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edição de 28 de novembro de 2016

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mkt<br />

MFIlustra<br />

Como é bonito<br />

o Paraguai...<br />

“Deus é injusto, pois criou sérios<br />

limites à inteligência dos homens,<br />

mas nenhuma à sua burrice”.<br />

Konrad A<strong>de</strong>nauer<br />

FRANCISCO AlbeRtO MAdIA <strong>de</strong> SOuzA<br />

Voltamos a ouvir a música, lembra? Se<br />

você tem menos <strong>de</strong> 50 não <strong>de</strong>ve se lembrar:<br />

“Don<strong>de</strong> estas ahora cuñatai, Que tu<br />

suave canto no llega a mi, Don<strong>de</strong> estas ahora?<br />

Mi ser te añora com frenesi...”.<br />

No início eram as sacoleiras que atravessavam<br />

a ponte. Iam e voltavam carregadas<br />

<strong>de</strong> tranqueiras. Muitas assaltadas nas madrugadas<br />

dos ônibus carregados <strong>de</strong> muamba.<br />

Agora são os industriais sacoleiros. Que<br />

em suas sacolas levam fábricas completas.<br />

Produzem lá e ven<strong>de</strong>m aqui, legalmente.<br />

Mais e melhor. Não tão ótimo como as indústrias<br />

<strong>de</strong> cigarro, que pertencem ao presi<strong>de</strong>nte<br />

daquele país e caminham para <strong>de</strong>ter<br />

50% <strong>de</strong> todo o consumo <strong>de</strong> cigarro do Brasil,<br />

via contrabando. Mas esse é outro assunto.<br />

O fato é que o parque industrial brasileiro,<br />

nesse ritmo, brevemente se mudará para<br />

o Paraguai. Dentre as infinitas, irresistíveis<br />

e irrefutáveis razões, o <strong>de</strong>poimento do empresário<br />

Zenildo Costa, que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ver<br />

falir sua fábrica <strong>de</strong> aventais <strong>de</strong>scartáveis no<br />

Brasil, mudou-se e prospera no país vizinho:<br />

“Se fosse no Brasil, a energia elétrica custaria<br />

70% mais caro, o funcionário custaria<br />

o dobro e a matéria-prima estaria pagando<br />

35% <strong>de</strong> impostos para importar da China”.<br />

O melhor mo<strong>de</strong>lo Parasil ou Brasilguai,<br />

segundo Sarah Saldanha, gerente <strong>de</strong> internacionalização<br />

da CNI (Confe<strong>de</strong>ração Nacional<br />

da Indústria), é a Integração Produtiva.<br />

“As empresas brasileiras têm encontrado no<br />

Paraguai uma ambiência interessante para<br />

<strong>de</strong>senvolver a Integração Produtiva, ou seja,<br />

manter suas operações no Brasil e fortalecer<br />

essas operações no que diz respeito ao <strong>de</strong>sign,<br />

inteligência do processo produtivo, e<br />

produzir, finalizar o produto no Paraguai”.<br />

E, claro, ven<strong>de</strong>r on<strong>de</strong> existe mercado: o<br />

Brasil! Não é ultramegassuperbrite inteligente?<br />

Só nós que não acordamos... Em to-<br />

das as palestras que faço pelo Brasil sobre<br />

branding, logo no início, exibo em um sli<strong>de</strong><br />

50 das marcas mais respeitadas em todo o<br />

país. Dou um tempo e pergunto, “<strong>de</strong>ntre todas<br />

essas marcas, qual mexeu mais com vocês?”.<br />

E todos os presentes, com raríssimas<br />

exceções, urram: Estrela!<br />

Pois é, dia <strong>de</strong>sses, na Folha, Carlos Tilkian,<br />

controlador e presi<strong>de</strong>nte da Estrela,<br />

anunciou que parte da empresa está se mudando<br />

para o Paraguai. “O Brasil nunca teve<br />

política <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento industrial...<br />

e tem uma legislação trabalhista feita por<br />

Getúlio Vargas, que só agora o governo consi<strong>de</strong>ra<br />

alguma mudança... Por isso fomos à<br />

China... Por isso vamos para o Paraguai.”<br />

Como se não fosse suficiente, no mês <strong>de</strong><br />

outubro <strong>de</strong> <strong>2016</strong>, o governo do Paraguai publicou<br />

um anúncio nos principais jornais<br />

brasileiros conclamando nossos industriais<br />

a se mudarem para lá. Aqui, do lado, a pouco<br />

menos <strong>de</strong> duas horas <strong>de</strong> avião, com todas as<br />

vantagens mais que óbvias em economias<br />

mo<strong>de</strong>rnas e competitivas, e com nenhuma<br />

das <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> economias retrógradas,<br />

emboloradas e corrompidas como a<br />

brasileira. Melhor ainda, com um dos maiores<br />

mercados do mundo, vizinho, à inteira<br />

disposição, Brasil!<br />

Pergunta que não quer calar: por que<br />

ainda as indústrias brasileiras resistem em<br />

permanecer por aqui? Por inércia, a única<br />

resposta possível e consistente. No passado,<br />

pelas características e cultura <strong>de</strong> fabricação,<br />

mudar-se uma indústria levava anos. Hoje<br />

se muda uma indústria <strong>de</strong> automóveis, por<br />

exemplo, em meses; e logo <strong>de</strong>pois começa-<br />

-se a produzir no novo local.<br />

Isso posto, ou reinventamos o Brasil agora,<br />

ou é melhor nos acostumarmos <strong>de</strong>finitivamente<br />

com guaranias e voltarmos a beber<br />

a cachaça paraguaia Aristocrata... “Uma noche<br />

tíbia nos conocimos, junto al lado azul<br />

<strong>de</strong> Ypacarai...”.<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

famadia@madiamm.com.br<br />

20 <strong>28</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark

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