81escultura de Luz Correia, acervo da FPC.«Luz Correia é um autodidacta e, como tal, sofre as consequências positivase porventura negativas dessa situação.Espírito de uma aguçada sensibilidade, aberto ao estudo e investigação,debruçou-se sempre com grande interesse sobre a psicologia infantile por uma <strong>das</strong> suas formas <strong>mais</strong> expressivas: as suas manifestaçõesgráficas. ... Luz Correia é, pode dizer-se, uma personalidade rara na épocapresente... Tem feito e conseguido uma formação instrutiva muitovasta, não deixa de sofrer a acção, às vezes benéfica, duma independênciana forma de pensar.O trabalho do Sr. Luz Correia, refere, sem dúvida, um interessanteaspecto <strong>das</strong> manifestações exteriorizáveis da psicologia infantil». 4O artista«O que é um atlas para nós, Borges?Um pretexto para entretecer na urdidura do tempo os nossos sonhos,feitos da alma do mundo.»Jorge Luís Borges, AtlasDigamos que, na magnífica metáfora de Borges, a actividade artísticade Luz Correia preencheu de um modo indelével o espaço que lheera reservado.A par <strong>das</strong> suas funções nos CTT, Luz Correia desenvolve a sua criatividadeartística entre medalhas comemorativas, esculturas e arte urbana,revelando a sua versatilidade plástica, onde o bronze, o ferro e ovidro são normalmente a sua matéria-prima, condensando de formamagistral a sua formação científico-tecnológica a uma sensibilidadeúnica.A personalidade multifacetada de Luz Correia é reflectida de umaforma constante durante todo o seu percurso artístico entre 1967 e 2005,desde as concepções de objectos comemorativos nos CTT, Caixa Geralde Depósitos, Metropolitano de Lisboa, Diário de Notícias, Institutodos Pupilos do Exército, Siemens, Cimpor, Regiões Autónomas dosAçores e Madeira até à estreita colaboração com as Câmaras Municipaisda Amadora, Damaia, Loures, Cal<strong>das</strong> da Rainha, Seixal e Tondela,entre outras, legando um espólio artístico de centenas de peças.Entre exposições colectivas, concursos oficiais e convites para a execuçãode obras, Luz Correia concebeu e executou inúmeras peçasque foram objecto de reconhecimento público, como o demonstramos prémios recebidos: em 1967, 1 o Prémio de Artes Plásticas na Queima<strong>das</strong> Fitas, em Coimbra; em 1968, Prémio do V Salão de Arte Moderna,no Estoril; em 1973, Medalha de Prata do VI Salão de Arte Moderna,no Estoril; em 1978, 1 o Prémio do Troféu da Caixa Geral de Depósitos.Não sendo objectivo desta memória fazer uma biografia artística, quecom toda a justiça deverá ser realizada, propomo-nos realçar os trabalhosque consideramos <strong>mais</strong> emblemáticos da criatividade de LuzCorreia.Na escultura, Luz Correia, ao seleccionar preferencialmente o vidro,o bronze e o ferro, matérias-primas primordiais, revela uma procuraconsciente de captar o «essencial da vida e do mundo», no sentidofilosófico e universal.O troféu que concebeu em 1989 para comemorar as Bo<strong>das</strong> de Ourodos Finalistas de 1939 do Instituto dos Pupilos do Exército, onde se incluio autor, revela magistralmente este princípio: «Constituída por umacavilha de bronze e lâminas de vidro, meio cristal, como o desenho mostraum movimento helicoidal, quer representar o próprio ciclo davida».Também este movimento está presente no monumento ao Emigrantede Tondela inaugurado em 1994, que realiza em colaboração com oProf. Joaquim Machado, e onde grandes colunas helicoidais mate-
82rializam o «desenrolar da vida» que, de forma singularmente simples,Luz Correia caracteriza: «é a Humanidade que está aqui representada».5O monumento aos Combatentes do Ultramar, em 2003, simbolizadopor uma grande coluna, será o último testemunho de Luz Correia emterras beirãs.A diversidade e o número de peças que concebe, em função quer deconcursos, quer de convites da sua própria empresa, os CTT, ou deoutras instituições públicas ou priva<strong>das</strong>, demonstram uma atenção eanálise muito particular ao mundo que o rodeia, procurando sempretraduzir num estilo muito próprio a mensagem pretendida.Notável é a sua versatilidade na dimensão e volumetria <strong>das</strong> peçasque concebe, variando entre um pisa-papéis e um monumento público,o que demonstra um nível de mestria fora do comum.É assim que Luz Correia é considerado um dos nossos melhores medalhistas,e internacionalmente esteve presente nas principais manifestações.Foi membro da FIDEM, Federação Internacional da Medalha, quereúne escultores e artistas de todo o mundo, com trabalhos na áreada medalhística, promovendo desde 1937 congressos de dois em doisanos, sendo Luz Correia um artista habitual destas exposições desde1987.Recentemente, em 2004, o Seixal foi palco do XXVI Congresso daFIDEM, onde Luz Correia esteve representado e, em 2005, a CâmaraMunicipal promoveu igualmente a IV Bienal Internacional da MedalhaContemporânea, onde, para além de figurar entre os artistas, LuzCorreia foi homenageado por António Nogueira, que lhe dedicou umamedalha comemorativa do seu 80 o aniversário.Neste certame, foi distinguido de forma especial pelo Júri da IV Bienal,que passamos a citar: «O Júri... deliberou distinguir o professor escultorJoaquim Correia e o escultor Luz Correia pela qualidade artística quese tem traduzido numa constante criatividade de que têm dado mostraspela sua tenacidade e coerência profissional.» 6Ambos prestigiam a classe dos escultores medalhistas portugueses».
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