08.12.2017 Views

edição de 12 de dezembro de 2016

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Alê Oliveira<br />

que está sendo oferecido não<br />

tem valor. Voltando à pergunta,<br />

acho que os dois são <strong>de</strong>safiadores<br />

porque não existe formato <strong>de</strong><br />

publicida<strong>de</strong> digital vencedor. O<br />

que a gente tem visto são CPMs<br />

<strong>de</strong>crescentes. A migração da audiência<br />

para o telefone torna isso<br />

um <strong>de</strong>safio maior ainda, porque<br />

o consumo no mobile é efêmero.<br />

Então, não existe formato vencedor,<br />

com exceção <strong>de</strong> bran<strong>de</strong>d<br />

content e native ads, mas que não<br />

têm escala. Dá um trabalho muito<br />

gran<strong>de</strong> fazer. Não consegue fazer<br />

mil por dia. Mas a nossa vitória<br />

está no consumidor. Acredito<br />

que o dinheiro <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> vai<br />

ser menor para o nosso negócio,<br />

vai ser muito mais pulverizado<br />

porque há outras formas <strong>de</strong> se<br />

conectar com os consumidores e<br />

a gente precisa ter foco em conteúdo<br />

relevante que os consumidores<br />

queiram pagar porque faz a<br />

diferença na vida <strong>de</strong>les. A gente<br />

não po<strong>de</strong> insistir num mo<strong>de</strong>lo<br />

que viva só <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>. O que<br />

“Acho que<br />

será um<br />

Ano em que<br />

A gente<br />

vAi sofrer<br />

dificuldA<strong>de</strong>s<br />

no negócio<br />

trAdicionAl”<br />

<strong>de</strong>finitivamente não vai parar <strong>de</strong><br />

pé é montar redações caras, com<br />

excelentes jornalistas, para viver<br />

apenas <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>.<br />

O cenário está melhor para um jornal<br />

popular como o Extra ou para um jornal<br />

segmentado, como o Valor? Por<br />

quê?<br />

O cenário está difícil para o<br />

jornal popular, premium, para<br />

TV aberta, para todo mundo. Não<br />

tem nada fácil no Brasil hoje em<br />

dia. Está tudo muito difícil. O<br />

ponto <strong>de</strong> partida é o mesmo para<br />

todo mundo. O meu ponto é que<br />

eu tenho muita clareza que a receita<br />

que eu quero aplicar para<br />

um não é a mesma para o outro.<br />

Extra e O Globo são viáveis, são<br />

ótimas oportunida<strong>de</strong>s, têm uma<br />

sinergia gran<strong>de</strong> já, mas são mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>de</strong> negócio diferentes.<br />

O que o Grupo Globo vem fazendo<br />

para enfrentar o dilema?<br />

Todo mundo está se reinventando,<br />

TV aberta, TV fechada,<br />

nós. Claro que os jornais e revistas<br />

estão sofrendo há mais tempo<br />

e temos a obrigação <strong>de</strong> nos<br />

reinventarmos mais rapidamente.<br />

Mas essa transformação dos<br />

hábitos <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> mídia<br />

que afeta os hábitos <strong>de</strong> anunciar<br />

vale para todo mundo. Está claro<br />

que há uma mudança relevante<br />

acontecendo, que afeta não só<br />

os nossos conteúdos, mas também,<br />

obviamente, a estratégia <strong>de</strong><br />

comunicação dos anunciantes.<br />

E precisamos trazer proposta <strong>de</strong><br />

valor contun<strong>de</strong>nte para os dois<br />

lados, tanto para o consumidor<br />

como para o anunciante.<br />

E qual é a estratégia para o Valor, após<br />

a separação com a Folha?<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> conteúdo,<br />

não muda absolutamente nada.<br />

Vamos seguir com o compromisso<br />

<strong>de</strong> ser a melhor publicação <strong>de</strong> economia<br />

e negócios, e política também.<br />

O que a gente vai fazer é ganhar<br />

todas as sinergias possíveis.<br />

No Valor, há varias sinergias que<br />

po<strong>de</strong>mos fazer, a começar pelo<br />

mercado <strong>de</strong> luxo. Se você olhar os<br />

pares do Valor mundo afora, como<br />

o Wall Street Journal e Financial<br />

Times, <strong>de</strong> 30% a 40% da publicida<strong>de</strong><br />

vem <strong>de</strong> marcas <strong>de</strong> luxo. No<br />

Valor, tem uma ou outra. Mas as<br />

maiores publicações <strong>de</strong> luxo estão<br />

comigo, que são Vogue, Casa<br />

Vogue e GQ. Então, que tipos <strong>de</strong><br />

produtos posso criar em conjunto?<br />

E não é só networking. É criar<br />

coisas novas, porque a audiência<br />

do Valor está comprando essas<br />

marcas <strong>de</strong> luxo, por exemplo. E<br />

trazer valor para os anunciantes,<br />

para que eles invistam nisso. Será<br />

que po<strong>de</strong>mos criar novos eventos?<br />

Acho que sim. O Valor não cobre<br />

carro, por exemplo. Mas o leitor<br />

do jornal compra carro. Posso produzir<br />

algum conteúdo ou evento<br />

<strong>de</strong> carro para a audiência do Valor,<br />

aproveitando a capacida<strong>de</strong> que tenho<br />

aqui <strong>de</strong>ntro. Nós compramos<br />

o Valor porque acreditamos que<br />

po<strong>de</strong>mos aportar valor no jornal,<br />

trazer dinheiro para o Valor com o<br />

resto do portfólio. A sinergia <strong>de</strong> receitas<br />

vai dar o tom da sustentabilida<strong>de</strong><br />

da empresa e essa é a minha<br />

gran<strong>de</strong> aposta, ao trocar conteúdo,<br />

eventos e habilida<strong>de</strong>s, entre<br />

os veículos, mas, no fim do dia, eu<br />

estou preocupado com a receita.<br />

“AindA não<br />

criAmos<br />

produtos<br />

digitAis que<br />

AtrAiAm<br />

A novA<br />

gerAção”<br />

Não tem uma única empresa <strong>de</strong><br />

mídia impressa no Brasil que não<br />

tenha receita <strong>de</strong>crescente <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

20<strong>12</strong>. A Globo Condé Nast e o<br />

Valor até o ano passado cresciam<br />

em receita, mas, na média, todo<br />

mundo, <strong>de</strong> 20<strong>12</strong> para cá, caiu em<br />

receita. O ponto é: existe empresa<br />

sustentável cujo faturamento<br />

cai todo ano? Não existe, porque<br />

o limite <strong>de</strong> economizar chega em<br />

algum momento. Nossa gran<strong>de</strong><br />

aposta é que essa combinação <strong>de</strong><br />

atributos nos coloque <strong>de</strong> novo no<br />

rumo. São quatro anos seguidos<br />

caindo faturamento.<br />

Você acredita que no ano que vem<br />

volta a crescer?<br />

Não, <strong>de</strong> jeito nenhum. Mas<br />

para quem está menos 20% e<br />

virar menos 5%, é 7 a 1. Eu não<br />

estou dizendo que nós (Grupo<br />

Globo) caímos 20%, nós caímos<br />

menos que o mercado. Essa é a<br />

minha estimativa <strong>de</strong> mercado.<br />

Nós caímos menos não por causa<br />

das páginas, mas <strong>de</strong>vido aos projetos<br />

que criamos, que trouxeram<br />

faturamentos novos.<br />

jornal propmark - <strong>12</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> <strong>2016</strong> 17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!