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MFIlustra<br />
Como é bonito<br />
o Paraguai...<br />
“Deus é injusto, pois criou sérios<br />
limites à inteligência dos homens,<br />
mas nenhuma à sua burrice”.<br />
Konrad A<strong>de</strong>nauer<br />
FRANCISCO AlbeRtO MAdIA <strong>de</strong> SOuzA<br />
Voltamos a ouvir a música, lembra? Se<br />
você tem menos <strong>de</strong> 50 não <strong>de</strong>ve se lembrar:<br />
“Don<strong>de</strong> estas ahora cuñatai, Que tu<br />
suave canto no llega a mi, Don<strong>de</strong> estas ahora?<br />
Mi ser te añora com frenesi...”.<br />
No início eram as sacoleiras que atravessavam<br />
a ponte. Iam e voltavam carregadas<br />
<strong>de</strong> tranqueiras. Muitas assaltadas nas madrugadas<br />
dos ônibus carregados <strong>de</strong> muamba.<br />
Agora são os industriais sacoleiros. Que<br />
em suas sacolas levam fábricas completas.<br />
Produzem lá e ven<strong>de</strong>m aqui, legalmente.<br />
Mais e melhor. Não tão ótimo como as indústrias<br />
<strong>de</strong> cigarro, que pertencem ao presi<strong>de</strong>nte<br />
daquele país e caminham para <strong>de</strong>ter<br />
50% <strong>de</strong> todo o consumo <strong>de</strong> cigarro do Brasil,<br />
via contrabando. Mas esse é outro assunto.<br />
O fato é que o parque industrial brasileiro,<br />
nesse ritmo, brevemente se mudará para<br />
o Paraguai. Dentre as infinitas, irresistíveis<br />
e irrefutáveis razões, o <strong>de</strong>poimento do empresário<br />
Zenildo Costa, que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ver<br />
falir sua fábrica <strong>de</strong> aventais <strong>de</strong>scartáveis no<br />
Brasil, mudou-se e prospera no país vizinho:<br />
“Se fosse no Brasil, a energia elétrica custaria<br />
70% mais caro, o funcionário custaria<br />
o dobro e a matéria-prima estaria pagando<br />
35% <strong>de</strong> impostos para importar da China”.<br />
O melhor mo<strong>de</strong>lo Parasil ou Brasilguai,<br />
segundo Sarah Saldanha, gerente <strong>de</strong> internacionalização<br />
da CNI (Confe<strong>de</strong>ração Nacional<br />
da Indústria), é a Integração Produtiva.<br />
“As empresas brasileiras têm encontrado no<br />
Paraguai uma ambiência interessante para<br />
<strong>de</strong>senvolver a Integração Produtiva, ou seja,<br />
manter suas operações no Brasil e fortalecer<br />
essas operações no que diz respeito ao <strong>de</strong>sign,<br />
inteligência do processo produtivo, e<br />
produzir, finalizar o produto no Paraguai”.<br />
E, claro, ven<strong>de</strong>r on<strong>de</strong> existe mercado: o<br />
Brasil! Não é ultramegassuperbrite inteligente?<br />
Só nós que não acordamos... Em to-<br />
das as palestras que faço pelo Brasil sobre<br />
branding, logo no início, exibo em um sli<strong>de</strong><br />
50 das marcas mais respeitadas em todo o<br />
país. Dou um tempo e pergunto, “<strong>de</strong>ntre todas<br />
essas marcas, qual mexeu mais com vocês?”.<br />
E todos os presentes, com raríssimas<br />
exceções, urram: Estrela!<br />
Pois é, dia <strong>de</strong>sses, na Folha, Carlos Tilkian,<br />
controlador e presi<strong>de</strong>nte da Estrela,<br />
anunciou que parte da empresa está se mudando<br />
para o Paraguai. “O Brasil nunca teve<br />
política <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento industrial...<br />
e tem uma legislação trabalhista feita por<br />
Getúlio Vargas, que só agora o governo consi<strong>de</strong>ra<br />
alguma mudança... Por isso fomos à<br />
China... Por isso vamos para o Paraguai.”<br />
Como se não fosse suficiente, no mês <strong>de</strong><br />
outubro <strong>de</strong> <strong>2016</strong>, o governo do Paraguai publicou<br />
um anúncio nos principais jornais<br />
brasileiros conclamando nossos industriais<br />
a se mudarem para lá. Aqui, do lado, a pouco<br />
menos <strong>de</strong> duas horas <strong>de</strong> avião, com todas as<br />
vantagens mais que óbvias em economias<br />
mo<strong>de</strong>rnas e competitivas, e com nenhuma<br />
das <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> economias retrógradas,<br />
emboloradas e corrompidas como a<br />
brasileira. Melhor ainda, com um dos maiores<br />
mercados do mundo, vizinho, à inteira<br />
disposição, Brasil!<br />
Pergunta que não quer calar: por que<br />
ainda as indústrias brasileiras resistem em<br />
permanecer por aqui? Por inércia, a única<br />
resposta possível e consistente. No passado,<br />
pelas características e cultura <strong>de</strong> fabricação,<br />
mudar-se uma indústria levava anos. Hoje<br />
se muda uma indústria <strong>de</strong> automóveis, por<br />
exemplo, em meses; e logo <strong>de</strong>pois começa-<br />
-se a produzir no novo local.<br />
Isso posto, ou reinventamos o Brasil agora,<br />
ou é melhor nos acostumarmos <strong>de</strong>finitivamente<br />
com guaranias e voltarmos a beber<br />
a cachaça paraguaia Aristocrata... “Uma noche<br />
tíbia nos conocimos, junto al lado azul<br />
<strong>de</strong> Ypacarai...”.<br />
Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />
é consultor <strong>de</strong> marketing<br />
famadia@madiamm.com.br<br />
20 <strong>28</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark