Editorial A <strong>13</strong>ª edição da <strong>Curinga</strong> dá espaço a diversas vozes. Para o antropólogo Roberto DaMatta, “o ‘brasil’ com o ‘b’ minúsculo é apenas um objeto sem vida, autoconsciência ou pulsação interior, pedaço de coisa que morre e não tem a menor condição de se reproduzir como sistema”. O Brasil com “B” maiúsculo é algo mais complexo: “É país, cultura, local geográfico, fronteira e território reconhecidos internacionalmente, e também casa, pedaço de chão calçado com o calor de nossos corpos, lar, memória e consciência de um lugar com o qual se tem uma ligação especial, única, totalmente sagrada”. A <strong>Curinga</strong> do arroz e feijão – ou seria do caviar e da coxinha? – traz a dor de uma vida escravizada e a paz de quem enxergou, no Brasil, um bom lugar para (re)começar. Sua identidade revela o que leva e compreende desse mundo. Do seu mundo. Um país de mais de dois séculos de escravidão, é hoje uma nação onde se vê engajamento político popular e a busca da legitimação democrática. Durante as eleições presidenciais de 2014, vimos um exército de eleitores em um dos pleitos mais acirrados desde a redemocratização. Uma polarização realmente fundamentada e legitimada? Ao deixar a política de lado (ou não), esta edição <strong>13</strong> traz a simbologia do número, associada ao que é benéfico ou de agouro. Em forma de crônica, busca a catalisação de realidades e de crenças. Na resistência por manter sua tradição, a comunidade indígena Maxakali estampa, no ensaio fotográfico, o reflexo da cultura do “branco” dentro da aldeia. Na entrevista com uma jornalista brasileira de nascimento e palestina de coração, tenta-se entender o conflito daquela região que, inicialmente parece tão distante, mas é cada vez mais próxima do nosso cotidiano. Entre a medicina auxiliada por animais, o suporte que a internet pode proporcionar em momentos difíceis e a resistência que o tipo de cabelo pode representar, transformações de vidas são presenças fortes desta edição. Seja na ressaca depois de uma derrota ou na gargalhada em frente ao computador, as mudanças são constantes e pedem passagem. As fotos das editorias exercem esse papel, o da expressão das diferenças e semelhanças que constituem nossas vidas. Talvez pelo fato de essa revista ser a décima-terceira, a desmistificação de temas e vivências é o norte dos textos, das artes e das fotografias. A <strong>Curinga</strong>, assim como a carta do baralho de mesmo nome, aparece para o leitor em um momento-chave, próxima ao fim de um jogo e começo de outro. Para o país como um todo, para o futuro, para cada um de nós. É hora da jogada de mestre. A revista deixa para você a opção do xeque. Xeque-mate? Daniella Andrade Daniilo Moreira Cartas do Leitor Para comentar as matérias ou sugerir pautas para a nossa próxima edição, envie e-mail para: revistacuringa@icsa.ufop.br
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