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edição de 28 de novembro de 2016

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O rastro especulatório que se<br />

segue a uma crise é alerta que<br />

Sérgio Tikhomiroff, diretor da<br />

área <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> da Mixer,<br />

faz. “Com queda na <strong>de</strong>manda e<br />

na verba publicitária, e inflação<br />

em alta, o resultado é uma dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> repasse para orçamentos.<br />

Impostos aumentam,<br />

os custos trabalhistas também,<br />

a mão <strong>de</strong> obra especializada aumenta<br />

acima da inflação e equipamentos<br />

e upgra<strong>de</strong>s/updates<br />

são em dólar, com toda a oscilação<br />

que tem acompanhado sua<br />

cotação”, afirma Tikhomiroff.<br />

A competitivida<strong>de</strong> setorial<br />

é um dos motivos que Pedro<br />

Bueno, produtor-executivo da<br />

Shinjitsu Filmes, observa. A solução<br />

é o ajuste do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

negócios com equipes enxutas<br />

e multidisciplinares. “Temos<br />

visto uma crescente <strong>de</strong>manda<br />

por produções menos elaboradas<br />

e mais baratas. Com a falta<br />

<strong>de</strong> dinheiro geral, a mídia offline<br />

ainda continua muito cara,<br />

se comparada com o digital.<br />

Esta projeção ajudou a consolidar<br />

um cenário em que muitos<br />

clientes migraram suas verbas<br />

e campanhas para o online. Porém,<br />

por ser uma mídia mais<br />

barata, muitos clientes querem<br />

pagar menos pelas produções<br />

feitas para o online, pois acreditam<br />

que essa equação é diretamente<br />

proporcional à produção<br />

audiovisual, ledo engano. Quase<br />

toda a infraestrutura, recursos,<br />

equipamentos, processos,<br />

mão <strong>de</strong> obra e outros <strong>de</strong>talhes<br />

são os mesmos que usamos nas<br />

produções para TV, o que muda<br />

é a plataforma <strong>de</strong> veiculação”.<br />

Drasticamente é a palavra<br />

que Mayara Auad, da Yourmama<br />

Films, usa para respon<strong>de</strong>r<br />

à questão sobre custos <strong>de</strong> produção.<br />

“A crise trouxe uma necessida<strong>de</strong><br />

dos clientes reverem<br />

suas verbas <strong>de</strong> marketing, o que<br />

gerou diminuição drástica nas<br />

verbas <strong>de</strong> produção. Além disso,<br />

os clientes têm buscado produtoras<br />

diretamente em busca<br />

<strong>de</strong> preços menores, prática que<br />

<strong>de</strong>svaloriza o trabalho do setor,<br />

pois estamos falando <strong>de</strong> visões<br />

e talentos únicos, quando o valor<br />

se diferencia por um serviço<br />

artístico com níveis <strong>de</strong> entregas<br />

diferentes e não simplesmente<br />

pelo preço mais baixo”.<br />

Para Renato Assad, fundador<br />

e diretor <strong>de</strong> cena da Si<strong>de</strong><br />

Cinema, o preço médio caiu e<br />

credita essa tendência à pulverização<br />

omnichannel. E não<br />

Schmidt: “produtoras estão entregando trabalhos com qualida<strong>de</strong> muito superior aos recursos contratados”<br />

“vivemos um<br />

verda<strong>de</strong>iro<br />

paradoxo e talvez,<br />

<strong>de</strong>vido a inúmeros<br />

fatores, esteja<br />

havendo Confusão<br />

e difiCulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

diagnostiCar o<br />

Cenário atual”<br />

tem volta. “A lucrativida<strong>de</strong> caiu<br />

muito e me parece uma tendência<br />

sem volta. Vamos ter <strong>de</strong><br />

achar soluções para isso, mas os<br />

clientes vão precisar enten<strong>de</strong>r<br />

também que, se querem filmes<br />

com qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização,<br />

vão ter <strong>de</strong> pagar pra isso. Caso<br />

contrário, o nível <strong>de</strong> produção<br />

será cada dia pior”.<br />

riscOs<br />

Pelo cálculo <strong>de</strong> Alex Mehedff,<br />

sócio da Hungry Man, nos<br />

últimos dois anos a queda chega<br />

35%, mas com os insumos<br />

crescendo entre 20% e 30%.<br />

“As produtoras que têm estrutura<br />

gran<strong>de</strong> correm gran<strong>de</strong>s<br />

riscos. O mercado já não comporta<br />

produtoras <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 50<br />

funcionários há muitos anos.<br />

Quem tem e administra uma<br />

produtora <strong>de</strong>ste porte acaba<br />

fazendo ‘dumping’ <strong>de</strong> preço <strong>de</strong><br />

um filme publicitário ou pacote<br />

<strong>de</strong> dois ou três filmes no mercado<br />

para sustentar por quase<br />

nenhum lucro seu negócio. E<br />

isso coloca em risco toda ca<strong>de</strong>ia<br />

produtiva, já que, na maioria<br />

das vezes, acabam entregando<br />

filmes aquém do possível<br />

resultado ou da expectativa<br />

que a agência/cliente tem. Essas<br />

empresas precisam ser responsáveis,<br />

<strong>de</strong> forma geral, por<br />

si próprias, com o mercado <strong>de</strong><br />

produção, com seus clientes,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente se têm<br />

sócios ‘do mercado financeiro’<br />

que somente cobram resultados<br />

em ‘balance sheet’. É duro<br />

dizer isso, mas é o que estamos<br />

observando ocorrer com as<br />

gran<strong>de</strong>s produtoras do mercado<br />

brasileiro recentemente”.<br />

Especializada em bran<strong>de</strong>d<br />

content, a Oficina, <strong>de</strong> Nelson<br />

Enohata, já convive com os orçamentos<br />

mais reduzidos. Ele<br />

lembra que as mesas <strong>de</strong> compra<br />

objetivam o menor custo.<br />

“As taxas das produtoras estão<br />

se tornando um seguro <strong>de</strong> trabalho”,<br />

diz ele sobre prazos<br />

longos e inadimplência. Porém,<br />

sobre as novas formas <strong>de</strong> produção,<br />

faz uma ressalva. “Existe<br />

uma falsa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que muita<br />

coisa po<strong>de</strong> ser gravada por um<br />

celular. Mas a questão não é<br />

apenas o suporte <strong>de</strong> gravação<br />

em si (celular, HD, 4K, Red,<br />

etc), mas também a produção<br />

que está por trás. Não é porque<br />

o suporte é amador que toda a<br />

produção será amadora”.<br />

A crise e a diminuição da importância<br />

do comercial <strong>de</strong> 30<br />

segundos para os anunciantes<br />

são os atores <strong>de</strong>sse cenário no<br />

mercado brasileiro, na opinião<br />

<strong>de</strong> Eduardo Tibiriçá, CEO da<br />

Bossa Nova Group. “Apesar da<br />

pressão por parte dos anunciantes<br />

para redução dos custos,<br />

os insumos do mercado<br />

brasileiro continuam altos. Por<br />

isso, os valores das produções<br />

não foram alterados, refletindo,<br />

na verda<strong>de</strong>, na diminuição das<br />

margens das produtoras. Para<br />

agravar o cenário, as produtoras<br />

precisam ter fluxo <strong>de</strong> caixa<br />

para arcar com os custos das<br />

produções, já que os prazos <strong>de</strong><br />

pagamentos dos anunciantes<br />

estão dada vez maiores”.<br />

Antonio Carlos Accioly, produtor-executivo<br />

da Movie &<br />

Art, argumenta que uma produtora<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte é chamada<br />

para uma concorrência <strong>de</strong><br />

um job e na maioria das vezes<br />

“compete com produtoras que<br />

não têm estrutura”.<br />

30 <strong>28</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark

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