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Mídia<br />
Folha po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r público jovem ao<br />
<strong>de</strong>ixar Facebook, dizem especialistas<br />
Decisão do jornal, reflexo da mudança que a re<strong>de</strong> social fez em algoritmo, gerou<br />
polêmica e repercussão em veículos <strong>de</strong> imprensa como The Wall Street Journal<br />
KELLY DORES<br />
<strong>de</strong>cisão da Folha <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<br />
A <strong>de</strong> atualizar seu conteúdo<br />
no Facebook gerou polêmica,<br />
críticas e repercussão internacional,<br />
em veículos <strong>de</strong> imprensa<br />
como The Guardian, Bloomberg<br />
e The Wall Street Journal.<br />
Especialistas consi<strong>de</strong>ram que<br />
atitu<strong>de</strong> é corajosa, mas paradoxal,<br />
porque o jornal <strong>de</strong>ve<br />
per<strong>de</strong>r público, principalmente<br />
o mais jovem. A iniciativa do<br />
maior jornal do Brasil foi uma<br />
clara resposta à mudança que o<br />
Facebook fez em janeiro no algoritmo,<br />
que dá menos visibilida<strong>de</strong><br />
para o jornalismo e posts<br />
<strong>de</strong> marcas e privilegia conteúdos<br />
<strong>de</strong> interação pessoal, feitos<br />
por amigos e familiares. Para<br />
a Folha, com isso a re<strong>de</strong> social<br />
favorece a criação <strong>de</strong> bolhas<br />
<strong>de</strong> opiniões e a propagação das<br />
fake news.<br />
“Acho a atitu<strong>de</strong> corajosa, porém<br />
paradoxal, porque a Folha<br />
po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r público, principalmente<br />
o mais jovem, aquele<br />
que tem mais condições <strong>de</strong> garantir<br />
a sobrevivência do veículo.<br />
A Folha não <strong>de</strong>u tempo para<br />
o Facebook se reorganizar em<br />
relação à imprensa <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong>,<br />
o que ele <strong>de</strong>ve acabar fazendo<br />
porque não lhe interessa<br />
comprar uma briga <strong>de</strong>ssas em<br />
escala mundial. Vamos ver se<br />
outros veículos seguem o gesto<br />
da Folha. A repercussão entre<br />
a mídia tradicional internacional<br />
foi gran<strong>de</strong>”, observou Caio<br />
Túlio Costa, professor da pós-<br />
-graduação em jornalismo digital<br />
da ESPM.<br />
Para Costa, uma das consequências<br />
disso é a possível<br />
tentativa <strong>de</strong> abrir um caminho<br />
<strong>de</strong> confronto para obrigar o Facebook<br />
a não discriminar os veículos<br />
<strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong>. “Consequência<br />
mesmo, como disse<br />
o Jeff Jarvis, é per<strong>de</strong>r o público<br />
jovem”. Jeff Jarvis, professor <strong>de</strong><br />
jornalismo na City University<br />
<strong>de</strong> Nova York, criticou a <strong>de</strong>cisão<br />
do jornal. Ele disse que a Folha<br />
Último post do jornal em sua página na re<strong>de</strong> social, anunciando a <strong>de</strong>cisão<br />
está abandonando um número<br />
enorme <strong>de</strong> leitores, especialmente<br />
os mais jovens. “Nós<br />
precisamos levar o nosso jornalismo<br />
para as pessoas on<strong>de</strong> e<br />
quando elas estiverem conversando.<br />
Nós não po<strong>de</strong>mos presumir<br />
que as pessoas virão até<br />
nós para se informar”.<br />
Outros players po<strong>de</strong>m seguir<br />
a Folha? “Vamos ver; que po<strong>de</strong>m,<br />
po<strong>de</strong>m - no Brasil, os jornais<br />
já peitaram o Google quando<br />
saíram do Google News no<br />
começo da década, em grupo! A<br />
Globo também se recusou a fazer<br />
perfis no Facebook, e <strong>de</strong>pois<br />
voltou atrás. No mundo, <strong>de</strong>zena<br />
<strong>de</strong> jornais, entre eles o New<br />
York Times, se recusaram a participar<br />
dos Instant Articles. Enfim,<br />
vamos esperar um pouco<br />
pra ver”, sintetizou o professor<br />
da ESPM.<br />
A <strong>de</strong>cisão da Folha, jornal<br />
<strong>de</strong> maior circulação no Brasil<br />
com 304.716 exemplares impressos<br />
aos domingos, gerou<br />
resposta do Facebook, que disse:<br />
“As mudanças no algoritmo<br />
são movimentos <strong>de</strong>cisivos para<br />
garantir que as notícias que as<br />
pessoas veem sejam informativas<br />
e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>”.<br />
A Folha também tem uma<br />
audiência gran<strong>de</strong> no digital,<br />
sendo o primeiro jornal brasileiro<br />
a ter circulação digital<br />
“Acho A Atitu<strong>de</strong><br />
corAjosA, porém<br />
pArAdoxAl, porque<br />
A FolhA po<strong>de</strong><br />
per<strong>de</strong>r público,<br />
principAlmente<br />
o mAis jovem,<br />
Aquele que tem<br />
mAis condições<br />
<strong>de</strong> gArAntir A<br />
sobrevivênciA<br />
do veículo”<br />
maior do que a impressa.<br />
O jornal cita “as <strong>de</strong>svantagens<br />
em utilizar o Facebook<br />
como um caminho para atingir<br />
os leitores, que ficaram mais<br />
evi<strong>de</strong>ntes após a <strong>de</strong>cisão da<br />
re<strong>de</strong> social <strong>de</strong> diminuir a visibilida<strong>de</strong><br />
do jornalismo profissional<br />
nas páginas <strong>de</strong> seus usuários”.<br />
Para a Folha, isso reforça a<br />
tendência do usuário a consumir<br />
cada vez mais conteúdo<br />
com o qual tem afinida<strong>de</strong>, favorecendo<br />
a criação <strong>de</strong> bolhas<br />
<strong>de</strong> opiniões e convicções e a<br />
propagação das fake news. Na<br />
opinião do jornal, “sem conseguir<br />
resolver satisfatoriamente<br />
o problema <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o que<br />
Reprodução<br />
é conteúdo relativo a jornalismo<br />
profissional e o que não é,<br />
a re<strong>de</strong> (Facebook) anunciou no<br />
mês passado que reduziria o alcance<br />
das páginas <strong>de</strong> veículos<br />
<strong>de</strong> comunicação, entre outros”.<br />
A Folha também relata que,<br />
no caso do jornal, a importância<br />
do Facebook como canal<br />
<strong>de</strong> distribuição já vinha diminuindo<br />
significativamente antes<br />
mesmo da mudança do mês<br />
passado, tendência observada<br />
também em outros veículos.<br />
Segundo dados internos do<br />
jornal, em janeiro, o volume<br />
total <strong>de</strong> interações (compartilhamentos,<br />
comentários e curtidas)<br />
obtido pelas 10 maiores<br />
páginas <strong>de</strong> jornais brasileiros<br />
no Facebook caiu 32% na comparação<br />
com o mesmo mês <strong>de</strong><br />
2017.<br />
Atualmente, a Folha tem 5,95<br />
milhões <strong>de</strong> seguidores no Facebook,<br />
o que lhe dá a posição <strong>de</strong><br />
maior jornal brasileiro na re<strong>de</strong><br />
social. As páginas das editorias<br />
somam 2,2 milhões <strong>de</strong> curtidas.<br />
O jornal informa que os leitores<br />
po<strong>de</strong>rão compartilhar normalmente<br />
conteúdo da Folha em<br />
suas páginas pessoais do Facebook.<br />
O jornal também tem<br />
perfis atualizados diariamente<br />
no Twitter (6,2 milhões <strong>de</strong> seguidores),<br />
Instagram (727 mil) e<br />
LinkedIn (726 mil).<br />
28 <strong>12</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark