, promove a exposição «O que é arte infantil»,largamente noticiada na imprensa da época.Ele próprio relata este período:«Em 53-54, ... obtive uma bolsa da Administração <strong>das</strong> Minas do Pejão,onde estagiei 6 meses. Consegui que os mineiros dos 20 aos 60 anosdesenhassem e pintassem. Para além do documentário fotográfico,teve lugar uma grande Exposição do SNI «Arte de Crianças e Adultos»,que obteve assinalável êxito, na comunicação social e no público.» 1A esta exposição largamente ilustrada no magazine O Século Ilustrado,refere-se o filósofo e pedagogo Delfim Santos: «... documenta pro-

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