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edição de 12 de fevereiro de 2018

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Mídia<br />

Folha po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r público jovem ao<br />

<strong>de</strong>ixar Facebook, dizem especialistas<br />

Decisão do jornal, reflexo da mudança que a re<strong>de</strong> social fez em algoritmo, gerou<br />

polêmica e repercussão em veículos <strong>de</strong> imprensa como The Wall Street Journal<br />

KELLY DORES<br />

<strong>de</strong>cisão da Folha <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<br />

A <strong>de</strong> atualizar seu conteúdo<br />

no Facebook gerou polêmica,<br />

críticas e repercussão internacional,<br />

em veículos <strong>de</strong> imprensa<br />

como The Guardian, Bloomberg<br />

e The Wall Street Journal.<br />

Especialistas consi<strong>de</strong>ram que<br />

atitu<strong>de</strong> é corajosa, mas paradoxal,<br />

porque o jornal <strong>de</strong>ve<br />

per<strong>de</strong>r público, principalmente<br />

o mais jovem. A iniciativa do<br />

maior jornal do Brasil foi uma<br />

clara resposta à mudança que o<br />

Facebook fez em janeiro no algoritmo,<br />

que dá menos visibilida<strong>de</strong><br />

para o jornalismo e posts<br />

<strong>de</strong> marcas e privilegia conteúdos<br />

<strong>de</strong> interação pessoal, feitos<br />

por amigos e familiares. Para<br />

a Folha, com isso a re<strong>de</strong> social<br />

favorece a criação <strong>de</strong> bolhas<br />

<strong>de</strong> opiniões e a propagação das<br />

fake news.<br />

“Acho a atitu<strong>de</strong> corajosa, porém<br />

paradoxal, porque a Folha<br />

po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r público, principalmente<br />

o mais jovem, aquele<br />

que tem mais condições <strong>de</strong> garantir<br />

a sobrevivência do veículo.<br />

A Folha não <strong>de</strong>u tempo para<br />

o Facebook se reorganizar em<br />

relação à imprensa <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong>,<br />

o que ele <strong>de</strong>ve acabar fazendo<br />

porque não lhe interessa<br />

comprar uma briga <strong>de</strong>ssas em<br />

escala mundial. Vamos ver se<br />

outros veículos seguem o gesto<br />

da Folha. A repercussão entre<br />

a mídia tradicional internacional<br />

foi gran<strong>de</strong>”, observou Caio<br />

Túlio Costa, professor da pós-<br />

-graduação em jornalismo digital<br />

da ESPM.<br />

Para Costa, uma das consequências<br />

disso é a possível<br />

tentativa <strong>de</strong> abrir um caminho<br />

<strong>de</strong> confronto para obrigar o Facebook<br />

a não discriminar os veículos<br />

<strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong>. “Consequência<br />

mesmo, como disse<br />

o Jeff Jarvis, é per<strong>de</strong>r o público<br />

jovem”. Jeff Jarvis, professor <strong>de</strong><br />

jornalismo na City University<br />

<strong>de</strong> Nova York, criticou a <strong>de</strong>cisão<br />

do jornal. Ele disse que a Folha<br />

Último post do jornal em sua página na re<strong>de</strong> social, anunciando a <strong>de</strong>cisão<br />

está abandonando um número<br />

enorme <strong>de</strong> leitores, especialmente<br />

os mais jovens. “Nós<br />

precisamos levar o nosso jornalismo<br />

para as pessoas on<strong>de</strong> e<br />

quando elas estiverem conversando.<br />

Nós não po<strong>de</strong>mos presumir<br />

que as pessoas virão até<br />

nós para se informar”.<br />

Outros players po<strong>de</strong>m seguir<br />

a Folha? “Vamos ver; que po<strong>de</strong>m,<br />

po<strong>de</strong>m - no Brasil, os jornais<br />

já peitaram o Google quando<br />

saíram do Google News no<br />

começo da década, em grupo! A<br />

Globo também se recusou a fazer<br />

perfis no Facebook, e <strong>de</strong>pois<br />

voltou atrás. No mundo, <strong>de</strong>zena<br />

<strong>de</strong> jornais, entre eles o New<br />

York Times, se recusaram a participar<br />

dos Instant Articles. Enfim,<br />

vamos esperar um pouco<br />

pra ver”, sintetizou o professor<br />

da ESPM.<br />

A <strong>de</strong>cisão da Folha, jornal<br />

<strong>de</strong> maior circulação no Brasil<br />

com 304.716 exemplares impressos<br />

aos domingos, gerou<br />

resposta do Facebook, que disse:<br />

“As mudanças no algoritmo<br />

são movimentos <strong>de</strong>cisivos para<br />

garantir que as notícias que as<br />

pessoas veem sejam informativas<br />

e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>”.<br />

A Folha também tem uma<br />

audiência gran<strong>de</strong> no digital,<br />

sendo o primeiro jornal brasileiro<br />

a ter circulação digital<br />

“Acho A Atitu<strong>de</strong><br />

corAjosA, porém<br />

pArAdoxAl, porque<br />

A FolhA po<strong>de</strong><br />

per<strong>de</strong>r público,<br />

principAlmente<br />

o mAis jovem,<br />

Aquele que tem<br />

mAis condições<br />

<strong>de</strong> gArAntir A<br />

sobrevivênciA<br />

do veículo”<br />

maior do que a impressa.<br />

O jornal cita “as <strong>de</strong>svantagens<br />

em utilizar o Facebook<br />

como um caminho para atingir<br />

os leitores, que ficaram mais<br />

evi<strong>de</strong>ntes após a <strong>de</strong>cisão da<br />

re<strong>de</strong> social <strong>de</strong> diminuir a visibilida<strong>de</strong><br />

do jornalismo profissional<br />

nas páginas <strong>de</strong> seus usuários”.<br />

Para a Folha, isso reforça a<br />

tendência do usuário a consumir<br />

cada vez mais conteúdo<br />

com o qual tem afinida<strong>de</strong>, favorecendo<br />

a criação <strong>de</strong> bolhas<br />

<strong>de</strong> opiniões e convicções e a<br />

propagação das fake news. Na<br />

opinião do jornal, “sem conseguir<br />

resolver satisfatoriamente<br />

o problema <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o que<br />

Reprodução<br />

é conteúdo relativo a jornalismo<br />

profissional e o que não é,<br />

a re<strong>de</strong> (Facebook) anunciou no<br />

mês passado que reduziria o alcance<br />

das páginas <strong>de</strong> veículos<br />

<strong>de</strong> comunicação, entre outros”.<br />

A Folha também relata que,<br />

no caso do jornal, a importância<br />

do Facebook como canal<br />

<strong>de</strong> distribuição já vinha diminuindo<br />

significativamente antes<br />

mesmo da mudança do mês<br />

passado, tendência observada<br />

também em outros veículos.<br />

Segundo dados internos do<br />

jornal, em janeiro, o volume<br />

total <strong>de</strong> interações (compartilhamentos,<br />

comentários e curtidas)<br />

obtido pelas 10 maiores<br />

páginas <strong>de</strong> jornais brasileiros<br />

no Facebook caiu 32% na comparação<br />

com o mesmo mês <strong>de</strong><br />

2017.<br />

Atualmente, a Folha tem 5,95<br />

milhões <strong>de</strong> seguidores no Facebook,<br />

o que lhe dá a posição <strong>de</strong><br />

maior jornal brasileiro na re<strong>de</strong><br />

social. As páginas das editorias<br />

somam 2,2 milhões <strong>de</strong> curtidas.<br />

O jornal informa que os leitores<br />

po<strong>de</strong>rão compartilhar normalmente<br />

conteúdo da Folha em<br />

suas páginas pessoais do Facebook.<br />

O jornal também tem<br />

perfis atualizados diariamente<br />

no Twitter (6,2 milhões <strong>de</strong> seguidores),<br />

Instagram (727 mil) e<br />

LinkedIn (726 mil).<br />

28 <strong>12</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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