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agências<br />
Marcas bem-sucedidas emocionam<br />
e conquistam conexão com público<br />
Em entrevista exclusiva para o PROPMARK, Gordon Bowen, cofundador<br />
da mcgarrybowen, afirma que anunciantes precisam achar um propósito<br />
BÁRBARA BARBOSA<br />
Gordon Bowen é um ícone<br />
da publicida<strong>de</strong> americana<br />
e, por isso, fala com proprieda<strong>de</strong><br />
sobre o que torna uma<br />
marca icônica: a essência,<br />
o coração, o propósito <strong>de</strong>la.<br />
Em 2002, ao lado dos então<br />
sócios Stewart Owen e John<br />
McGarry, o executivo fundou<br />
a mcgarrybowen, em Nova<br />
York. Hoje a agência faz parte<br />
do Dentsu Aegis Network<br />
e tem mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z escritórios,<br />
incluindo um em São Paulo,<br />
inaugurado em 2014. Na ocasião,<br />
o executivo esteve no<br />
país e, agora, em nova visita,<br />
conversou com exclusivida<strong>de</strong><br />
com o PROPMARK.<br />
O encontro foi na capital<br />
paulista, logo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Bowen<br />
ter voltado do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro. Ele estava animado<br />
com a viagem, que o ajudou<br />
a resumir por que investe no<br />
país. “O Brasil é um país criativo,<br />
gran<strong>de</strong>, com muitos recursos<br />
naturais e pessoas muito<br />
otimistas, que são trabalhadoras<br />
e também muito criativas.<br />
No nosso negócio, vendo tudo<br />
isso, não posso imaginar que<br />
o país não vá sair <strong>de</strong>sta crise”,<br />
conta.<br />
O executivo, que foi o diretor<br />
<strong>de</strong> criação responsável<br />
pelas cerimônias <strong>de</strong> abertura<br />
e <strong>de</strong> encerramento dos Jogos<br />
Olímpicos <strong>de</strong> Inverno <strong>de</strong><br />
Salt Lake City, em 2002, elogiou<br />
também a cerimônia <strong>de</strong><br />
abertura dos Jogos Olímpicos<br />
Rio <strong>2016</strong>, principalmente o<br />
momento protagonizado por<br />
Gisele Bündchen. “Aquele<br />
momento teve a ver com um<br />
fenômeno cultural: a energia,<br />
a criativida<strong>de</strong> que existe nessa<br />
cultura é contagiante. Eu<br />
nunca imaginaria que uma<br />
pessoa, e essa pessoa foi Gisele,<br />
pu<strong>de</strong>sse atravessar um estádio,<br />
um único ser humano,<br />
com uma gran<strong>de</strong> música, e<br />
“É muito<br />
importante<br />
reconhecer, como<br />
publicitários, que<br />
nosso trabalho<br />
não É apenas sobre<br />
consumidores,<br />
mas sobre seres<br />
humanos. somos<br />
complexos, somos<br />
muito coração”<br />
Alê Oliveira<br />
Gordon Bowen, um dos fundadores da mcgarrybowen, que em 2014 chegou a São Paulo<br />
assim ter a atenção do mundo<br />
todo. Aquilo foi sensacional:<br />
a luz, o que ela vestia e a música.<br />
Normalmente teríamos<br />
ali milhares <strong>de</strong> garotas. E uma<br />
única pessoa fez aquilo. Foi<br />
bravo e todos falaram disso”,<br />
comentou.<br />
Rotulado pela revista Time<br />
como um criador <strong>de</strong> “blockbusters<br />
emocionais”, Bowen<br />
é autor <strong>de</strong> motes como Always<br />
Coca-Cola e Membership Has<br />
its Privileges, para a Amex.<br />
Na opinião <strong>de</strong>le, as marcas<br />
bem-sucedidas são justamente<br />
aquelas que emocionam e<br />
criam conexão com o público.<br />
“É muito importante reconhecer,<br />
como publicitários,<br />
que nosso trabalho não é apenas<br />
sobre consumidores, mas<br />
sobre seres humanos. Somos<br />
complexos, somos muito coração.<br />
Na agência procuramos<br />
enten<strong>de</strong>r emoções”, diz.<br />
“A gente acredita que tem <strong>de</strong><br />
achar uma história, o DNA, o<br />
centro da marca, o valor pelo<br />
qual as pessoas vão olhar para<br />
sua empresa”, acrescenta.<br />
Como exemplo, ele cita a<br />
Walt Disney Company, cliente<br />
da mcgarrybowen, que se<br />
reinventou sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista<br />
seus valores. Na opinião do<br />
executivo, a animação Frozen<br />
ilustra bem essa mudança da<br />
Disney ao retratar, com enorme<br />
sucesso no mundo todo,<br />
a história <strong>de</strong> amor <strong>de</strong> duas<br />
irmãs – não do príncipe e da<br />
princesa – e, sobretudo, o empo<strong>de</strong>ramento<br />
feminino, retratado<br />
pela canção-fenômeno<br />
Let it Go.<br />
Tendências<br />
Bowen lançou sua agência<br />
quando o digital já existia,<br />
mas não com a proporção e<br />
a importância que tem hoje,<br />
principalmente para a publicida<strong>de</strong>.<br />
Atualmente, por exemplo,<br />
o mercado, em partes,<br />
questiona métricas adotadas<br />
por empresas como Facebook<br />
e esquenta o <strong>de</strong>bate sobre a<br />
transparência e a eficiência do<br />
meio. “Não acredito que essa<br />
seja uma crise para o digital.<br />
As coisas mudam rápido. E se<br />
não <strong>de</strong>rem certo mudam <strong>de</strong><br />
novo. Houve um tempo em<br />
que se questionou a televisão,<br />
o rádio, os jornais. Mas sempre<br />
há novas mídias e novos jeitos<br />
<strong>de</strong> atingir as pessoas”, opina.<br />
Nessa linha <strong>de</strong> mudanças,<br />
ele aposta no uso cada vez<br />
maior <strong>de</strong> dados e realida<strong>de</strong><br />
virtual como tendências para<br />
os próximos anos. “Antes se<br />
falava em comunicação <strong>de</strong><br />
massa, hoje po<strong>de</strong>mos comunicar<br />
one-to-one. Os dados<br />
vão se tornar ainda mais importantes<br />
porque po<strong>de</strong>remos<br />
saber mais dos clientes, como<br />
atingi-los, e comprar mídia<br />
<strong>de</strong> um jeito mais inteligente”,<br />
diz.<br />
52 <strong>28</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark