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Revista Apólice #211

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Ano 21<br />

Número 211<br />

Junho 2016


editorial<br />

Ano 21 - nº 211<br />

Junho 2016<br />

Alternativas<br />

Esta revista é uma<br />

publicação independente da<br />

Correcta Editora Ltda<br />

e de público dirigido<br />

para a crise<br />

Diretora de Redação:<br />

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J.B. Oliveira<br />

Luciano Máximo<br />

Tiragem:<br />

15.000 exemplares<br />

Circulação:<br />

Nacional<br />

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Mensal<br />

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Os artigos assinados são de responsabilidade<br />

exclusiva de seus autores, não<br />

representando, necessariamente, a<br />

opinião desta revista.<br />

O momento é de muita cautela na economia. Além da instabilidade política,<br />

atravessamos um período em que a economia está retraída, as pessoas<br />

fazem menos negócios e há ainda a expectativa de que tudo pode piorar.<br />

Para o setor de seguros não é diferente. Corretores de seguros e seguradoras<br />

correm para encontrar alternativas para não perder os clientes antigos<br />

que, no momento da renovação, se vêem impedidos de assinar os contratos<br />

pela simples falta de recursos. Novas alternativas de produtos, como o seguro<br />

auto popular, são aguardados ansiosamente. De qualquer forma, algumas<br />

seguradoras buscam na diversificação das coberturas uma forma de diminuir<br />

o valor dos prêmios.<br />

Os seguradores afirmam que é no momento da crise que as pessoas<br />

devem buscar proteção, porém, para uma enorme massa da população, é<br />

difícil, por exemplo, recuperar um seguro saúde após a perda do emprego.<br />

O contingente de 1,9 milhão de pessoas que saíram do sistema de saúde<br />

privado demorará um longo período para retornar ao mercado. Não é por<br />

falta de vontade, mas por falta de renda.<br />

Nesta edição, mostramos para os leitores como o mercado de seguros<br />

se preparou para atender camadas distintas da população. Por um lado, o<br />

atendimento aos mais abastados se mostra um nicho muito lucrativo. Para<br />

atender os poucos que compõem a classe A há produtos em quase todas<br />

as carteiras. Por outro lado, a popularização de outros produtos garante<br />

proteção para aqueles que conhecem a sua necessidade, mas contam com<br />

capital pequeno.<br />

Existe disponibilidade de produtos para todos. O corretor de seguros<br />

precisa conhecer esta realidade para continuar atendendo bem seus clientes.<br />

Boa leitura!<br />

Diretora de Redação<br />

Acesse nosso site<br />

www.revistaapolice.com.br<br />

Siga nosso<br />

twitter.com/revistaapolice<br />

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<strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong><br />

Errata: Na edição 210 - maio 2016, na página 37, a foto que aparece no rodapé<br />

é de Julio Murta, da AIG Seguros<br />

Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para redacao@revistaapolice.com.br<br />

3


sumário<br />

16 Luxo/popular<br />

Para atingir todos os públicos, companhias<br />

do mercado de seguros têm produtos desenhados<br />

para todos os tipos de bolsos e<br />

estilos de vida<br />

22<br />

especial Ciab<br />

Mercado segurador esbarra em desafios<br />

tecnológicos. Para enfrentar os desafios<br />

da disruptura digital, seguradoras buscam<br />

apoio de empresas especializadas no setor<br />

30 capitalização A contratação de títulos de capitalização é<br />

controversa quando não há informações<br />

sobre os produtos, mas pode ajudar na<br />

educação financeira<br />

Cerca de 700 profissionais se reuniram em<br />

34 conseg/ne<br />

Natal para discutir os desafios do setor de<br />

seguros e o fortalecimento do mercado<br />

na região<br />

38<br />

evento<br />

Encontro realizado no Paraná ratificou a<br />

necessidade dos corretores de buscar<br />

alternativas para o seguro de automóvel,<br />

que registrou queda em 2016<br />

6<br />

10<br />

14<br />

42<br />

|<br />

|<br />

|<br />

|<br />

painel<br />

gente<br />

direto de londres<br />

comunicação<br />

4


5


Os seguros de índices climáticos<br />

não somente contribuem para maior previsibilidade<br />

dos negócios das empresas,<br />

como também ajudam a melhorar a sua<br />

avaliação de crédito no mercado, uma vez<br />

que agências de rating avaliam melhor as<br />

companhias que se mostram mais resilientes<br />

a intempéries.<br />

Os seguros paramétricos baseiam-se<br />

na definição de índices para a ocorrência<br />

de eventos naturais. No momento em<br />

que o índice paramétrico é alcançado ou<br />

excedido, a apólice pode ser acionada.<br />

No caso de chuvas, por exemplo, um dos<br />

indicadores é uma precipitação pluviométrica<br />

superior a um determinado índice<br />

acordado entre segurador e segurado.<br />

Trata-se, portanto, de um modelo difepainel<br />

• nfinanças<br />

Semana Nacional de Educação Financeira<br />

Para saúde financeira: educação.<br />

Partindo dessa premissa, o governo federal<br />

formou o Conef – Comitê Nacional<br />

da Educação Financeira – com entidades<br />

como CNseg, Susep, Febraban, entre outras,<br />

para ajudar a desenvolver a cultura<br />

da disciplina e educação financeira.<br />

Para isso, diversos mecanismos<br />

foram criados, como o<br />

selo ENEF, que reconhece as<br />

iniciativas de empresas privadas<br />

que colaboram com<br />

a disseminação dessa ideia.<br />

Além disso, para ter direito<br />

ao reconhecimento, devem<br />

ser obedecidos critérios<br />

como: a iniciativa deve<br />

ser inclusiva e gratuita,<br />

trabalhar conteúdos voltados<br />

à cidadania, consumo responsável<br />

pelo orçamento pessoal e<br />

familiar, poupança e investimento,<br />

planejamento financeiro, entre<br />

outros fatores.<br />

Entre 16 e 20 de maio, mais uma<br />

semana de debates sobre o assunto ocupou<br />

o mercado. Com palestras e diversas<br />

atividades ao longo desses dias, o mercado<br />

discutiu como ajudar outros setores a<br />

pensar em ferramentas para garantir uma<br />

sociedade mais preparada para o futuro.<br />

• nsinistros<br />

Novos serviços Auto<br />

A Azul Seguros lançou novos serviços<br />

referentes ao sinistro de automóvel:<br />

o SMS e o Acompanhamento de Sinistro.<br />

Após a comunicação do sinistro,<br />

a companhia envia mensagens para o<br />

celular cadastrado na abertura do aviso,<br />

informando o número do processo<br />

e autorização dos reparos, no caso de<br />

sinistro perda parcial.<br />

Já o acompanhamento é feito<br />

diretamente no site da seguradora.<br />

Corretor e cliente devem estar logados,<br />

e permite a consulta online das etapas<br />

– aviso de sinistro, status da vistoria,<br />

autorização dos reparos, solicitação de<br />

documentos, liberação do pagamento<br />

e histórico dos emails enviados.<br />

Segundo Felipe Milagres, diretor<br />

da empresa, “implementar opções<br />

de serviços que garantam acesso às<br />

informações a qualquer momento, de<br />

forma simples e rápida, é importante<br />

para manter a tranquilidade e conveniência<br />

dos nossos clientes e corretores”.<br />

• nproduto<br />

Opção para setores impactados pelo clima<br />

A Swiss Re Corporate Solutions<br />

oferece o primeiro produto paramétrico<br />

no País. Ele é voltado para setores da<br />

economia que têm receitas e custos de<br />

operação diretamente impactados por<br />

variações inesperadas no clima, como<br />

é o caso das empresas de geração de<br />

energia elétrica com fonte renovável e<br />

dos grandes players do agronegócio que<br />

são afetados pelo regime de chuva, vento,<br />

sol e temperatura.<br />

“É uma nova forma de ajudar as empresas<br />

a minimizarem eventuais perdas<br />

em seus resultados financeiros diante de<br />

eventos climáticos imprevisíveis, como excesso<br />

ou ausência de chuva por exemplo”,<br />

afirma o diretor de seguros rurais da Swiss<br />

Re Corporate Solutions, José Cullen.<br />

rente do tradicional, que é fundamentado<br />

na ocorrência de um evento. Na prática,<br />

assemelha-se à uma operação de opção<br />

financeira, mas mais simples e flexível.<br />

6


• nconcurso<br />

Qual a importância do seguro?<br />

A Confederação Nacional das Empresas<br />

de Seguros Gerais, Previdência<br />

Privada e Vida, Saúde Suplementar e<br />

Capitalização (CNseg), com apoio da<br />

Superintendência de Seguros Privados<br />

(Susep), lança o 1º Concurso Cultural<br />

Minha Vida Mais Segura (#minhavidamaissegura)<br />

com o objetivo de<br />

conscientizar a população sobre<br />

a importância da proteção da<br />

sua vida, da sua família e do seu<br />

patrimônio.<br />

A temática do 1º Concurso<br />

Cultural Minha Vida Mais Segura<br />

(#minhavidamaissegura) visa<br />

estimular a reflexão, a pesquisa,<br />

o debate, a criatividade e o compartilhamento<br />

de experiências e<br />

informações sobre a cultura da<br />

prevenção e da segurança financeira.<br />

Para participar, os interessados podem<br />

optar pelo envio de vídeos com até dois<br />

minutos de duração, posts em forma de<br />

texto, fotografias ou ilustrações que contenham<br />

histórias reais ou ficcionais sobre a<br />

importância de um ou mais tipos de seguro<br />

na vida de uma pessoa ou de uma família.<br />

O material aprovado será publicado<br />

na página da Susep no Facebook e serão<br />

selecionados os cinco vídeos e os cinco<br />

posts mais curtidos e compartilhados.<br />

A ideia é que haja uma reflexão em<br />

torno da questão ‘Qual a importância do<br />

seguro na sua vida?’ e que o conteúdo<br />

tenha uma abordagem leve, descontraída,<br />

cômica e inovadora. Os<br />

vencedores serão conhecidos no dia<br />

21 de novembro. O autor do melhor<br />

post será contemplado com um iPad<br />

wi-fi, 16GB e o do melhor vídeo,<br />

com uma câmera GoPro Hero 4 e um<br />

notebook com processador Intel Core<br />

i5. O regulamento completo do concurso<br />

pode ser consultado no portal<br />

da CNseg ou na página da Susep no<br />

Facebook. O prazo para a participação<br />

é até o dia 30 de setembro.


painel<br />

• ncorporativo<br />

Investimentos retornam ao Brasil<br />

Com a formação de escritório em<br />

Miami, a QBE Seguros fica mais próxima<br />

de sua atuação no Brasil e aposta<br />

na volta ao segmento corporativo.<br />

A companhia, que em 2004<br />

passou a atuar com mais força na<br />

área de massificados passando, em<br />

2006 para linhas corporativas como<br />

transporte, vida em grupo e garantia.<br />

“Decidimos, então, focar na companhia<br />

na área de afinidades, onde<br />

poderíamos fazer a diferença. Não<br />

queremos entrar com preços muito<br />

baixos e depois ter que sair por causa<br />

de um mau desempenho de mercado”,<br />

afirmou Raphael Alexander, CEO da<br />

QBE Brasil.<br />

Os próximos passos já estão<br />

definidos: entrar na carteira de<br />

RC, em todas as modalidades,<br />

lançar os produtos de D&O e<br />

o E&O e riscos de engenharia.<br />

“Além disso, há uma proposta<br />

específica para o segmento de<br />

energia. Essa é a QBE que estamos<br />

construindo e todas as<br />

operações estarão prontas até o<br />

fim de ano. Apesar da economia<br />

não ter tido uma boa performance<br />

nos últimos tempos, o mercado<br />

de seguros passou por mudanças<br />

e queremos formar parcerias rentáveis”,<br />

afirmou Ariel Gutemberg,<br />

diretor comercial da companhia.<br />

• ntransporte<br />

Campanha de incentivo<br />

A Porto Seguro Transportes iniciou<br />

a campanha Carga Premiada, que tem<br />

como objetivo reconhecer e premiar os<br />

corretores que ampliarem seus negócios<br />

com os seguros de Transportes da companhia.<br />

Durante a ação, que terá a duração<br />

de cinco meses e acontecerá até o dia<br />

30 de setembro de 2016, os corretores<br />

poderão acumular pontos a cada venda de<br />

seguro ou renovação<br />

das apólices e trocar<br />

por prêmios.<br />

Na edição deste ano, o profissional<br />

que acumular pontos poderá escolher<br />

entre as mais de cinco mil opções de prêmios<br />

no site da campanha. Os produtos da<br />

carteira participantes da campanha são:<br />

RCTR-C, RCF–DC, RCTR-VI, RCTA–<br />

C, Transportes Embarcador, Transportes<br />

Nacional, Transportes Internacional e<br />

Transportes Mais Simples. Os corretores<br />

terão suas pontuações computadas de<br />

acordo com as categorias: seguros novos,<br />

renovação e seguros avulsos.<br />

• nviagem<br />

Parceria expande<br />

portfólio<br />

A Global Travel Assistance (GTA)<br />

firmou um acordo com a Axa Seguros.<br />

O contrato foi assinado na sede da GTA,<br />

que foi representada pelo presidente<br />

Celso Guelfi, pela diretora financeira<br />

Maria Helena Guelfi e pelo diretor<br />

comercial Gelson Popazoglo. Pela Axa<br />

Assistance, estiveram presentes o CEO<br />

Daniel Zanela, a gerente comercial Taís<br />

Mahalem e o diretor comercial Otacílio<br />

Santos.<br />

“Com esta parceria, a GTA passa<br />

a oferecer produtos diferenciados no<br />

mercado, como a inclusão de doenças<br />

pré-existentes e a cobertura para<br />

gravidez sem taxa adicional em nossos<br />

principais planos, além da inclusão de<br />

novas categorias esportivas no plano<br />

Full Sport Special”, enfatiza Guelfi.<br />

“Esta parceria com a GTA apresenta<br />

um portfólio de planos com uma série<br />

de serviços exclusivos, entre eles o de<br />

concierge, que geram valor agregado<br />

ao produto, com a melhor experiência<br />

possível ao viajante”, resume Zanela.<br />

8


• ninvestimento<br />

Seguro para financiamento coletivo<br />

O crowdfunding, ou financiamento<br />

coletivo, é uma prática que vem ganhando<br />

espaço no mercado mundial, embora<br />

ainda seja tímida no Brasil. A operação<br />

consiste em montar um fundo para<br />

receber capital para iniciativas de interesse<br />

coletivo. Para isso, são utilizadas<br />

plataformas online que recebem esse<br />

tipo de investimento. Muitas startups,<br />

especialmente as de tecnologia, começam<br />

seus empreendimentos a partir dessa<br />

arrecadação.<br />

Com um mercado mais maduro,<br />

investidores de grande porte fazem investimentos<br />

igualmente grandes, apostando<br />

em capitalizar essas ideias e lucrar junto<br />

com os novos empresários. Pensando<br />

nisso, a AIG está dando às operações<br />

de crowdfunding uma chance. Não para<br />

angariar dinheiro para startups, mas para<br />

cobrir as preocupações dos investidores<br />

com as possíveis fraudes nessas<br />

plataformas.<br />

A seguradora afirmou que ainda<br />

existem poucos casos de sinistros de<br />

fraude nesse setor, mas, por se tratar<br />

de uma área nova de atuação, o produto<br />

poderia ajudar a construir a confiança<br />

do investidor.<br />

O produto protege investidores individuais<br />

contra o roubo de ativos causados<br />

por diretores, administradores ou empregados<br />

das plataformas que causarem<br />

qualquer perda direta.<br />

Aderindo a essa inovação, as plataformas<br />

poderão aumentar o seu valor<br />

diante dos clientes. “Como um setor<br />

ainda muito jovem, as plataformas de<br />

crowdfunding são tão fortes como a confiança<br />

que eles têm em seus investidores”,<br />

afirmou Lex Baugh, presidente de Liability<br />

e Linhas Financeiras da companhia.<br />

No momento, Canadá e Reino Unido<br />

já podem contar com o novo produto. A<br />

expansão para outros países dependerá<br />

da legislação de cada um deles e das<br />

necessidades do mercado.<br />

9


gente<br />

Nova presidência<br />

em resseguradora<br />

Responsável por<br />

Rede e Canais<br />

O economista Tarcísio José Massote<br />

de Godoy é o novo presidente da<br />

resseguradora IRB Brasil RE. Entre janeiro<br />

e dezembro de 2015, Godoy exerceu a<br />

função Secretário Executivo do Ministério<br />

da Fazenda do Brasil.<br />

José Carlos Cardoso, que ocupou o<br />

cargo de agosto de 2015 até hoje, irá reassumir<br />

a vice-presidência de Resseguros<br />

da companhia<br />

Reforço para área<br />

comercial<br />

A Lockton Brasil anunciou a contratação<br />

de Leonardo Brunetti como<br />

superintendente Comercial em sua<br />

operação local. Brunetti vai se reportar<br />

a Nicholas Weiser, diretor Executivo da<br />

empresa, responsável pela recém-criada<br />

área de Vendas e Marketing de Ramos<br />

Elementares da companhia, juntamente<br />

com a diretoria de Varejo e Affinity que<br />

já era de sua responsabilidade.<br />

Diretor para divisão<br />

comercial<br />

Eduardo Grillo é o novo diretor executivo<br />

da divisão comercial da Allianz Seguros.<br />

O executivo passa a ser membro do Comitê<br />

Executivo da companhia. Grillo está na seguradora<br />

há dez anos, tendo ocupado até então<br />

o cargo de diretor da Regional Sul.<br />

O executivo Raphael de Luca<br />

Junior acaba de assumir o cargo de<br />

diretor geral da Rede Mapfre e Canais<br />

do Grupo Segurador Banco do Brasil<br />

e Mapfre.<br />

A partir de agora, de Luca é<br />

responsável por toda a estratégia da<br />

área comercial da marca no Brasil.<br />

Anteriormente, o executivo atuava<br />

como diretor comercial da seguradora,<br />

com foco nas regiões Norte, Nordeste,<br />

Centro-Oeste e parte do Sudeste.<br />

Reeleição de diretoria no CCS-RJ<br />

Em eleição no dia 31 de maio, os<br />

associados do Clube dos Corretores<br />

de Seguros do Rio de Janeiro (CCS-<br />

RJ) apostaram em mais um mandato<br />

para a atual diretoria da entidade.<br />

Por aclamação, o presidente Jayme<br />

Torres, o secretário Luiz Mario Rutowitsch<br />

e o diretor financeiro Amilcar<br />

Vianna continuam à frente do clube<br />

até 2018.<br />

10


gente<br />

Gerente de Marine na América Latina<br />

A operação de seguros da XL<br />

Catlin anunciou a promoção de<br />

Maurício Giuntini a gerente Regional<br />

de Marine para a América<br />

Latina. O executivo ficará baseado<br />

em São Paulo e irá se reportar a<br />

Lee Meyrick, Chief Underwriting<br />

Officer global de Marine.<br />

Em sua nova função, Giuntini<br />

trabalhará em colaboração com<br />

Ruben Chanona, subscritor senior<br />

de Marine da XL Catlin, e sua equipe<br />

no México, bem como com os<br />

subscritores da XL Catlin no Brasil<br />

e com corretores de toda a região<br />

para desenvolver as soluções.<br />

Anúncio de novo<br />

presidente<br />

A Orizon tem um novo presidente:<br />

Mario Martins. O executivo já foi diretor<br />

Comercial da empresa entre 2012 e<br />

2014 e recentemente estava na Cielo, um<br />

dos acionistas da empresa, como diretor<br />

de Estratégia e Varejo. Martins retorna<br />

à companhia para dar continuidade ao<br />

trabalho que levou a mais do que dobrar<br />

o EBTIDA da companhia nos últimos<br />

3 anos.<br />

Planos Empresariais com Coparticipação<br />

A assistência médica subsidiada para<br />

funcionários e dependentes, um dos itens<br />

mais corriqueiros dos pacotes de benefícios<br />

oferecidos pelas empresas aos seus funcionários,<br />

está colocando o mundo empresarial<br />

diante de uma grande questão com poucas<br />

respostas. Ofertar e manter o plano de saúde<br />

é uma das práticas de recursos humanos<br />

mais difundidas. É um fator decisivo na<br />

hora de atrair e reter talentos. O benefício<br />

é visto como um grande diferencial, quase<br />

imprescindível, pelos candidatos a emprego<br />

e pelos demais funcionários.<br />

Por outro lado, há uma grande necessidade<br />

organizacional na busca pela redução<br />

de despesas para compensar a queda nas<br />

vendas em decorrência do momento econômico<br />

do país. O que é forte indicativo de que<br />

este esforço será por médio ou longo prazo.<br />

Apesar de já ser uma competência es-<br />

sencial da Ameplan Saúde, a capacidade na<br />

gestão de recursos provedores de serviços e a<br />

pronta reversão desta capacidade em preços<br />

competitivos, ela apresenta mais uma alternativa<br />

àquelas empresas que desejam evitar<br />

o cancelamento do benefício.<br />

Outra razão bastante forte, além da<br />

necessidade de oferecer produtos mais<br />

acessíveis é o de buscar melhorar a gestão<br />

para haver menos desperdícios. O plano<br />

coparticipado induz a sociedade a se preocupar<br />

também com tantos exames e outros<br />

custos desnecessários que contribuem para o<br />

encarecimento dos Planos de Saúde.<br />

Especificamente para a Ameplan Saúde,<br />

esta “preocupação” deve ficar limitada ao<br />

caráter de se moderar o uso dos serviços, evitando-se<br />

o seu uso desnecessário e aleatório.<br />

Para a Operadora, o impacto financeiro<br />

advindo da participação dos beneficiários/<br />

José Silva dos Santos, Diretor Administrativo Financeiro e Laureci Zeviani, Diretor Comercial<br />

pacientes, tem pouca expressão, mas para os<br />

beneficiários o fato de ter que desembolsar<br />

em consultas e exames, provoca uma reflexão<br />

positiva e participativa neste desafio<br />

universal.<br />

O modelo utilizado pela Ameplan Saúde<br />

é bem parecido com outros já presentes<br />

no mercado: Uma participação nos valores<br />

de consultas eletivas; consulta de pronto<br />

socorro; exames simples, exames especiais,<br />

sem participação nas internações.<br />

Além disto, no caso da Ameplan Saúde,<br />

haverá um limitador (teto) de descontos<br />

para cada titular, dentro de cada mês.<br />

Isto promove o caráter regulador (Fator<br />

Moderador) sem penalizar o beneficiário<br />

financeiramente como costuma acontecer<br />

para aqueles pacientes que são acometidos<br />

de patologias crônicas e são obrigados a<br />

realizar consultas e exames para a correta<br />

elucidação da hipótese diagnóstica.<br />

Enfim, mais uma vez a Ameplan Saúde<br />

busca alternativa para oferecer serviços<br />

médicos e hospitalares com qualidade a<br />

um custo acessível.<br />

12


direto de londres<br />

por Luciano Máximo*<br />

A difícil tarefa de<br />

abandonar o Tabaco<br />

Para um fumante, largar o cigarro<br />

demanda trabalho árduo.<br />

Mas como deve ser para uma<br />

seguradora abandonar esse<br />

vício? No mínimo, trata-se de uma operação<br />

complexa...<br />

Claro que estou falando da prática de<br />

investimento dos ativos e prêmios pagos<br />

por clientes em empresas da indústria do<br />

tabaco, um setor “do mal”, alvo permanente<br />

de medidas restritivas (antibusiness) de<br />

governos do mundo inteiro e perseguido<br />

por grupos antitabagistas, mas que, na ponta<br />

do lápis, entrega retorno financeiro acima<br />

da média de mercado para acionistas.<br />

Pois bem, a francesa AXA, maior<br />

seguradora da Europa, está “largando” o<br />

cigarro. A direção da empresa, responsável<br />

por um portfólio de investimentos<br />

de quase US$ 1 trilhão em ativos, tomou<br />

uma decisão emblemática e inédita no<br />

setor que está chacoalhando não apenas<br />

o mundo segurador aqui na Europa, mas<br />

também o setor de gestão de ativos financeiros<br />

em todo o mundo: a seguradora<br />

anunciou que vai cancelar ao longo dos<br />

próximos anos todas as suas aplicações<br />

em empresas listadas em bolsas de valores<br />

ligadas à indústria do tabaco. O<br />

desivestimento total em questão pode<br />

ultrapassar US$ 2 bilhões e gerar até<br />

perdas de receitas no curto prazo!<br />

Logicamente a seguradora seguiu à<br />

risca os manuais de boas práticas corporativas<br />

e capitalizou a complexa decisão<br />

financeira com um discurso bastante responsável<br />

– e hoje politicamente correto.<br />

Num grandioso evento para jornalistas<br />

e investidores no fim de maio, em Paris,<br />

o CEO interino da companhia, Thomas<br />

Buberl, apareceu ao lado de Cary Adams,<br />

CEO da União Internacional para Controle<br />

do Câncer (UICC da sigla em inglês),<br />

para falar do papel da seguradora – que<br />

tem forte atuação nos segmentos vida e<br />

saúde – não só na promoção da saúde, mas<br />

na prevenção de riscos à saúde. Portanto,<br />

nada mais óbvio do que largar o cigarro,<br />

uma das maiores causas de mortes no<br />

mundo há décadas.<br />

“Nós acreditamos fortemente no papel<br />

positivo que o setor segurador pode desempenhar<br />

na sociedade e que as seguradoras<br />

são parte da solução quando se trata de<br />

prevenção de saúde para proteger nossos<br />

clientes. Por isso, não faz sentido para nós<br />

continuar nossos investimentos na indústria<br />

do tabaco. Com esse desinvestimento,<br />

estamos fazendo a nossa parte para apoiar<br />

os esforços dos governos em todo o mundo.<br />

Esta decisão tem um custo para nós, mas<br />

nosso argumento é muito claro: o custo humano<br />

tragado pelo cigarro é trágico; o custo<br />

económico é enorme”, discursou Buberl.<br />

No evento, o executivo estava muito<br />

bem munido de informações dramáticas<br />

sobre o cigarro: líder mundial de causas<br />

de mortes evitáveis no mundo; 6 milhões<br />

de mortes por ano, incluindo 600 mil<br />

não fumantes indiretamente expostas ao<br />

cigarro; previsão de 8 milhões de mortes<br />

por ano a partir de 2030 (80% delas em<br />

países pobres). O custo econômico de<br />

tudo isso também é dramático, continuou<br />

o executivo: o tabagismo tem um custo<br />

de US$ 2,1 trilhões por ano à economia<br />

global; 15% das despesas agregadas dos<br />

sistemas de saúde de países ricos estão relacionadas<br />

aos tratamentos de problemas<br />

causados pelo cigarro.<br />

Mas a decisão da AXA não é apenas<br />

simbólica ou uma pura jogada de marketing<br />

para melhorar a imagem da companhia.<br />

O fato joga pressão sobre o destino<br />

dos investimento de outras seguradoras e<br />

gestoras de recursos e dá força a grupos<br />

ativistas muito bem organizados e conectados<br />

internacionalmente, que infernizam<br />

a vida de grandes corporações com sua<br />

luta pelo desinvestimento no mercado financeiro<br />

de setores como tabaco, petróleo<br />

e de companhias, por exemplo, que têm<br />

práticas de desmatamento ou maltrato<br />

de animais. “Como um dos principais<br />

investidores institucionais no mundo e<br />

uma seguradora líder em saúde, o Grupo<br />

AXA quer ser parte da solução, e nossa<br />

esperança é que outros em nossa indústria<br />

façam o mesmo”, acrescentou Buberl.<br />

O CEO da UICC, Cary Adams, reforçou<br />

o recado: “A UICC e seus parceiros no<br />

mundo todo têm trabalhado diligentemente<br />

ao longo dos últimos anos para envolver<br />

todas as partes da sociedade no reconhecimento<br />

dos efeitos sociais e econômicos<br />

desastrosos que a indústria do tabaco<br />

provoca sobre todos nós. Precisamos de<br />

empresas como a AXA para sinalizar que<br />

investir em uma indústria que mata seus<br />

clientes é simplesmente a coisa errada a<br />

fazer; e este anúncio de desivestimento<br />

de mais de US$ 2 bilhões é um passo<br />

marcante na direção certa. A iniciativa<br />

Carteiras Tabaco Livre, liderado pelo Dr.<br />

Bronwyn King, continuará a incentivar outras<br />

empresas a seguir o exemplo notável<br />

da AXA”, elogiou o ativista.<br />

14


O professor de finanças Mark Wendan,<br />

especialista em seguros, concorda<br />

que o movimento da companhia é<br />

relevante num contexto mais amplo da<br />

comunidade financeira global, mas lembra<br />

que analistas financeiros, gerentes<br />

de fundos bilionários e investidores não<br />

ficam eufóricos com esse tipo de notícia.<br />

“Eles são frios e estão interessados no<br />

retorno, na lucratividade. Um processo<br />

de desinvestimento em cascata não deve<br />

ocorrer no curto e médio prazos só porque<br />

uma empresa deu o primeiro passo.<br />

Claro que tem impacto, mas estamos falando<br />

de um processo cultural lento, que<br />

depende de uma conjunção de fatores: o<br />

passo dado pela AXA é apenas um deles,<br />

mas também é preciso que as empresas<br />

tenham uma política de investimentos<br />

éticos melhor definida, que haja mais<br />

pressão por parte de ativistas e decisões<br />

de governos que continuem a afetar a<br />

lucratividade de setores ‘do mal’, como<br />

a indústria do tabaco”, analisa Wendan.<br />

O próprio caso da seguradora é exemplo<br />

do que diz o especialista. A decisão<br />

de desinvestimento vale apenas para empresas<br />

do grupo que atuam na indústria<br />

seguradora. A comercialização de títulos<br />

e ações de empresas ligadas ao tabagismo<br />

para terceiros feita pela AXA Investment<br />

Managers segue inalterada. “Um buraco<br />

na política de investimento responsável<br />

Thomas Buberl, CEO da AXA<br />

A francesa AXA é maior seguradora europeia<br />

com quase US$ 1 trilhão em ativos<br />

Ranking Seguradora País<br />

Ativos<br />

(US$ bilhões)<br />

1 AXA França 969,9<br />

2 Allianz Alemanha 928,2<br />

3 Legal&General Reino Unido 585,8<br />

4 Aviva Reino Unido 574,7<br />

5 Prudential Reino Unido 573,4<br />

6 Generali Itália 540,4<br />

7 Aegon Holanda 456,4<br />

8 CNP Assurances França 430,5<br />

9 Zurich Suíça 381,9<br />

10 Standard Life Reino Unido 261,8<br />

Maiores da Europa<br />

Fonte: www.relbanks.com<br />

da companhia, tão alardeada com a divulgação<br />

do desinvestimento inédito da<br />

indústria do cigarro”, acrescenta Wendan.<br />

Os números falam por si. Nos Estados<br />

Unidos, as ações de empresas da<br />

indústria do tabaco estão pegando fogo.<br />

Nos últimos 12 meses encerrados em<br />

abril deste ano, os papeis na Bolsa de<br />

Nova York da Altria (dona da marca Philip<br />

Morris) valorizaram-se 30%. Somente<br />

na última década a média anual de retorno<br />

aos acionistas proporcionados pelas<br />

ações da tabagista Altria foi de 17%, de<br />

acordo com o site de análises financeiras<br />

Morningstar. Outra gigante da indústrica<br />

dos cigarros, a Reynolds-American<br />

(fabricantes de marcas como Pall Mall<br />

e Camel, por exemplo), entregou retorno<br />

financeiro com ganhos de 16% na última<br />

década e encerrou os últimos 12 meses,<br />

até abril, com valorização de 40%.<br />

Diante dos números do mercado financeiro<br />

e da complexidade operacional<br />

de uma seguradora do porte da AXA, é<br />

ingenuidade achar que abandonar investimentos<br />

na indústria do tabaco tenha sido<br />

guiado apenas por princípios. Claro que<br />

esse aspecto foi fundamental na inédita<br />

decisão dos diretores da seguradora francesa,<br />

e isso é muito mais que bem vindo<br />

para a sociedade global e mais ainda para<br />

os clientes da seguradora. Mas é preciso<br />

também não ignorar que conflitos entre<br />

áreas financeiras e de responsabilidade<br />

social são regras no mundo corporativo<br />

e impedem avanços institucionais como<br />

esse desinvestimento da companhia. A<br />

esperança é que o exemplo de agora ajude<br />

a equilibrar esses conflitos e inspirar<br />

outras seguradoras.<br />

* Luciano Máximo, jornalista, é repórter licenciado do jornal Valor Econômico,<br />

cobriu o setor de seguros e resseguros na Gazeta Mercantil<br />

15


mercado | do luxo ao popular<br />

Para todos os bolsos<br />

Mercado de luxo<br />

não se intimida<br />

diante do delicado<br />

panorama econômico<br />

e compreende uma<br />

grande oportunidade<br />

para o setor. Ao<br />

mesmo tempo,<br />

seguros ganham<br />

versões mais enxutas<br />

e provam que todos<br />

podem ter acesso<br />

ao produto, mesmo<br />

quando a ordem é<br />

cortar gastos<br />

Lívia Sousa<br />

16<br />

Com a abertura econômica, houve<br />

um incremento tecnológico<br />

e produtos mais sofisticados<br />

começaram a ser produzidos<br />

no Brasil. Além disso, a importação e a<br />

chegada de marcas do segmento premium<br />

aumentaram a oferta de produtos para<br />

pessoas das classes A, AA e AAA.<br />

Os incrementos tecnológicos continuam.<br />

O mesmo, porém, não se pode<br />

dizer da economia, que passa por uma<br />

delicada crise. Mas ao que tudo indica, o<br />

mercado de luxo não se intimidou diante<br />

deste cenário. No mundo, a estimativa é<br />

que o segmento tenha fechado 2015 com<br />

um crescimento de 4%, de acordo com<br />

o estudo “Worldwide Luxury Markets<br />

Monitor 2015 Spring Update”, da Bain<br />

& Company.<br />

Esta categoria, aliás, compreende<br />

uma grande oportunidade para o setor de<br />

seguros, sendo guiados por clientes que<br />

buscam proteção e serviços adequados<br />

ao seu perfil. São pessoas que já trazem a<br />

riqueza de família, que conquistam poder<br />

aquisitivo ao longo dos anos ou, ainda,<br />

que pertencem à classe média alta. Logo,<br />

a companhia que desejar ofertar produtos<br />

neste setor deve, primeiramente, compreender<br />

a peculiaridade de cada cliente.<br />

Automóvel: o destaque da<br />

categoria<br />

Residências de alto valor, pequenas<br />

aeronaves, embarcações, jóias, relógios,<br />

obras de arte, antiguidades e motos acima<br />

de 500 cilindradas são alguns dos produtos<br />

que encontram cobertura neste ramo.<br />

Mas de todas as carteiras, a de automóvel<br />

aparece como protagonista: dados da<br />

Associação Nacional dos Fabricantes de<br />

Veículos Automotores (Anfavea) indicam<br />

que nos primeiros quatro meses de 2016<br />

foram negociadas 644,3 mil unidades<br />

de veículos acima de R$ 100 mil, o que<br />

significa baixa de 27,9% sobre as 893,7


mil unidades do mesmo período do ano<br />

passado. Porém, os carros desta faixa de<br />

preço tiveram um crescimento expressivo<br />

nas vendas.<br />

“O comércio de seguros no segmento<br />

de alto valor apresenta uma situação favorável<br />

em relação às demais categorias<br />

de veículos. Há uma correlação entre o<br />

mercado de seguros e as vendas de veículos<br />

e, neste nicho, a ‘crise’ nas vendas<br />

de veículo zero quilômetro demorou a<br />

chegar. Portanto, o mercado de seguro<br />

pode aproveitar este momento”, garante<br />

o diretor de Automóvel da Tokio Marine,<br />

Luiz Padial. Segundo ele, uma das principais<br />

características que diferenciam o<br />

mercado de automóveis de alto padrão<br />

dos carros populares é que os clientes<br />

dessa categoria procuram contratar produtos<br />

mais completos.<br />

Sendo assim, do ponto de vista da<br />

seguradora, é necessário que o produto<br />

esteja adequado à demanda que deve<br />

receber do proprietário do veículo de<br />

alto padrão. Os automóveis da categoria<br />

contam com tecnologias que, muitas<br />

vezes, não estão disponíveis em carros<br />

de menor valor. Muitos dos veículos de<br />

luxo também são blindados, o que exige<br />

mão de obra especializada em caso de<br />

manutenção. Por isso, para atender o<br />

segmento de forma especializada, as<br />

seguradoras trabalham com pacotes de<br />

serviços e coberturas específicos.<br />

“No serviço de vidros completos<br />

❙❙Luiz Padial, da Tokio Marine<br />

(comuns ou blindados), por exemplo,<br />

estão inclusos os vidros laterais, traseiros<br />

e para brisa, além dos faróis, lanternas<br />

e retrovisores convencionais ou xênon<br />

ou led. Estão cobertos também os faróis<br />

auxiliares e o teto solar e panorâmico.<br />

Em sinistro, com a contratação do serviço<br />

de Carro Reserva, o segurado terá a<br />

opção de um carro reserva sedan médio<br />

2.0 completo ou veículo luxo”, explica<br />

Adriano Fernandes, diretor de Personal<br />

Lines da Yasuda Marítima.<br />

A companhia entrou para o segmento<br />

em fevereiro deste ano, após desenvolver<br />

um seguro específico para atender<br />

proprietários de veículos nacionais ou<br />

importados, sobretudo de categorias<br />

como passeio, SUVs, esportivos, superesportivos<br />

e pick-ups, além de carros blindados.<br />

“Nossas expectativas são boas.<br />

Lançamos o produto depois de pesquisarmos<br />

bastante o mercado e identificarmos<br />

que existe uma demanda a ser atendida.<br />

Além disso, o crescimento desse setor vai<br />

criar boas oportunidades para o ramo de<br />

seguros”, prevê o executivo.<br />

Algumas seguradoras oferecem ainda<br />

possível isenção da franquia quando o<br />

segurado não for culpado pelo sinistro,<br />

indenização pelo valor do veículo zero<br />

quilômetro por 180 dias sem custo adicional,<br />

extensão opcional de indenização<br />

pelo valor do veículo zero quilômetro<br />

para até um ano e cobertura de despesas<br />

extraordinárias com desconto na franquia.<br />

Em comum com as apólices tradicionais,<br />

o valor do seguro vai depender<br />

de diversos fatores, entre eles o perfil do<br />

motorista, o modelo e o ano do carro e o<br />

local de residência. Vale ressaltar que o<br />

segurado dessa categoria está muito mais<br />

preocupado com a qualidade do serviço<br />

prestado do que com o preço do seguro.<br />

Por isso, é necessário disponibilizar uma<br />

rede de serviços de altíssimo padrão,<br />

que esteja adequada ao atendimento das<br />

necessidades desse cliente.<br />

Saúde: crescimento recente<br />

Atendimento e acesso aos melhores<br />

hospitais, centros de diagnóstico e médicos<br />

e profissionais de saúde diferenciados.<br />

Assim é denominado os planos de saúde<br />

premium, mercado que na última década<br />

vivenciou forte crescimento de demanda.<br />

Especificamente entre março de 2014 e<br />

março de 2015, segundo o Instituto de<br />

Estudos de Saúde Suplementar (IESS), a<br />

quantidade de beneficiários de planos de<br />

saúde cresceu 2,1%, sendo que no período<br />

a maior alta (de quase 3%) se deu nos planos<br />

coletivos empresariais – carteira que<br />

abriga dois terços da carteira premium.<br />

A categoria atende, sobretudo,<br />

companhias de alta performance (como<br />

bancos de investimento, agências de<br />

publicidade, escritórios de advocacia,<br />

consultorias renomadas e a alta administração<br />

de grandes empresas) que<br />

oferecem o produto como ferramenta<br />

de atração e retenção de profissionais<br />

altamente qualificados. Segundo o diretor<br />

executivo da One Health, Sergio Cafalli<br />

os principais consumidores deste tipo de<br />

produto são jovens executivos e empresários,<br />

homens e mulheres, com idade a<br />

partir de 25 anos e alto poder aquisitivo.<br />

“São pessoas sofisticadas, com a agenda<br />

bastante ocupada, com interesses em<br />

economia, política, cultura, tecnologia<br />

e sustentabilidade e com referências<br />

internacionais”, pontua.<br />

Essas companhias visam sempre<br />

garantir um pacote de benefícios atraente,<br />

contexto que permite às operadoras<br />

de saúde premium projetar crescimento<br />

nos próximos anos. Entretanto, há um<br />

consenso de que com os ajustes em curso,<br />

a economia brasileira volte a crescer<br />

a partir do próximo ano. “Em razão<br />

❙❙Adriano Fernandes, da Yasuda Marítima<br />

17


do luxo ao popular<br />

❙❙Sergio Cafalli, da One Health<br />

deste cenário, vemos com otimismo as<br />

oportunidades no segmento premium”,<br />

reitera Cícero Barreto, diretor comercial<br />

e de marketing do Grupo Omint. Além<br />

disso, as operadoras de saúde encontram<br />

oportunidades por meio de aumento da<br />

participação no mercado e pelo avanço da<br />

atuação em outras regiões do País, fora<br />

do eixo Rio-São Paulo.<br />

E para disputar este segmento, elas<br />

apostam na criação de rede de médicos<br />

credenciados com grandes nomes da medicina<br />

brasileira e oferecem coberturas<br />

de despesas médicas e hospitalares no<br />

exterior, com suporte diferenciado (incluindo<br />

resgate aéreo) aos clientes quando<br />

precisam usar serviços médicos fora do<br />

Brasil. É feito todo o acompanhamento<br />

do caso e dada a orientação para a busca<br />

dos melhores hospitais e especialistas.<br />

Em alguns casos, os clientes contam com<br />

coberturas que podem chegar a US$ 100<br />

mil para acidentes decorrentes de práticas<br />

esportivas e a US$ 300 mil para demais<br />

urgências médicas; e o Concierge, serviço<br />

que agiliza a coleta de documentos, reservas<br />

e locação de imóveis, em caso de<br />

emergência médica no exterior.<br />

A agilidade é outra marca deste tipo<br />

de produto. Dependendo da urgência do<br />

caso, a autorização para internação e<br />

realização de procedimentos cirúrgicos<br />

é emitida em até seis horas e o reembolso<br />

de consultas feitas fora da rede credenciada<br />

sai em 24 horas, sendo creditado na<br />

conta corrente do associado.<br />

Ainda somam-se à lista coberturas<br />

18<br />

especiais como vacinas e transplantes,<br />

ações e programas para atuar na prevenção<br />

de saúde nas empresas e melhorar<br />

a qualidade de vida dos associados do<br />

plano, acesso do cliente a médicos (inclusive<br />

pediatras) 24 horas por dia – que<br />

dependendo do caso realizam atendimento<br />

em domicílio – , além de programas<br />

especiais de atendimento voltados aos<br />

pacientes crônicos e casos complexos,<br />

atendimento 24 horas para esclarecimento<br />

de dúvidas referentes à saúde, com<br />

possibilidade de coaching (nutricional,<br />

de orientação física e apoio emocional);<br />

e coberturas que contemplam cirurgias<br />

plásticas de caráter estético.<br />

Para este produto, as mensalidades<br />

variam de acordo com o tipo de plano<br />

e as respectivas coberturas contratuais.<br />

“A precificação depende de uma série de<br />

variáveis, como idade dos associados, por<br />

exemplo”, conclui Barreto.<br />

Retenção de talentos<br />

Assim como acontece com os planos<br />

de saúde, a modernização da área de<br />

Recursos Humanos e a preocupação cada<br />

vez maior em manter os funcionários<br />

motivados faz as grandes companhias<br />

recorrerem também aos seguros de vida.<br />

“A área de RH, para qual ofertamos<br />

soluções corporativas, tornou-se mais<br />

estratégica, deixando de ser responsáveis<br />

apenas pela área de pagamento para cuidar<br />

efetivamente da gestão de pessoas.<br />

E quando falamos em gestão de pessoas,<br />

❙❙Gustavo Toledo, da MetLife<br />

❙❙Cicero Barreto, do Grupo Omint<br />

passamos pelo entendimento de necessidades<br />

e realidades”, afirma Gustavo<br />

Toledo, diretor comercial para São Paulo<br />

capital e Baixada Santista da MetLife.<br />

No caso de pequenas e médias empresas,<br />

um diferencial do seguro de vida<br />

é facilitar a adesão, a contratação e o<br />

recebimento de sinistro. Já para clientes<br />

globais, com presença em diferentes<br />

países e realidades distintas, criar soluções<br />

de benefícios que se enquadrem na<br />

realidade de cada operação é visto como<br />

um diferencial.<br />

Nesta carteira, as seguradoras trabalham<br />

para melhorar e otimizar a parte<br />

processual da contratação do seguro e<br />

do recebimento dos sinistros e, para isso,<br />

investem em tecnologias que permitam<br />

ao corretor automatizar o processo e<br />

minimizar as etapas para o cliente. À<br />

medida que o RH ganha papel estratégico<br />

nas corporações, os corretores também<br />

se qualificam para entender esse novo<br />

momento.<br />

“O seguro premium tem como diferencial<br />

a qualidade da entrega. Ou seja,<br />

algo personalizado que reflita as reais<br />

demandas do cliente. É empregada a mais<br />

alta tecnologia para que os principais<br />

processos sejam feitos online. Dessa<br />

forma, torna-se a parte processual mais<br />

ágil e pode-se focar nas necessidades do<br />

cliente e no perfil de funcionários que as<br />

empresas contratam”, diz Toledo. Analisando<br />

esses dois aspectos, são sugeridas<br />

as melhores soluções para cada empresa,<br />

de forma customizada. No caso do cliente


corporativo há uma demanda diferenciada<br />

dependendo do perfil da empresa, por<br />

isso, ouvi-lo é decisivo para o sucesso<br />

deste trabalho.<br />

O valor dos seguros de vida corporativos<br />

depende de um conjunto de<br />

variáveis que incluem o número de vidas<br />

seguradas, o tamanho da cobertura e<br />

a abrangência das assistências. É um<br />

trabalho personalizado equacionar essas<br />

variáveis de forma a criar uma boa<br />

relação custo beneficio.<br />

Residencial: coberturas<br />

completas<br />

“Estudamos o setor e vimos um<br />

potencial muito grande a ser explorado,<br />

além de ser um segmento menos afetado<br />

pela crise. Começamos a vender o<br />

produto em 2014 e, a partir daí, tivemos<br />

um crescimento considerável, cerca de<br />

90% no primeiro ano”, afirma Jarbas<br />

Medeiros, superintendente de Ramos<br />

Elementares da Porto Seguro.<br />

O fato é que há uma crescente conscientização<br />

sobre a necessidade do seguro<br />

residencial, que é ainda maior entre os<br />

clientes que possuem bens mais caros.<br />

Mas para o setor de seguros residenciais,<br />

o que é o mercado de luxo, exatamente?<br />

Na carteira em questão, o segmento premium<br />

pode ser observado com base nos<br />

valores contratados para as coberturas<br />

de estrutura ou conteúdo, o que traz um<br />

indicador do valor da residência e dos<br />

bens que há dentro dela (carros de colecionador,<br />

coberturas para joias, relógios<br />

e bicicletas, obras de artes, danos ao jardim,<br />

entre outros). Há diferentes níveis de<br />

❙❙Jarbas Medeiros, da Porto Seguro<br />

luxo, mas geralmente o produto é destinado<br />

para apartamentos a partir de R$ 700<br />

mil e casas a partir de R$ 1 milhão, até<br />

R$ 50 milhões. Também pode-se dizer<br />

que o valor contratado de R$ 1 milhão<br />

para a cobertura básica (contra incêndio,<br />

queda de raios, explosão, tumultos) é<br />

considerado alto dependendo da região,<br />

pois trata-se do valor de reconstrução do<br />

imóvel e não do valor de mercado (venda).<br />

Este é um tipo de produto que não<br />

pode ser vendido em formato de pacote.<br />

Por isso, é importante que o corretor<br />

molde o tipo de seguro residencial que<br />

cada cliente precisa, levando em consideração<br />

suas necessidades e preferências.<br />

Para isso, é feita uma consultoria para o<br />

consumidor, realizando vistoria cautelosa<br />

e especializada com corretores treinados<br />

e aptos a prestarem o serviço.<br />

“Os clientes que têm bens de alto<br />

❙❙Eduardo Dal Ri, da SulAmérica<br />

valor costumam procurar as coberturas<br />

mais completas, como é o caso do plano<br />

superior da Assistência 24 horas. Entre<br />

os serviços oferecidos estão dedetização,<br />

help desk, check-up idoso e kids, que<br />

verificam a segurança do ambiente para<br />

esses perfis, e descarte responsável, que<br />

consiste na coleta, separação e reciclagem<br />

de eletrodomésticos, eletroeletrônicos e<br />

móveis que não são mais utilizados. Esse<br />

serviço é ideal para quem não quer ter<br />

trabalho ao se desfazer desses itens e ao<br />

mesmo tempo quer dar um destino ecologicamente<br />

correto para eles”, explica o<br />

vice-presidente de Auto e Massificados<br />

da SulAmérica, Eduardo Dal Ri.<br />

Entre os segurados com esse perfil<br />

verifica-se ainda uma maior contratação<br />

da cobertura de danos elétricos,<br />

considerando que o número e o valor<br />

dos equipamentos que possuem em casa<br />

normalmente são maiores. Além disso, há<br />

uma consciência maior entre eles de que<br />

um simples pico de luz pode danificar os<br />

aparelhos e que esta cobertura representa<br />

uma proteção a mais.<br />

Os valores cobrados, porém, são<br />

mais baixos do que as pessoas pensam,<br />

principalmente se levado em conta o<br />

valor do imóvel. “Quando falamos de<br />

residências com valor contratado de<br />

R$ 1 milhão para a cobertura básica, o<br />

seguro custa em média 0,2% do valor<br />

da residência, dependendo das demais<br />

coberturas contratadas. Esse pequeno<br />

custo representa uma grande proteção”,<br />

salienta Dal Ri.


mercado | do luxo ao popular<br />

Enxutos e eficientes<br />

Produtos são criados<br />

para atender a um<br />

público com menor<br />

poder aquisitivo ou que<br />

não quer deixar de ter<br />

a proteção para sua<br />

vida e seu patrimônio,<br />

mesmo diante de<br />

tempos de crise.<br />

Livia Sousa<br />

Até pouco tempo, a grande<br />

estratégia das seguradoras<br />

para se destacar em um mercado<br />

competitivo era a aposta<br />

em serviços de excelência e a oferta de<br />

coberturas diferenciadas. Com a crise<br />

econômica, porém, o quadro apresentou<br />

uma mudança significativa: a classe C,<br />

que vinha numa crescente, se retraiu; e o<br />

índice de inadimplência aumentou. Muitos<br />

clientes, inclusive, deixaram de renovar<br />

ou contratar novos tipos de seguro.<br />

As companhias passaram, então, a<br />

intensificar os investimentos em produtos<br />

de custos mais atrativos, que ficavam em<br />

segundo plano nas estratégias comerciais.<br />

Mais uma vez, as carteiras automóvel e<br />

residencial saíram na frente ao elaborar<br />

seguros menos abrangentes – e que, ao<br />

mesmo tempo, suprem perfeitamente as<br />

20<br />

❙❙Ana Paula Fernandes, da Lockton<br />

necessidades do cliente final. Operadoras<br />

de saúde também apostam em planos<br />

voltados a este público.<br />

“O mercado visualiza como baixo<br />

custo ou básico um seguro em que se pode<br />

reduzir ao máximo o tipo de contratação<br />

e ainda assim garantir a cobertura dos<br />

bens”, diz Ana Paula Fernandes, gerente<br />

de Varejo da corretora Lockton Brasil.<br />

Estes seguros normalmente são diferentes<br />

de um seguro completo, justamente pelas<br />

cláusulas e coberturas mais simples.<br />

Para a executiva, a evolução deste tipo<br />

de produto, que tem sido bastante alta,<br />

deve continuar neste patamar. “Ao incluir<br />

o produto em seu portfólio, as seguradoras<br />

alcançam resultados positivos”, completa.<br />

O desejo dos brasileiros<br />

Desde o inicio dos anos 2000, a<br />

classe C vinha melhorando a condição<br />

social e o plano de saúde foi tomando<br />

importância na escala de prioridades<br />

deste público. Mas segundo a Agência<br />

Nacional de Saúde Suplementar (ANS),<br />

entre março de 2015 ao mesmo mês<br />

deste ano o setor de planos de saúde<br />

perdeu aproximadamente 1,3 milhão de<br />

beneficiários. Do total, 617 mil perdas<br />

aconteceram no primeiro semestre de<br />

2016. “Além dos trabalhadores que<br />

ficaram desempregados e deixaram de<br />

ter este benefício através dos planos<br />

empresariais, uma boa parte das exclusões<br />

são contratantes individuais que<br />

reclassificaram suas prioridades”, analisa<br />

Laureci Zeviani, diretor comercial da<br />

Ameplan Assistência Médica Planejada.<br />

Ainda assim, de acordo com uma<br />

pesquisa recente realizada pelo Ibope<br />

Inteligência, os planos de saúde continuam<br />

sendo um dos maiores desejos da<br />

população, ocupando o terceiro lugar<br />

neste ranking e ficando atrás apenas dos<br />

itens “educação” e “casa própria”.<br />

Nesta categoria não há o chamado<br />

serviço popular, considerando que os planos<br />

de saúde são todos iguais do ponto de<br />

vista legal e, por isso, obrigados a entregar<br />

os mesmos serviços previstos na Lei<br />

9.656/98. “Todos eles são tradicionais.<br />

A diferenças está nas competências com<br />

que cada um entrega o seu serviço para<br />

o público-alvo. Se podemos classificar<br />

os diferentes serviços, entre as diferentes<br />

❙❙Laureci Zeviani, da Ameplan


❙❙Fábio Leme, da HDI<br />

operadoras e seguradoras, esta nos parece<br />

a mais evidente”, declara Zeviani.<br />

As diferenças ficam em “onde” e<br />

“como” cada uma disponibiliza o serviço.<br />

Operadoras focadas nos públicos<br />

C e D, por exemplo, fazem uso maciço<br />

de rede própria, levando para dentro de<br />

casa os procedimentos de média e alta<br />

complexidade. A capacidade destas<br />

operadoras em entregar a mesma coisa,<br />

porém mais barato, é que permite a elas<br />

adotar preços mais baixos.<br />

Por outro lado, algumas operadoras<br />

e seguradoras não exercem uma gestão<br />

rígida como característica de seu modelo<br />

de operação e público-alvo e permitem<br />

uma liberdade maior de seus beneficiários,<br />

seja pela livre escolha ou pelos recursos<br />

credenciados que ofertam. “Há outros planos<br />

voltados para diferentes públicos que<br />

oferecem reembolso, remoção aérea, entre<br />

outras despesas”, conclui o executivo.<br />

Coberturas essenciais<br />

O seguro é para o carro, mas a lista<br />

de coberturas inclui incêndio em residência,<br />

clube de descontos e até mesmo<br />

pet shop. Se a ordem é economizar, por<br />

que não reduzir a lista de serviços sem<br />

comprometer as reais necessidades do<br />

consumidor? É assim que as seguradoras<br />

trabalham no segmento de automóvel,<br />

deixando apenas coberturas como roubo,<br />

perda total por colisão e Responsabilidade<br />

Civil em produtos de baixo custo.<br />

“As seguradoras já contavam com<br />

essas opções de produtos, mas não como<br />

uma estratégia comercial. Pelos próximos<br />

dois ou três anos, enquanto o Brasil não<br />

apresentar uma recuperação econômica<br />

clara, o produto terá muita aceitação”,<br />

prevê o vice-presidente de Seguros Corporativos<br />

da Liberty Seguros, Paulo Umeki.<br />

O seguro de automóvel, em sua forma<br />

enxuta, muitas vezes atrai pessoas<br />

de alto poder aquisitivo, que não se<br />

importam em adquirir um produto mais<br />

barato desde que tenham tranquilidade<br />

e sejam bem atendidas. É o que garante<br />

Fábio Leme, diretor de Automóveis e<br />

Massificados da HDI Seguros. “Procurar<br />

ter custo mais baixo possível é uma<br />

característica do consumidor de seguros<br />

desde a última década. Ele quer uma<br />

boa seguradora que ofereça serviços que<br />

te satisfaçam, mas pagando um preço<br />

justo”, argumenta o executivo, que já vê<br />

o aumento de demanda para este tipo<br />

de seguro e aposta na permanência das<br />

classes mais altas neste mercado, mas<br />

não acredita na contratação “explosiva”<br />

em meio à crise econômica.<br />

Em geral, este tipo de proteção<br />

funciona da mesma maneira que um seguro<br />

de automóvel tradicional, mas com<br />

coberturas menos abrangentes. Serviços<br />

não ligados à reparação do veículo (como<br />

o carro reserva) são eliminados e, com<br />

isso, há uma redução de 10% a 12% no<br />

valor do prêmio. Caso o segurado opte<br />

pela exclusão da cobertura de colisão,<br />

o prêmio pode ser ainda mais baixo.<br />

Há ainda a possibilidade de contratar o<br />

produto com perda parcial de franquia<br />

dobrada, o que também ajuda na redução<br />

do prêmio do seguro.<br />

Como é de se esperar, uma série de<br />

variáveis (como a cidade, o tipo de veículo<br />

e o perfil do condutor) afetam o valor deste<br />

seguro, mas em média a proteção sai por<br />

R$ 1.700 na grande São Paulo. É importante<br />

destacar que o seguro de automóvel de<br />

baixo custo nada tem a ver com o Seguro<br />

Auto Popular, produto com regulamentação<br />

recém-aprovada pelo Conselho Nacional<br />

de Seguros Privados (CNSP) que focará<br />

nos donos de veículos com mais de cinco<br />

anos de uso e terá principal característica<br />

a utilização de peças recondicionadas ou<br />

seminovas para reparo dos veículos.<br />

Carteira a ser explorada<br />

Pesquisas apontam que, no Brasil,<br />

menos de 14% dos imóveis possuem seguro.<br />

Sendo assim, há um enorme cenário<br />

❙❙Paulo Umeki, da Liberty<br />

a ser explorado pelas seguradoras quando<br />

o assunto é a proteção para residências.<br />

“O seguro residencial é mais barato do<br />

que as pessoas imaginam. Dependendo<br />

da região e das coberturas contratadas,<br />

é possível proteger a residência contra<br />

os principais eventos, como incêndio e<br />

explosão, por menos de R$ 100 por ano”,<br />

diz Eduardo Dal Ri, da SulAmérica.<br />

Neste produto, há uma interessante<br />

relação custo-benefício. Em média, um<br />

seguro residencial básico custa R$ 400.<br />

Vale ressaltar que as condições de pagamento<br />

também são facilitadas e, dependendo<br />

da seguradora, ganham desconto<br />

e podem ser parceladas.<br />

“São oferecidas coberturas que<br />

incluem desde reparos hidráulicos, passando<br />

por conserto de máquinas de lavar<br />

até consultas veterinárias para animais de<br />

estimação”, afirma Jarbas Medeiros, da<br />

Porto Seguro, companhia que em 2015<br />

registrou um crescimento de aproximadamente<br />

25% neste mercado. “É um seguro<br />

que vem se popularizando, fazendo com<br />

que as pessoas conhecem seus benefícos<br />

e vantagens”, acrescenta o executivo.<br />

Mesmo o seguro residencial básico<br />

garante tranquilidade ao segurado por<br />

meio da assistência 24 horas, permitindo o<br />

acionamento de profissionais qualificados<br />

que, dependendo da empresa, é oferecido<br />

sem custo adicional. “Se fossem solicitados<br />

de forma particular, esses serviços<br />

custariam um valor significativo. Alguns<br />

encanadores, por exemplo, chegam a cobrar<br />

mais de R$ 100”, declara Eduardo Dal<br />

Ri, da SulAmérica. Eles ainda têm direito<br />

a serviços como eletricista, chaveiro e<br />

vidraceiro, caso necessitem.<br />

21


especial ciab | tecnologia<br />

Incorporando<br />

novas ferramentas<br />

Como todo segmento disposto a inovar em seus processos, o<br />

mercado segurador esbarra em desafios tecnológicos. Empresas<br />

preparadas para esta realidade colherão os melhores resultados<br />

22


por Lívia Sousa<br />

A<br />

evolução tecnológica acontece<br />

praticamente sem intervalos<br />

em todas as esferas, deixando<br />

cada vez mais claro que quem<br />

não acompanhá-la terá grandes chances<br />

de ser prejudicado em um futuro próximo.<br />

O setor de seguros já se mostra atento<br />

a essas inovações, com corretoras e seguradoras<br />

se preparando para trabalhar com<br />

o novo público e lidar com as mudanças<br />

que surgem em relação aos riscos.<br />

“As comunicações interna e externa<br />

deverão passar por grandes adaptações<br />

nos próximos anos. A geração milênio<br />

e as gerações mais novas já preferem se<br />

atualizar vendo um vídeo na sua estação<br />

de trabalho do que receber e ler um e-<br />

mail sobre o mesmo tema. O mercado de<br />

seguros deverá evoluir nessa direção e essa<br />

evolução, possivelmente, chegará com um<br />

melhor entendimento do produto seguro,<br />

dos contratos comprados e do uso dos<br />

serviços e benefícios”, pontua Mauricio<br />

Galian, diretor geral de Tecnologia, Operações<br />

e Pós Venda do Grupo BB e Mapfre.<br />

Mas como todo segmento disposto a<br />

incorporar novidades em seus processos,<br />

o ramo securitário esbarra em alguns desafios<br />

no desenvolvimento e na aplicação<br />

dessas ferramentas. Muitos dos gargalos<br />

estão intrinsecamente ligados à mudança<br />

de perfil do cliente, que é sempre o principal<br />

foco de cada nicho. Mais exigente,<br />

informado e multimodal, o consumidor<br />

❙❙Mauricio Galian, do Grupo BB e Mapfre<br />

moderno avalia uma grande quantidade<br />

de conteúdo antes de definir a compra e<br />

quer serviços personalizados.<br />

“Para acompanharem a prática da<br />

mobilidade e toda essa tendência crescente,<br />

a fim de se manterem no mercado<br />

de forma competitiva, essas empresas<br />

devem estar totalmente prontas para<br />

atender a esse cliente, provendo toda a<br />

estrutura necessária”, lembra o diretor<br />

vice-presidente de TI do Banco Bradesco,<br />

Maurício Machado de Minas.<br />

As companhias devem trabalhar<br />

iniciativas de mudanças e, com uma boa<br />

base, priorizar a segurança da informação,<br />

algo desafiador e primordial para todos<br />

os vértices do negócio. As seguradoras<br />

devem priorizar ações para que o assunto<br />

seja trabalhado como algo intrínseco.<br />

“Vale destacar a relação entre prestação<br />

de serviços e a troca de informação,<br />

priorizando a garantia de qualidade do<br />

conteúdo, além da diminuição de fraudes.<br />

É um mal existente”, frisa Machado.<br />

Entraves<br />

Os primeiros entraves aparecem na<br />

infraestrutura das telecomunicações –<br />

que no Brasil, além de somar milhares<br />

de reclamações, é a mais cara do mundo<br />

em telefonia celular, segundo a União<br />

Internacional de Telecomunicações, da<br />

Organização das Nações Unidas (ONU).<br />

“Precisamos de uma infraestrutura mais<br />

robusta, mais ágil e com uma abrangência<br />

maior”, frisa a CIO da Liberty<br />

Seguros, Ana Lucia D’Amaral. Segundo<br />

ela, o setor busca alternativas para os<br />

momentos em que a comunicação precisa<br />

ser realizada de maneira offline ou com<br />

uma conectividade limitada. “Por isso, é<br />

fundamental utilizar alternativas de operadoras,<br />

links, banda larga etc”, completa.<br />

Além de aproximar canais e clientes,<br />

a tecnologia beneficia qualquer mercado.<br />

Para o ramo securitário, especificamente,<br />

favorece a propagação da cultura de<br />

seguros no Brasil, fator importante para<br />

o setor, que ainda tem muito espaço para<br />

crescer; para a economia e para a própria<br />

sociedade. “Esses temas fazem parte do<br />

ecossistema da transformação digital e<br />

este é o novo grande desafio das empresas<br />

que precisam ser ágeis na busca pela<br />

transformação”, diz Galian.<br />

❙❙Ana Lucia D’Amaral, da Liberty<br />

Para as companhias que atuam neste<br />

nicho há uma maior necessidade de se<br />

estruturar, processar e interpretar o volume<br />

de dados que recebem e armazenam<br />

(informações oriundas de corretores,<br />

parceiros, clientes, canais, redes sociais,<br />

telemetria, notícias, mercado externo e<br />

dados de cotações). Se tratadas corretamente,<br />

essas informações resultam em<br />

processos mais eficientes, melhoria da<br />

operação e redução da burocracia.<br />

“As seguradoras trabalham com<br />

estatísticas, modelos atuariais e análises<br />

preditivas, por isso a necessidade do<br />

tratamento eficiente das informações<br />

para dar respostas rápidas, criar produtos<br />

diferenciados, agilizar o pagamento de<br />

sinistros e gerar informações claras e<br />

simples para o segurado e o corretor”,<br />

afirma Adilson Lavrador, diretor de<br />

Operações e Tecnologia da Tokio Marine.<br />

Ou seja, quanto mais o setor conhecer<br />

seu mercado e seu público, mais eficiente<br />

será na precificação de seus produtos e<br />

melhor será sua capacidade de oferecer<br />

serviços de qualidade. Neste contexto, a<br />

exploração de Big Data (volume de dados,<br />

estruturados ou não, que impactam<br />

os negócios diários), a disponibilização<br />

de serviços digitais e a mobilidade são<br />

tecnologias que as seguradoras devem<br />

olhar com atenção.<br />

Interagindo com o<br />

consumidor<br />

O mercado bancário é um exemplo<br />

23


tecnologia<br />

24<br />

❙❙Adilson Lavrador, da Tokio Marine<br />

de setor que fomenta fortemente a interação<br />

digital com o cliente. As companhias<br />

de seguros estão conscientes sobre a<br />

importância de se gerar serviços digitais<br />

que facilitem a vida do consumidor final<br />

e deem a ele autonomia para utilizar o<br />

seguro e os serviços disponíveis de forma<br />

simples e prática. Porém, garantir que ele<br />

use seus aplicativos torna-se um desafio,<br />

pois diferente dos produtos bancários,<br />

os produtos de seguros ainda não são<br />

utilizados com grande frequência.<br />

De acordo com Mauricio Galian, do<br />

Grupo BB e Mapfre, é imprescindível se<br />

desenvolver soluções para que o cliente<br />

interaja com a seguradora e desfrute<br />

dos serviços e benefícios. “É preciso<br />

responder com rapidez e eficiência aos<br />

sinistros, solicitação dos serviços de assistências,<br />

emissão das apólices e outros<br />

documentos. As empresas têm investido<br />

no processo de facilitação e à ‘multicanalidade’,<br />

ou seja, o cliente conseguir<br />

fazer todas as operações no canal que<br />

ele escolher, podendo inclusive iniciar<br />

por um canal e completar por outro,<br />

tudo muito integrado para facilitar sua<br />

vida”, explica.<br />

É necessário ainda identificar com<br />

precisão clientes específicos por meio<br />

das diversas fontes de dados, para atender<br />

suas reais necessidades, antecipar as<br />

ações e conduzir mais negócios com o<br />

consumidor. Para isso, são trabalhadas<br />

tanto informações internas do consumidor<br />

quanto externas – esta última,<br />

fruto das interações realizadas pelas<br />

redes sociais, para a melhoria contínua<br />

de produtos e processos. Também são<br />

estudados o comportamento do consumo<br />

no Brasil e no mundo para pensar sobre<br />

novas soluções em tecnologia.<br />

Avanços<br />

Nos últimos anos, as empresas do<br />

setor lançaram mão de várias ferramentas<br />

tecnológicas até pouco tempo vistas<br />

como distantes do presente. Uma delas<br />

é a telemetria, utilizada para determinar<br />

o valor de seguros de automóvel. “No<br />

futuro próximo, todos os carros serão<br />

conectados, o que deve ampliar a adesão<br />

a este tipo de tecnologia, tanto pelos<br />

segurados quanto pelas seguradoras.<br />

Com isso, a precificação será mais justa<br />

e customizada, de acordo com o uso do<br />

veículo de cada cliente. Será um novo<br />

jeito de fazer seguros”, aposta Ana Lucia<br />

D’Amaral, da Liberty Seguros.<br />

Nos Estados Unidos, a companhia<br />

já utiliza a telemetria há mais de cinco<br />

anos, com uma adoção da ferramenta<br />

em novas apólices superior a 50%. No<br />

Brasil, a adoção desse tipo de tecnologia<br />

tem se mostrado promissora: nos pontos<br />

de venda onde o programa Direção em<br />

Conta (ação que calcula o preço do seguro<br />

de acordo com o comportamento do<br />

segurado no trânsito) é comercializado,<br />

uma em cada três apólices já é vendida<br />

com o programa.<br />

A Internet das Coisas também deve<br />

ser frequentemente utilizada pelo mercado,<br />

uma vez que este conceito pode mudar<br />

a relação que a seguradora tem com os<br />

seus clientes e possibilita melhores práticas<br />

do negócio, oferta de novos serviços e<br />

melhor avaliação dos níveis de risco dos<br />

consumidores.<br />

“Nesse ínterim, a nanotecnologia<br />

vem se destacando. Ela está cada vez<br />

mais presente no dia a dia do consumidor,<br />

em pequenas coisas, literalmente,<br />

como o que está ao alcance das mãos<br />

dentro de um carro. E as seguradoras<br />

devem aproveitar este cenário que tem<br />

um mundo promissor a ser descoberto<br />

a partir da construção de estruturas e<br />

novos materiais através dos átomos. E a<br />

forma como o segurado cuida e mantém<br />

seus bens afeta a indústria de seguros. O<br />

consumidor fica mais alerta aos riscos”,<br />

explica Maurício Machado de Minas, do<br />

Banco Bradesco.<br />

E-mail, aplicativos, comunicação<br />

via ‘push’ e WhatsApp também são<br />

frequentemente utilizados neste contexto,<br />

assim como a possibilidade de<br />

renovação dos seguros via SMS, o aviso<br />

de sinistro feito pela web e a contratação<br />

de seguros via vending machines e gift<br />

card, ambos à disposição em gôndolas<br />

de supermercados.<br />

A mais afetada<br />

Em operações e sinistros, a busca<br />

pela excelência é constante, motivo pelo<br />

qual a área tende a ser uma das que mais<br />

enfrenta desafios tecnológicos. Os principais<br />

direcionadores neste setor ficam<br />

com a eficiência nos processos, a diminuição<br />

da burocracia, a eliminação de<br />

retrabalho, a agilidade na resposta, além<br />

da redução do uso de papel e da criação<br />

de serviços digitais. Assim, é preciso garantir<br />

que as informações cheguem com<br />

qualidade e que se tenha uma interação<br />

cada vez mais digital.<br />

“Os sistemas de BackOffice têm de<br />

ser ágeis e robustos, proporcionando produtividade<br />

ao time de operação, para que<br />

os clientes internos e externos tenham<br />

respostas rápidas e precisas”, afirma<br />

Adilson Lavrador, da Tokio Marine.<br />

Quanto mais transparentes e ricas forem<br />

as informações repassadas aos segurados<br />

e corretores na regulação de sinistros, e<br />

mais ágeis forem os processos de indenização,<br />

mais percepção de qualidade a<br />

seguradora passará e melhor será o nível<br />

de serviço prestado.<br />

Soluções ou problemas?<br />

A seguradora aderiu a uma nova<br />

ferramenta tecnológica, mas não sabe<br />

quais serão os resultados reais após sua<br />

aplicação? Ponto negativo. É importante<br />

lembrar que a tecnologia, por si só, não<br />

agrega valor. Muitos dos entraves aparecem<br />

justamente quando se tenta utilizar<br />

tecnologias sem o conhecimento de seu<br />

valor efetivo para o negócio como, por<br />

exemplo, uma solução de telemetria<br />

sem saber o que fazer com a informação<br />

coletada ou uma colocação de produto


❙❙Ciro Jacob, da Aon<br />

para venda na internet sem conhecer<br />

o mercado e não saber tratar o cliente<br />

virtual no pós-venda. “Tudo isso pode<br />

se transformar em problemas ao invés<br />

de soluções e oportunidades”, destaca<br />

Lavrador.<br />

É necessário trabalhar com soluções<br />

diferentes para cada tipo de operação. A<br />

corretora Marsh, por exemplo, se baseia<br />

em alguns focos básicos. O primeiro<br />

em grandes seguros, em que o cliente<br />

conta com um perfil customizado e a<br />

companhia utiliza ferramentas analíticas<br />

para estudar esse tipo de risco. Já<br />

em middle marketing, as tecnologias<br />

tradicionais ganham protagonismo. Mas<br />

é em consumo que essas inovações têm<br />

maior influência.<br />

“Em consumo, os ciclos de aquisição<br />

são muito rápidos e não podem ter custo<br />

muito alto. Então, a aposta são as centrais<br />

de atendimento, as ferramentas analytcs<br />

(não só em modelagem de dados, mas<br />

também em medir processos e eficiências)<br />

e a mobilidade, com o objetivo de<br />

se fechar negócio com agilidade”, explica<br />

Roberto Antelmo, CIO da empresa na<br />

América Latina e Caribe.<br />

Ausência de padronização<br />

O mercado segurador ainda é incipiente<br />

quanto à padronização da interação<br />

entre todos os envolvidos na cadeia<br />

de valor (seguradora, corretora e cliente).<br />

Hoje, cada companhia de seguro tem sua<br />

particularidade retratada no modelo de<br />

comunicação com as corretoras e seus<br />

clientes que, de acordo com Ciro Jacob,<br />

diretor de operações de H&B da Aon<br />

Brasil, impacta em aumento no custo<br />

de implementação de novas plataformas<br />

tecnológicas, gera retrabalho e perda de<br />

produtividade.<br />

“As iniciativas do mercado são excelentes,<br />

mas ainda muito voltadas para<br />

cada companhia de seguro de forma<br />

não integrada. A falta de unicidade na<br />

discussão de padrões, processos e sistemas<br />

ainda é o principal fator de atraso<br />

do setor”, explica, acrescentando que<br />

este desafio ocorre desde a cotação até o<br />

faturamento do cliente.<br />

Na tentativa de resolver este tipo de<br />

entrave, a companhia investe no desenvolvimento<br />

de plataformas próprias, como<br />

um sistema que normaliza a interação<br />

com os clientes e as seguradoras; além<br />

de realizar checagens que aumentam a<br />

produtividade nos processos.<br />

Entretanto, Roberto Antelmo, da<br />

Marsh, considera a falta de integração<br />

um trabalho muito maior do que a própria<br />

aplicação da tecnologia. “O setor desenvolve<br />

tecnologia, mas ao mesmo tempo<br />

não há uma discussão conjunta”, declara.<br />

Como exemplo, o executivo cita o mercado<br />

americano, que apesar de ainda ter pontos<br />

a evoluir já conta com alguns padrões. “No<br />

Brasil e na maioria dos países da América<br />

Latina, não há padrões ou protocolos”,<br />

afirma, completando que esses gargalos<br />

devem ser tratados em sua origem.<br />

Inovação versus demanda<br />

O mercado segurador tem se empenhado<br />

para solucionar os novos desafios<br />

e até mesmo antever outros tipos de<br />

gargalos tecnológicos. Os órgãos reguladores,<br />

inclusive, estão se adaptando<br />

a essa nova tendência, buscando novos<br />

caminhos para o diálogo entre seguradoras<br />

e cliente – o que significa estreitar<br />

os laços de comunicação, torná-los mais<br />

transparentes e facilitar a linguagem das<br />

apólices para a compreensão por todas<br />

as faixas de públicos. “É uma lacuna<br />

que pode atrasar retornos e processos<br />

e, muitas vezes, separa um risco real da<br />

sensibilidade dos clientes para a aquisição<br />

de uma apólice que proteja contra<br />

❙❙Roberto Antelmo, da Marsh<br />

esse risco”, diz Maurício Machado de<br />

Minas, do Banco Bradesco.<br />

Já Mauricio Galian, do Grupo BB<br />

e Mapfre, diz que o setor vem obtendo<br />

grandes avanços na busca por novas<br />

soluções. Contudo, elas dificilmente<br />

superarão as demandas em virtude da<br />

velocidade pela qual a tecnologia se<br />

desenvolve – o que para ele é positivo.<br />

“Assim como ocorre em outros mercados,<br />

no setor de seguros o motor da inovação<br />

é alimentado pelas necessidades dos<br />

consumidores”, argumenta.<br />

Entretanto, ainda há a necessidade<br />

de evolução para análises preditivas e<br />

modelos de precificação mais precisos;<br />

produtos e serviços inovadores e diferenciados;<br />

prover qualidade e agilidade<br />

no atendimento; ampliar a capacidade<br />

para detecção de abuso de fraudes; gerenciamento<br />

eficiente de risco; melhorar o<br />

entendimento das pessoas sobre o seguro;<br />

e investir em tecnologias digitais e de<br />

mobilidade.<br />

Outro ponto é o investimento de<br />

tecnologia em prol da desburocratização,<br />

que segundo Machado melhoraria<br />

fatalmente processos no dia a dia. “Não<br />

podemos esquecer da tendência de compartilhamento<br />

de serviços. Hoje, já há<br />

partilha de carros, de casas, o que demanda<br />

estudos para saber como proceder em<br />

relação à taxação de seguros desse novo<br />

nicho. Ou seja, temos um mundo a ser<br />

desvendado ainda”, conclui.


especial ciab | indra<br />

Parceria para a<br />

transformação digital<br />

Para enfrentar os desafios da disruptura digital,<br />

seguradoras buscam apoio de empresas<br />

especializadas no setor<br />

Inovação é a palavra de ordem atual.<br />

Buscar a comunicação integrada<br />

com o cliente, aproveitando todas as<br />

possibilidades da mobilidade é outro<br />

desafio. A questão da transformação<br />

digital está presente em todos os setores<br />

da economia, inclusive e, principalmente,<br />

no setor financeiro, que envolve bancos,<br />

seguradoras e empresas de cartões de<br />

crédito.<br />

“Quando se fala em transformação<br />

digital, é possível falar sobre qualquer<br />

transação por um meio móvel, como<br />

smartphones, tablets ou até Internet das<br />

Coisas. É preciso possuir uma base de<br />

sustentação tecnológica capaz de suportar<br />

a utilização de todos esses meios<br />

digitais. Entretanto, no Brasil, para o<br />

mercado de seguros, ainda há algumas<br />

barreiras a serem transpostas, sendo, a<br />

principal delas, a regulatória”, explica<br />

Marcos Cardoso, diretor de Serviços<br />

Financeiros da Indra.<br />

O marco regulatório dos seguros no<br />

Brasil dificulta um pouco a inserção de<br />

novas tecnologias digitais. Por exemplo,<br />

a necessidade de assinatura física em<br />

alguns produtos. Há também uma característica<br />

de risco no Brasil, como o do<br />

seguro auto, cujo processo de contratação<br />

é um pouco mais burocrático e limita a<br />

utilização de um dispositivo móvel.<br />

A Indra consegue apoiar esta transformação<br />

digital com soluções próprias,<br />

de várias formas. “Trabalhamos desde<br />

a base tecnológica, para seguros, com<br />

solução ‘core’ de ponta a ponta e, para<br />

bancos, da mesma forma, suportando<br />

todas as tecnologias. Pensando em se<br />

consolidar como parceiro tecnológico de<br />

seus clientes nos desafios que implicam<br />

a transformação digital, a Indra lançou<br />

em fevereiro deste ano a Minsait, unidade<br />

que aporta um amplo portfólio de<br />

soluções de negócio, um modelo próprio<br />

e diferenciado de entrega e equipes multidisciplinares<br />

formadas por especialistas”,<br />

afirma Cardoso.<br />

Além das soluções de mobilidade, é<br />

possível inserir outras camadas importantes<br />

como, por exemplo, a utilização<br />

inteligente de toda a camada de dados.<br />

“Temos uma solução chamada Sofia2,<br />

que é um middleware capaz de processar<br />

milhares de ocorrências por segundo,<br />

com capacidade de armazenamento Big<br />

Data com regras integradas, interfaces<br />

multiprotocolo, multilinguagem e operável<br />

a partir de um console web. Entre<br />

várias vantagens, facilita a interoperabilidade<br />

entre dispositivos, gerando inteligência<br />

sobre a informação captada”,<br />

pontua o executivo.<br />

Tanto bancos quanto seguradoras<br />

têm o entendimento<br />

de que o volume de dados<br />

e as várias possibilidades<br />

de geração de informações<br />

inteligentes, seja para<br />

suportar o serviço para<br />

o cliente, seja para a<br />

captação de novos negócios,<br />

são extremamente<br />

importantes.<br />

Cardoso ressalta<br />

que “dentro da questão<br />

de segurança das<br />

aplicações, já existe<br />

tecnologia para toda a<br />

parte biométrica, inclusive de<br />

reconhecimento de face e assinatura<br />

digital. São serviços que completam esta<br />

exigência das soluções digitais que estão<br />

no mercado. O mercado europeu tem se<br />

mostrado mais ousado neste segmento, e<br />

nós temos aproveitado bastante desta capacidade<br />

da Indra na Europa para trazer<br />

novidades ao Brasil”.<br />

O ano de 2016 é de consolidação para<br />

a Indra no mercado de serviços financeiros.<br />

A empresa possui mais de sete mil<br />

funcionários no Brasil, dos quais, mais<br />

da metade, estão dedicados apenas ao<br />

desenvolvimento e suporte de soluções<br />

de tecnologia para este mercado.<br />

Marcos Cardoso, diretor de<br />

Serviços Financeiros da Indra<br />

26


27


especial ciab | csc<br />

CSC compra a XChanging<br />

e desponta em serviços<br />

digitais para seguros<br />

O<br />

bilionário mercado mundial<br />

de seguros acaba de ganhar<br />

um reforço em oferta de<br />

sistemas e serviços que<br />

podem ajudar as seguradoras a oferecer<br />

soluções inovadoras a seus segurados.<br />

Isto é o que a CSC pretende fazer de<br />

forma mais efetiva, a partir da compra<br />

da empresa de software e terceirização<br />

de serviços de seguros XChanging,<br />

anunciada recentemente.<br />

Com essa transação, a CSC passou<br />

a ter aproximadamente 66 mil funcionários<br />

globais, dos quais 18 mil são dedicados<br />

exclusivamente a seguros. Para<br />

Alexandre Elid, gerente sênior da Área<br />

de Seguros da CSC, esse empenho da<br />

empresa tem um motivo bastante concreto:<br />

“os mercados e o comportamento das<br />

pessoas estão mudando e as empresas<br />

têm de se adaptar para se destacar. Na<br />

era dos smartphones e tablets, os clientes<br />

de seguros estão cada vez mais acostumados<br />

com opções de serviços sempre<br />

disponíveis, mais comuns em outros<br />

setores. É natural que eles esperem que<br />

seus provedores de seguros também<br />

ofereçam essas mesmas conveniências<br />

e inovações”, afirma.<br />

Elid reforça a importância de as empresas<br />

dedicarem uma atenção especial a<br />

essa transformação digital desde já, pois<br />

as projeções dizem que em 2020 teremos<br />

50 bilhões de dispositivos conectados à<br />

internet em todo o mundo e, em 2030, a<br />

população urbana mundial deve chegar<br />

a 5,3 bilhões de pessoas, com cerca de<br />

US$ 200 bilhões de dólares nas mãos<br />

de jovens compradores intensivos de<br />

tecnologia e mobilidade.<br />

O futuro é hoje<br />

Independentemente das projeções,<br />

o comportamento dos consumidores<br />

28<br />

mudou e mesmo aqueles nascidos antes<br />

dessa evolução digital já se sentem muito<br />

confortáveis com toda essa tecnologia. As<br />

pessoas incorporaram os dispositivos móveis<br />

ao cotidiano e as transações eletrônicas<br />

em geral passaram a ser cada vez mais<br />

comuns. Eles procuram novas aplicações,<br />

ideias e experiências que possam ajudá-los<br />

a fazer escolhas mais eficazes e rápidas,<br />

para dispor de mais tempo livre. E, nesse<br />

aspecto, as novas tecnologias como big<br />

data, computação em nuvem, mobilidade,<br />

redes sociais e, mais recentemente, a<br />

“Internet das Coisas” (IoT, do inglês) convergiram<br />

para permitir maneiras incríveis<br />

de possibilitar uma nova economia digital,<br />

que agregue valor às necessidades desses<br />

consumidores e amplie as possibilidades<br />

de canais de distribuição.<br />

Nesse mercado em rápida evolução,<br />

as seguradoras precisam criar ofertas personalizadas<br />

para seus clientes, disponíveis<br />

em diversos canais e que possibilitem múltiplas<br />

interações durante o ciclo de relacionamento<br />

com o segurado. As soluções<br />

da CSC vão exatamente nesse sentido,<br />

com programas para completa transformação,<br />

aplicativos de última geração e<br />

infraestrutura para serviços de processos<br />

de negócios, que permitem que qualquer<br />

empresa tenha as ferramentas necessárias<br />

para competir em um ambiente de cliente<br />

em primeiro lugar.<br />

“Nesses tempos de transformação<br />

digital, aproveitar os micromomentos –<br />

que são as pequenas fatias de tempo no<br />

mundo digital – é fundamental, otimizar<br />

a experiência dos clientes é chave, ou seja,<br />

fazer mais com menos, mais rápido, com<br />

segurança e sem obstáculos. Interagir<br />

com notificações por ’push’, que podem<br />

ser usadas para mitigação de riscos com<br />

base em dados de localização ou comportamento,<br />

conquistar novas vendas ou<br />

vendas cruzadas e apresentar campanhas<br />

são oportunidades únicas nessas microfatias<br />

de tempo, quando conhecemos nosso<br />

cliente. As seguradoras já estão em busca<br />

desta transformação e a CSC é uma parceira<br />

de peso nesta jornada, tornando nossos<br />

clientes fortes e fazendo a diferença no<br />

mercado”, finaliza Elid.


29


capitalização | educação financeira<br />

Saúde financeira<br />

na prática<br />

A contratação de títulos de capitalização<br />

é controversa quando não há<br />

informações sobre os produtos. Mas,<br />

se bem pensada, pode ajudar a saúde<br />

financeira<br />

Amanda Cruz<br />

O<br />

hábito de poupar não é uma<br />

das marcas mais fortes dos<br />

brasileiros. Em época de<br />

crise financeira esse problema<br />

se agrava e muito se fala sobre a<br />

dificuldade de desenvolver a Educação<br />

Financeira no País em um momento em<br />

que até quem poupa, acaba utilizando<br />

suas economias para poder manter o<br />

padrão de vida.<br />

De acordo com uma pesquisa realizada<br />

pelo Serviço de Proteção ao<br />

Crédito - SPC – em 2014, a poupança<br />

do brasileiro é feita para gastar. Ou seja,<br />

30<br />

quando começa a juntar alguma quantia,<br />

geralmente ela já tem um destino e formas<br />

de investimento muito conservadoras<br />

e modestas.<br />

Sendo assim, procuram-se alternativas<br />

para que a população possa aumentar<br />

a saúde financeira e o mercado de seguros<br />

resolveu apostar na capitalização como<br />

uma delas.<br />

Para ajudar a compreender o cenário,<br />

a <strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong> fez um levantamento<br />

para saber qual a relação<br />

das pessoas com a capitalização. As<br />

impressões recolhidas foram de que as<br />

pessoas conhecem a capitalização, mas<br />

precisam de mais informações sobre o<br />

assunto já que muitos disseram que a<br />

capitalização, geralmente, é oferecida<br />

em agências bancárias como um complemento<br />

de algum outro produto.<br />

Para Marco Antonio Barros, presidente<br />

da Fenacap, os consumidores têm<br />

proximidade com o produto. Em 2015, a<br />

entidade realizou uma pesquisa em parceria<br />

com o Instituto Overview que apontou<br />

para essa compreensão sobre sua finalidade.<br />

Há, no País, 15 milhões de clientes<br />

pessoa física de títulos de capitalização e


Instrumento de educação<br />

Carro-chefe do setor, a modalidade<br />

conhecida como tradicional é a mais<br />

comercializada, responsável por 87% do<br />

mercado. Dentro dessa modalidade é que<br />

se encontram soluções como garantia de<br />

fiança locatícia e o produto intitulado Popular,<br />

que oferece soluções para questões<br />

filantrópicas. “Ele permite que o cliente<br />

ceda sua reserva para instituições de<br />

atuação social, caso seja de seu interesse”,<br />

conta Barros. Há também a capitalização<br />

de incentivo, usada por empresas para<br />

realizar ações promocionais e de fidelização<br />

de seus clientes.<br />

Maia Piñeiro, executivo de Gestão de<br />

Clientes e Produtos da Brasilcap, diz que<br />

observando os clientes da companhia a<br />

motivação deles na hora da compra é de<br />

caráter disciplinador financeiro, destacando<br />

o fato de não poderem mexer no<br />

dinheiro para não sofrer perdas. “Em todas<br />

as pesquisas que realizamos, os próprios<br />

clientes se veem como indisciplinados<br />

financeiramente, com dificuldade de se<br />

forçar a guardar dinheiro. A capitalização<br />

vem justamente preencher essa lacuna”,<br />

comemora. Ao contrário de outros players<br />

do mercado, Piñeiro não acredita que, por<br />

si só, os sorteios sejam o maior atrativo<br />

para seus clientes. “O sorteio também<br />

motiva o cliente a continuar guardando até<br />

o final, mas definitivamente não é fator decisivo<br />

para aquisição de um título”, alega.<br />

aproximadamente um milhão de pessoas<br />

jurídicas. “Reconhecemos que ainda<br />

possa existir certo desconhecimento<br />

sobre as diversas modalidades existentes<br />

no mercado e o seu funcionamento, mas<br />

isso é bastante localizado, principalmente<br />

entre os especialistas em finanças pessoais”,<br />

afirma o presidente. O mercado,<br />

hoje, apresenta diversas modalidades e<br />

soluções para perfis de consumo e renda,<br />

podendo atender às lacunas de mercado e<br />

novas demandas da sociedade.<br />

Para Josusmar Alves de Sousa,<br />

coordenador da Comissão de Vida,<br />

Previdência e Capitalização do Sincor-<br />

SP, a divulgação é o grande problema<br />

do produto. Ele acredita que o tipo de<br />

venda não é adequado para incentivar as<br />

pessoas a ter mais consciência. “O que os<br />

bancos vendem não é a base da educação<br />

financeira. Por isso, as pessoas fazem a<br />

contratação por impulso e acabam precisando<br />

do dinheiro antes de acabar a<br />

vigência, sacando, geralmente no prazo<br />

de 12 a 24 meses, apenas cerca de 30%<br />

do seu aporte inicial. Se fosse pensado<br />

no longo prazo, em cinco a seis anos, o<br />

resgate seria de 100%”, ressalta.<br />

❙❙Marco Antonio Barros, da FenaCap<br />

31


educação financeira<br />

❙❙Josusmar Alves de Sousa, do Sincor SP<br />

A capitalização não deve ser encarada<br />

como uma forma de investimento<br />

para aumento de patrimônio, mas como<br />

uma solução sob medida para aqueles<br />

que não têm disciplina para poupar, conforme<br />

aponta Barros. Com ticket médio<br />

em torno de R$ 28 é acessível para aqueles<br />

que não têm condições financeiras de<br />

um investimento que comprometa muito<br />

de sua renda. “Além disso, os títulos<br />

contam com um estímulo adicional de<br />

sorteios, para que os clientes mantenham<br />

suas economias guardadas e resistam<br />

aos apelos do consumo imediato e pouco<br />

consciente”, pondera. A rentabilidade<br />

desse tipo de produto, portanto, está nas<br />

possibilidades que oferece como diferencial,<br />

não em taxas de juros e rendimentos<br />

em cima do valor guardado. “Se esse for<br />

um produto bem trabalhado é importantíssimo<br />

para a educação. Capitalização é<br />

um jogo, que conta com sorteios. E isso é<br />

atrativo porque a nossa cultura é focada<br />

muito mais em ser sorteado porque é<br />

uma cultura imediatista, sempre no curto<br />

prazo”, destaca Sousa.<br />

As vantagens dependerão dos objetivos<br />

iniciais dos contratantes, mas<br />

Barros é enfático ao lembrar: “se o<br />

objetivo for obter retorno financeiro,<br />

ou se houver a possibilidade de ter que<br />

lançar mão dos recursos no curto prazo,<br />

o cliente deve ser orientado a buscar<br />

outras soluções”, indica.<br />

32<br />

A capitalização se apresenta, portanto,<br />

como aliada no planejamento para<br />

o futuro, na realização dos objetivos de<br />

vida. Os produtos são tão variados quanto<br />

os perfis de quem contrata, assim como<br />

os preços e vigências dos planos. “Como<br />

todo o mercado, também esperamos<br />

melhores resultados à medida que a economia<br />

vai se reaquecendo e ganhando<br />

fôlego novamente”, ressalta o executivo<br />

da Brasilcap.<br />

Quanto à comercialização, ela ainda<br />

é muito reservada aos bancos. 76% das<br />

pessoas que conversaram com a <strong>Revista</strong>,<br />

receberam ofertas de títulos por meio<br />

de suas agências bancárias, 16% outros<br />

meios – como imobiliárias que oferecem<br />

a modalidade de capitalização para garantia<br />

de aluguel – e apenas 8% tiveram<br />

interação com corretores de seguros<br />

para esse fim. O que ocorre é que, dessa<br />

maneira, o produto de capitalização não é<br />

personagem principal das operações, mas<br />

um coadjuvante oferecido por comissões<br />

que passam dentro de um pacote e podem<br />

acabar não sendo tão bem explicados.<br />

Algumas modalidades podem ser vantajosas<br />

aos profissionais da corretagem.<br />

“Os corretores de seguros encontram<br />

na capitalização um nicho de mercado.<br />

Isso se faz mais presente em soluções de<br />

garantia fiança locatícia e das soluções<br />

de incentivo, que podem ser ofertadas a<br />

empresas de qualquer segmento econômico”,<br />

ressalta Barros.<br />

Para venda e para a compra, a intenção<br />

do produto é ser descomplicado para<br />

que não se torne mais uma dificuldade<br />

do que um incentivo à poupança. Piñeiro<br />

acredita que “a venda deve ser cada vez<br />

mais transparente dos títulos, respeitando<br />

os limites financeiros de cada cliente, destacando<br />

os atributos corretos”, - como o<br />

período de carência, a devolução de 100%<br />

ao final da vigência, entre outros - ajuda<br />

a colocar a capitalização como produto<br />

ideal de disciplina financeira. “Todo o<br />

setor sai ganhando”, pontua.<br />

Esse mercado tem feito grandes esforços<br />

para se comunicar mais e melhor<br />

com o consumidor. Os eixos dessa estratégia<br />

procuram se alinhar com a agenda<br />

social e econômica do País, conforme<br />

afirma o presidente da Fenacap. “No<br />

âmbito da CNseg e das Federações, temos<br />

o programa Educação para Seguros,<br />

que confere às nossas ações um caráter<br />

ainda mais abrangente”, diz Barros. Para<br />

conseguir fazer com que o setor avance,<br />

para ele, é preciso criar soluções que<br />

atendam as necessidades do cliente e que<br />

o deixe mais satisfeito com as escolhas.<br />

“Em outra frente, estamos atuando, de<br />

maneira colaborativa, junto à Susep para<br />

que o marco regulatório seja aprimorado<br />

e pavimente um novo ciclo de crescimento<br />

e inovação”, completa Barros.<br />

A preocupação com o futuro deve<br />

nortear quem vende e quem compra<br />

produtos de seguros, e com a capitalização<br />

não pode ser diferente. A mudança,<br />

para Maia Piñeiro, já é notável dentro da<br />

carteira da seguradora: as famílias hoje<br />

estão abrindo mão do consumo imediato<br />

para planejar. “Essa conscientização de<br />

ser menos imediatista e mais planejado<br />

vem de forma natural quando temos cenários<br />

econômicos adversos. O mercado<br />

está sabendo oferecer soluções que amparam<br />

o cliente nesse sentido”, destaca.<br />

Um caso à parte<br />

É importante lembrar que nem todas<br />

as modalidades buscam a acumulação de<br />

capital. A capitalização como Garantia<br />

de Aluguel, que é a mais comercializada<br />

por corretores, já existe no mercado há,<br />

pelo menos, 15 anos, mas só agora tem<br />

ganhado mais espaço, conforme conta<br />

Luiz Henrique, superintendente da Por-<br />

❙❙Maia Piñeiro, da BrasilCap


Modalidades de Capitalização<br />

❙❙Luiz Henrique, da PortoCap<br />

toCap. “Nesse produto, há uma sinergia<br />

com o tradicional de Fiança Locatícia. Há<br />

procura grande para quem tem contato,<br />

mas há também muito desconhecimento<br />

sobre essa possibilidade. Temos focado<br />

em expandi-la”, afirmou.<br />

Apesar de concentrar suas vendas<br />

nas agências bancárias, a Brasilcap<br />

desenvolveu parcerias com corretores,<br />

justamente para vender a modalidade<br />

para locação oferecida pela seguradora.<br />

“Temos grande aceitação na consolidação<br />

de parcerias com os corretores em todo o<br />

Brasil, pois esse produto está inserido em<br />

um segmento extremamente promissor”,<br />

destaca. Piñeiro.<br />

Talvez o grande entrave desse produto<br />

seja a necessidade exatamente oposta<br />

dos outros planos: ao invés de contribuir<br />

com pouco para acumular renda, o segurado<br />

precisa ter o valor do título total em<br />

mãos para fazer a contratação. “Normalmente,<br />

o valor do título é de 6 a 12 vezes<br />

maior que o valor do aluguel e é feito em<br />

pagamento único”, explica o executivo.<br />

Esse valor é estipulado diretamente pelo<br />

proprietário.<br />

O que fica para os corretores que<br />

ainda não operam com essa modalidade é<br />

um apelo de vendas bastante forte, ressaltado<br />

pelo executivo: o valor do título pode<br />

ser bastante alto, mas, caso não ocorra<br />

inadimplência, esse valor será resgatado<br />

no final da vigência do contrato.<br />

Popular<br />

O grande destaque dessa modalidade<br />

são os sorteios. São realizados<br />

sorteios, pelo menos, semestrais. Nele,<br />

os clientes não resgatam o valor total<br />

que pagam, porém têm muito mais<br />

possibilidades de concorrer e ser sorteado,<br />

com valores até 12 vezes maior<br />

do que o que foi investido. O resgate<br />

antecipado, nesse caso, tem que ser, no<br />

mínimo, 50% do valor da quantia paga<br />

uma única vez<br />

Indicado para<br />

Quem aposta na sorte e quer<br />

aumentar sua possibilidade de ter um<br />

retorno financeiro maior e mais rápido.<br />

Tradicional<br />

Funciona com restituições de valores.<br />

Com uma vigência previamente<br />

acordada, o cliente realiza pagamentos<br />

de seu título e resgata, no mínimo, o<br />

valor que foi pago. A integralidade da<br />

restituição só poderá ocorrer se todos<br />

os pagamentos forem feitos nas datas<br />

programadas.<br />

Também é possível fazer o resgate<br />

antes do final das parcelas, mas o cliente<br />

corre o risco de receber até menos<br />

do que pagou, não sendo vantajosa<br />

essa escolha.<br />

Indicado para<br />

Guardar dinheiro de maneira programada<br />

e por um longo prazo.<br />

Incentivo<br />

Parta fidelizar ou atrair clientes,<br />

diversas empresas fazem promoções<br />

e as vinculam a títulos de capitalização<br />

para garantir os prêmios. Nessa modalidade<br />

não há resgate integral dos<br />

valores pagos.<br />

Indicado para<br />

Empresas que querem oferecer<br />

prêmios aos clientes com a segurança<br />

de um produto legalizado e fiscalizado.<br />

Compra<br />

Programada<br />

Uma ficha de cadastro com indicação<br />

de algum bem ou serviço de desejo<br />

de consumo e pagamento mensal<br />

ou periódico garantem o ingresso<br />

nessa modalidade. A garantia desse<br />

título, no término dos pagamentos,<br />

é o resgate do valor para a aquisição<br />

do bem ou serviço escolhido. Caso<br />

exista variação no valor entre a época<br />

da contratação e a moeda corrente,<br />

não haverá cobranças adicionais. A<br />

vantagem, nesse caso, é que ela exclui<br />

a necessidade de fiador e casos<br />

de inadimplência não comprometem<br />

terceiros.<br />

Indicado para<br />

Quem mora de aluguel e quer<br />

independência, sem envolver terceiros<br />

em suas finanças.<br />

33


evento | conseg nordeste<br />

Presindentes do Sincor`s: Edvan Gomes (PB), Erico Melo (SE), Claudia Candido Diniz (PE), Alderi Alves (RN),<br />

Juvenal Ribeiro Vilanova (PI), Edmilson Ribeiro (AL) e Wanderson Nascimento (BA)<br />

A volta dos<br />

eventos regionais<br />

Cerca de 700<br />

profissionais se<br />

reuniram em Natal para<br />

discutir os “Desafios<br />

do setor de seguros<br />

e o fortalecimento do<br />

mercado na região”<br />

34<br />

Kelly Lubiato<br />

O<br />

I Congresso dos Corretores<br />

de Seguros do Nordeste marcou<br />

o retorno dos eventos<br />

regionais. Num exercício de<br />

desprendimento, segundo o presidente da<br />

Fenacor, Armando Vergilio dos Santos<br />

Junior, os Sindicatos de Corretores de Seguros<br />

dos estados que compõem a região<br />

(Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco,<br />

Piauí e Sergipe e Rio Grande do Norte)<br />

uniram esforços para juntar cerca de 700<br />

pessoas para a realização do encontro, no<br />

Centro de Convenções de Natal, no Rio<br />

Grande do Norte.<br />

Alderi Alves, presidente do Sincor-<br />

RN e anfitrião do evento, abriu a solenidade,<br />

afirmando que o objetivo era discutir<br />

o que pode fazer crescer a profissão.<br />

“Somos exemplo de otimismo”, salientou.<br />

Ele falou sobre o associativismo para o<br />

crescimento de diversas modalidades<br />

econômicas. “Os Sincor’s são exemplos<br />

disso. O momento é imprescindível para<br />

mostrar a força da união”. Alves destacou<br />

também o objetivo de discutir o duro<br />

cenário econômico, mas ressaltou que o<br />

trabalho é capaz de mudar esta realidade.<br />

Para ele, o evento é um marco de um novo<br />

tempo do seguro na região.<br />

Paulo dos Santos, presidente do<br />

Ibracor, disse que é momento de comemorar<br />

novos tempos, cujo resultado será<br />

positivo, começando com o novo modelo<br />

de congresso: regional.


O vice-presidente do Sindicato das<br />

Seguradoras do Norte e Nordeste, Hodson<br />

Menezes, ressaltou que o evento prova<br />

que o mercado participa para fazer sua<br />

parte, fortalecendo a cultura do seguro e<br />

promovendo a discussão de temas que<br />

promoverão a troca rica de experiências.<br />

O presidente da Escola Nacional de<br />

Seguros, Robert Bittar, ressaltou que a<br />

região Nordeste experimenta nova forma<br />

de realizar eventos. “Alguns criticam o<br />

excesso de eventos do setor, mas esta é<br />

a forma do mercado se atualizar, acompanhar<br />

o lançamento de produtos e os<br />

seguradores precisam deste momento<br />

para estar em contato com seu público<br />

mais direto. Os diretores dos sindicatos<br />

do NE acabam de colocar um ovo em pé”,<br />

pontuou. Ele lembrou que a região representa<br />

10% da arrecadação de seguros no<br />

País. Apesar deste número não parecer<br />

muito substancial, o mais importante é<br />

o quanto ele cresceu nos últimos 10 anos.<br />

Apenas para ilustrar, Bittar mostrou<br />

que nos últimos três anos, 3,5 mil corretores<br />

se habilitaram na região. Foram<br />

realizados oito cursos de MBA, com 120<br />

pessoas formadas e, ainda, 240 palestras<br />

com a participação de 10 mil pessoas.<br />

“Estes números mostram o interesse em<br />

se desenvolver”.<br />

Para concluir, o último a assumir o<br />

púlpito foi Armando Vergilio dos Santos<br />

Junior, presidente da Fenacor, que disse<br />

que não vinha a Natal há 14 anos, por ter<br />

prometido não voltar enquanto houvesse<br />

Robert Bittar, da Escola Nacional<br />

❙❙de Seguros<br />

❙❙Armando Vergilio, da Fenacor<br />

duas representações de corretores de<br />

seguros no Rio Grande do Norte. Mesmo<br />

sem a integração das lideranças, o<br />

presidente resolveu voltar para prestigiar<br />

a retomada dos congressos regionais.<br />

“Capacitação, atualização e formação<br />

profissional são cada dia mais necessários<br />

para as pessoas que têm como meta<br />

criar soluções de proteção à vida e ao<br />

patrimônio dos cidadãos”.<br />

Cenários Econômicos<br />

“O que esperar da economia e do<br />

mercado de seguros no curto, médio e<br />

longo prazo. As eleições municipais,<br />

a Olimpíada, as eleições americanas e<br />

como tudo isso afeta o seu negócio”, foi o<br />

tema conduzido pelo corretor de seguros,<br />

Gustavo Cunha Mello<br />

Ele abriu a palestra falando sobre o<br />

conceito da concorrência perfeita para os<br />

corretores de seguros, utilizando várias<br />

figuras para mostrar como o cérebro<br />

percebe algumas imagens e tende a<br />

cristalizar informações que podem ser<br />

mudadas com um olhar mais detalhado.<br />

Para o mercado de seguros, considerando<br />

o primeiro trimestre de 2016, houve<br />

uma pequena melhora, com crescimento<br />

de 5,03% em volume de prêmios. Neste<br />

período, a inflação foi de 10,83%, ou seja,<br />

foi recuperada quase a metade da inflação.<br />

O mercado diminuiu de tamanho.<br />

Mello mostrou a situação da Europa<br />

e dos Estados Unidos e como elas podem<br />

influenciar os negócios no Brasil. Ainda<br />

questionou o estouro da Bolha Chinesa,<br />

que é o maior consumidor de commodities<br />

do mundo, principalmente o aço.<br />

“Todos estes pontos afetam diretamente<br />

o Brasil, como o aumento do preço do<br />

resseguro em função da crise mundial<br />

que está em processo de finalização.<br />

O corretor mostrou a importância<br />

da economia brasileira no mundo, como<br />

maior produtor de frango, terceiro maior<br />

produtor de aeronaves (Embraer), sétimo<br />

maior produtor de veículos. Ele acredita<br />

que a Petrobras está ferida, mas não de<br />

maneira mortal. “Batemos recorde de<br />

produção diária em julho/2015. Para<br />

salvá-la poderiam ser vendidas a Transpetro<br />

e a BR Distribuidora, que geraria um<br />

bom caixa. Se isso sai do setor público,<br />

abre caminho para o setor privado atuar<br />

com mais eficiência˜.<br />

Ele citou os problemas da situação<br />

política atual e como os resultados poderão<br />

influenciar o mercado de seguros.<br />

“O que se vende hoje por mês é o que se<br />

vendia há 10 anos, por ano. A comissão<br />

do corretor de seguros aumentou em<br />

7,63% , mas ainda sem cobrir a inflação<br />

do período. Os desafios para 2016 são a<br />

venda online, os seguros piratas, os riscos<br />

declináveis, o ambiente regulatório e mercado<br />

de resseguros. O corretor de seguros<br />

não precisa tomar Rivotril. Vamos ter<br />

uma solução em 2016, 2017 será médio,<br />

mas em 2018 retomamos. Em 2016, um<br />

crescimento de um dígito já será benéfico<br />

para o setor”, concluiu Mello.<br />

❙❙Paulo dos Santos, da Ibracor<br />

35


conseg nordeste<br />

O futuro do ramo auto e as<br />

oportunidades em ramos<br />

elementares<br />

A maior preocupação dos seguradores,<br />

neste momento, é recuperar o<br />

desempenho do seguro automóvel com<br />

novas alternativas de produtos e serviços.<br />

O diretor geral da Porto Seguro, Rivaldo<br />

Leite, mostrou que mais de 11 milhões<br />

de buscas pela palavra “seguro” são feitas<br />

por mês no Google. Mesmo em um<br />

momento de crise, este número não cai.<br />

Dados do Google mostram, ainda, que o<br />

seguro-saúde teve aumento de busca de<br />

15%, seguro auto, 10%, seguro residencial,<br />

30%, seguro de vida, 29%, seguro<br />

celular, 10% e seguro viagem, 3%.<br />

Leite mostrou a influência do mundo<br />

digital nas vendas físicas, pois 20% das<br />

vendas em lojas foram precedidas por<br />

uma visita online, e 50% das visitas acontecem<br />

no mesmo dia da compra na loja.<br />

A tendência é que as pessoas pesquisem<br />

antes na internet e depois visitem uma<br />

loja. 27% das buscas por seguros é feita<br />

no mobile. “O corretor de seguros tem a<br />

oportunidade de diversificar a sua carteira,<br />

porque o consumidor quer comprar<br />

outras coisas. Preciso, como corretor,<br />

buscar outras receitas”, exercitou Leite.<br />

Erico Melo, presidente do Sincor-SE<br />

e mediador do debate, disse que houve<br />

queda das vendas de seguro automóvel e<br />

que este é o momento de mostrar ao mercado<br />

que o seguro auto-popular não pode<br />

canibalizar o setor. “Precisamos ter mais<br />

um produto na prateleira para combater<br />

os seguros piratas”, sentenciou Melo.<br />

O vice-presidente da Liberty, Marcos<br />

Machini, destacou que o recuo do seguro<br />

de automóvel se dá pela queda da renda e<br />

por um fator psicológico, além da queda<br />

da produção de automóveis novos. Ele<br />

36<br />

afirmou que os corretores não têm concorrentes,<br />

mas devem se relacionar em<br />

novos círculos, porque se usar o produto<br />

para reter o cliente que já existia, ele<br />

pode não querer outros produtos quando<br />

a economia se recuperar. “Entretanto, se<br />

retermos os clientes com a criação de<br />

novos produtos, teremos a tendência de<br />

sair mais fortes da crise”, previu Machini.<br />

O diretor da Bradesco Seguros, Isair<br />

Lazarotto, disse que fortalecendo a renda<br />

do cliente será possível, no futuro, ofertar<br />

novos produtos para ele. O corretor precisa<br />

otimizar suas bases e melhorar sua produtividade<br />

com resultado e cross-selling.<br />

Mario Ferreira, diretor de produto da<br />

Allianz, apresentou dados da atuação da<br />

companhia no Nordeste. Ele destacou o<br />

produto de automóvel em parceria com<br />

o Instituto Ayrton Senna, que devolve<br />

parte do prêmio à sociedade em forma<br />

de doação ao Instituto.<br />

José Adalberto Ferrara, presidente<br />

da Tokio Marine, falou sobre a atuação<br />

em RE e mostrou que apesar do mercado<br />

de ramos elementares ter desacelerado,<br />

a sua companhia conseguiu crescer.<br />

“Quebra da produção de bens, redução de<br />

financiamento de bens, queda de vendas<br />

no varejo, redução dos investimentos e<br />

desemprego foram fatores que afetaram<br />

diretamente o mercado de seguros. Muitas<br />

pessoas estão deixando de renovar o<br />

seu seguro, por conta destas questões”,<br />

salientou.<br />

Porém, ele deixou uma mensagem<br />

importante: “Nós, seguradores, resseguradores,<br />

corretores e assessorias e órgãos<br />

reguladores devemos empreender para<br />

crescer a industria em relação ao PIB,<br />

aumentar o consumo de seguros por habitante<br />

e divulgar a importância do seguro<br />

para a sociedade brasileira”.<br />

Perspectivas e desafios na<br />

área de benefícios<br />

A longevidade é um dos maiores<br />

desafios para o setor de benefícios. Fabio<br />

Daher, diretor da Bradesco Seguros,<br />

assegurou que as pessoas vivem mais e<br />

que precisam de mais renda para o período<br />

pós-aposentadoria, para o custeio<br />

de Planos de Saúde, por exemplo. Como<br />

tendência, ele enxerga os produtos Combo,<br />

vendidos em conjunto. “Os interesses<br />

e as necessidades mudam a cada dia. O<br />

maior desafio para as seguradoras é como<br />

utilizar as informações do Big Data,<br />

com subscrições personalizadas e mais<br />

assertivas”.<br />

Heitor Augusto, diretor regional da<br />

SulAmérica, salientou que a região Nordeste<br />

é muito importante e que, mesmo<br />

no cenário difícil, a companhia cresceu<br />

na região 14% em saúde e odontológico.<br />

O setor de saúde supera os investimentos<br />

públicos, com movimentação de R$ 90<br />

bilhões. O modelo de saúde brasileiro<br />

leva em conta o sistema da universalidade.<br />

Um dos riscos da crise é a redução<br />

de vidas nos produtos empresariais de<br />

grandes grupos, com aumento da frequência<br />

em função do risco de desemprego<br />

e o risco de inadimplência.<br />

Mas a crise traz a oportunidade de<br />

maior participação dos setores da indústria<br />

e comércio na remodelagem da<br />

contribuição do funcionário de fixo para<br />

co-participação e redesenho de planos<br />

e rede de atendimento, para uma lista<br />

mais restrita. “O caminho é a trabalhar<br />

forte com a gestão da saúde, pois assim<br />

podemos trazer o equilíbrio de gastos”,<br />

completou.<br />

André Madureira, executivo da matriz<br />

da Amil, falou sobre a trajetória da<br />

empresa. “Temos uma missão de levar a<br />

Amil a todas as regiões do Brasil”. Natal<br />

já tem um volume de vendas expressivo.<br />

São quase 6 milhões de usuários e 340<br />

mil empresas-clientes. “Pagar por evento<br />

não é a melhor forma de remuneração<br />

do prestador de serviços, por isto a Amil<br />

está lançando o produto com conceito de<br />

médico de família, que recebe por outros<br />

parâmetros. Temos grande oportunidade<br />

de encontrar mais clientes e oferecer<br />

produtos com maior qualidade que o<br />

SUS”, acredita.


SindSeg BA/SE/TO participa<br />

do Conseg NE e consolida<br />

ações no primeiro semestre<br />

❙❙O presidente João Giuseppe Esmeraldo discursa no 1º Conseg NE<br />

A<br />

diretoria do Sindicato das Seguradoras da Bahia,<br />

Sergipe e de Tocantins (SindSeg BA/SE/TO) representou<br />

a categoria dos seguradores da região,<br />

durante o 1º Congresso de Corretores de Seguros<br />

do Nordeste (Conseg NE), realizado entre os dias 09 e 10<br />

de junho, na cidade de Natal/RN. A entidade foi uma das<br />

patrocinadoras do evento e, na abertura o presidente João<br />

Giuseppe Esmeraldo, destacou a importância do Conseg NE<br />

para o mercado.<br />

“O Nordeste espera há muito tempo por um encontro<br />

como este, pois o valor deste lugar não se traduz<br />

apenas em turismo e belezas naturais. Aqui também<br />

giram grandes negócios. Comércio, Agricultura, Indústria,<br />

Tecnologia, Serviços, Seguros são segmentos<br />

que se desenvolvem com maestria e desenham a<br />

nova cara da economia nordestina”, diz.<br />

Vale destacar que o Conseg NE reuniu ainda diversos<br />

players e líderes da indústria, além de painéis<br />

e feira com stands das seguradoras.<br />

Primeiro semestre<br />

O primeiro semestre do SindSeg BA/SE/TO foi<br />

marcado pela reeleição do presidente João Giuseppe<br />

Esmeraldo e composição de nova diretoria para<br />

a gestão 2016-2019. Seguindo as premissas para o<br />

triênio, as ações seguiram concentradas junto às<br />

associadas e às demais entidades.<br />

No mês de maio, o Sindicato proporcionou a<br />

15 colaboradores das associadas o curso “Comunicação<br />

como ferramenta de venda – A arte de falar<br />

em público”, fruto de uma parceria com a Escola<br />

Nacional de Seguros. A capacitação teve como<br />

objetivo desenvolver técnicas e habilidades para<br />

falar em público com desenvoltura nos diferentes<br />

tipos de ambientes e situações profissionais.<br />

Ainda em maio, a entidade contemplou 28<br />

crianças do Centro Afro de Promoção e Defesa da<br />

Vida Ezequiel Ramin – Motumbá – Motumbaxé (CA-<br />

PDEVER), com vales-livros e transfer até uma livraria<br />

de Salvador. A doação foi motivada pela dedicação<br />

dos pequenos durante todo o projeto “Asas para<br />

Voar” da Escola Nacional de Seguros.<br />

O quadro associativo do Sindicato também foi<br />

ampliado, com a entrada da JMalucelli Seguradora. Agora,<br />

a entidade conta com 13 companhias, abrigando os mais<br />

variados segmentos, o que intensifica ainda mais a atuação<br />

em prol do mercado de seguros. “Fazer parte de uma entidade<br />

comprometida em atender os chamados da categoria<br />

como o SindSeg, significa compartilhamentos de ideias,<br />

diálogos e representação em muitas esferas da atividade,<br />

o que pode fazer a diferença na atuação da companhia na<br />

região”, pontuou Giuseppe.<br />

Fonte: Assessoria SindSeg BA/SE/TO<br />

❙❙Diretoria do SindSeg BA/SE/TO prestigia 1º Conseg NE<br />

37


evento | simpósio paranaense<br />

Diversificar produtos<br />

é a saída para a crise<br />

Evento realizado no Paraná ratificou a necessidade<br />

dos corretores de buscar alternativas para o seguro de<br />

automóvel, que registrou queda no início deste ano<br />

Se antes os corretores viam em<br />

outras carteiras do mercado de<br />

seguros apenas uma alternativa<br />

de ganho e de fidelização dos<br />

clientes, agora, dar menos relevância para<br />

o seguro de automóveis passou a ser uma<br />

necessidade.<br />

A queda de 3,9% do PIB brasileiro<br />

trouxe muitos problemas. A produção<br />

automotiva caiu 22,8% em 2015 e o<br />

mercado de saúde perdeu cerca de 1,8<br />

milhão de vidas. É um cenário difícil, que<br />

indica grande decréscimo da atividade<br />

econômica. A questão agora é saber até<br />

onde os números irão cair. O mercado de<br />

seguros, que sempre demora um pouco<br />

mais para sentir os efeitos da crise, já<br />

começa a perceber as mudanças.<br />

No seguro de automóvel, no primeiro<br />

trimestre deste ano, a queda no faturamento<br />

ficou em torno de 1% no mês de<br />

janeiro de 2016, em relação a janeiro de<br />

2015. De acordo com o diretor geral da<br />

Porto Seguro, Rivaldo Leite, a queda das<br />

vendas de automóveis já atingiu a marca de<br />

33%. Pela falta de itens novos no mercado,<br />

ele acredita que caberá à força de vendas<br />

se tornar, cada dia mais, uma assessoria.<br />

“Fiquem tranquilos porque o consumidor<br />

confia muito no corretor de seguros, uma<br />

profissão muito forte”, assegurou.<br />

Para ele, o corretor de seguros precisa<br />

aproveitar esta proximidade com<br />

o cliente para oferecer novos produtos,<br />

como o seguro PET, que atende a uma<br />

demanda da nova classe média brasileira.<br />

Ou ainda as linhas de telefone celular.<br />

“Queremos fazer com que o corretor<br />

de seguros tenha mais receitas e outros<br />

ganhos, para que, no futuro, esta seja a<br />

profissão desejada por seus herdeiros”,<br />

completou Leite.<br />

Sobre alternativas para o seguro de<br />

automóvel atual, Fabio Leme, diretor<br />

da HDI Seguros, fez uma conta rápida,<br />

levando em conta a frota circulante no<br />

País, que está em torno de 42 milhões<br />

de veículos. Destes, 2/3 possuem mais<br />

de cinco anos de uso. “O fato é que, com<br />

a desaceleração das vendas de veículos<br />

0km, a frota vai envelhecer. A idade<br />

média dos veículos em circulação é de 8<br />

anos e 9 meses. Esta realidade movimenta<br />

mais o mercado de peças de reposição.<br />

Conforme o carro fica mais velho, cresce<br />

a comercialização de peças paralelas”,<br />

disse Leme.<br />

Para o executivo, o desafio é inserir<br />

toda esta nova faixa de veículos no mercado<br />

de seguros. O seguro auto-popular é<br />

uma alternativa de economia; entretanto,<br />

da forma como o projeto foi aprovado<br />

previamente, traz dificuldades de operação<br />

para o mercado. Como exemplo,<br />

Leme citou que apenas o modelo Palio,<br />

da Fiat, possui 29 opções diferentes de<br />

parabrisas. “Para ter disponível o modelo<br />

correto é quase como acertar na loteria.<br />

Existe ainda uma dúvida sobre de onde<br />

as peças podem vir”, esclareceu. Numa<br />

comparação bem simples, Leme acredita<br />

que a economia no valor do sinistro pode<br />

❙❙Marco Antonio Gonçalves, da Bradesco<br />

38<br />

❙❙Rivaldo Leite, da Porto Seguro<br />

❙❙Marcos Machini, da Liberty


❙❙Senador Alvaro Dias discursa e responde perguntas de lideranças e corretores<br />

ficar em torno de 40%, se houver boas<br />

negociações com oficinas e utilização de<br />

peças recicladas.<br />

O problema é que apenas a produção<br />

de peças recicladas não será suficiente para<br />

abastecer o mercado e, assim, será preciso<br />

recorrer ao mercado de peças genuínas. A<br />

preocupação do setor é caso estas peças<br />

não sejam encontradas. Se for necessário<br />

adquirir peças originais, o valor do sinistro<br />

ficará muito alto para o produto.<br />

O projeto do seguro auto-popular voltou<br />

para a Susep para que seja revisto este<br />

ponto de fornecimento de peças. Outra<br />

reivindicação das seguradoras é que este<br />

produto seja oferecido apenas para automóveis<br />

com mais de cinco anos de uso.<br />

A projeção é de que até 2018 haja<br />

apenas 12 milhões de veículos da frota<br />

circulante com até cinco anos de idade.<br />

É o mesmo número que o Brasil possuía<br />

até 2009. Em 2014, este número chegou<br />

a 18 milhões de unidades.<br />

“Ou seja, até 2018 teremos uma frota<br />

segurada 30% menor do que em 2014. Em<br />

2015, o crescimento aconteceu apenas no<br />

primeiro semestre e, em 2016 no primeiro<br />

trimestre houve queda de 4% nas vendas”,<br />

avisou Marcos Machini, vice-presidente<br />

da Liberty Seguros.<br />

Para encarar esta nova realidade,<br />

Machini citou dois exemplos de atuação<br />

(um de casa e um de mercado): há três<br />

anos a Liberty lançou um produto de<br />

RCF + Assistência. “Nós insistimos em<br />

dizer que o brasileiro não se preocupa<br />

com a responsabilidade, mas, para contradizer<br />

isso, temos hoje 3 mil corretores<br />

vendendo este produto todos os meses.<br />

Mais do que isso, 90% das vendas deste<br />

produto são para consumidores novos. Ou<br />

seja, elaborar e ofertar novos produtos é<br />

fundamental. Assistimos nos últimos três<br />

meses a oferta de novos produtos com<br />

cobertura apenas de roubo + alguma<br />

coisa. Estes produtos podem ser ofertados<br />

não apenas para quem não pode comprar<br />

❙❙Marcos Kobayashi, da Tokio Marine<br />

a perda total, mas também para quem<br />

quer contar com algum tipo de proteção”,<br />

ressaltou Machini.<br />

Seguro em tempos de crise<br />

Seguradores são unânimes em afirmar<br />

que este é o momento de buscar<br />

alternativas de produtos fora da carteira<br />

de automóveis.<br />

Em 2015, iniciamos o ano com perspectiva<br />

de queda de 1,5% do PIB, e o<br />

resultado foi de 3,9% a menos. Por outro<br />

lado, o setor de seguros conseguiu ainda<br />

um superávit de 11%, mostrando que a<br />

indústria e os distribuidores continuam a<br />

manter este setor pujante. O crescimento<br />

foi em todas as linhas, auto, vida, previdência<br />

e ramos elementares.<br />

Marco Antonio Gonçalves, diretor<br />

gerente Comercial da Bradesco Seguros,<br />

ensina que temos que dividir os produtos<br />

como matrizes: os de atratividade (automóvel<br />

e saúde), os de rentabilidade (residencial,<br />

vida, capitalização, odontológico)<br />

e os de fidelização. “As crises fazem com<br />

que saiamos delas fortalecidas. Todos os<br />

fundamentos são revistos em um momento<br />

de crise, por conta da necessidade premente<br />

de revisar custos”, avalia.<br />

Em 2016, a previsão é de um crescimento<br />

da atividade como um todo de<br />

39


simpósio paranaense<br />

5,4%. “Começamos a ter uma mudança,<br />

que é uma adequação à nova realidade.<br />

Hoje, tanto as corretoras quanto as seguradoras<br />

têm cotado menos seguros<br />

novos e precisamos diversificar a linha de<br />

produtos, indo para o residencial, odontológico<br />

etc. Desta forma, passamos a nos<br />

preparar para este momento, oferecendo<br />

novas possibilidades para o cliente, na<br />

modalidade conhecida pelos americanos<br />

como One Stop Shopping. Oferecer<br />

proteção adequada e completa para os<br />

clientes, de acordo com o ciclo de vida<br />

deles”, reafirma Gonçalves, acrescentando:<br />

“temos que ser mais eficientes. Temos<br />

que ter um olhar otimista e enxergar as<br />

oportunidades”.<br />

“A crise está aí para todo mundo”,<br />

ratifica Marcos Kobayashi, superintendente<br />

comercial Nacional da Tokio<br />

Marine. A dificuldade existe para todos.<br />

“Nós nos preparamos para este momento,<br />

com melhorias sistêmicas internas para<br />

a companhia nas áreas de atendimento,<br />

produtos etc, tudo para reduzir a despesa<br />

administrativa e aumentar a produtividade.<br />

Isto torna a companhia um pouco<br />

mais competitiva ou, neste momento, com<br />

mais fôlego para suportar os momentos<br />

mais difíceis”. Esta é uma realidade<br />

comum a várias empresas que, na outra<br />

ponta, passaram a se preocupar mais<br />

com inovação, buscando novos produtos<br />

e lançando novos serviços.<br />

Nesta linha de inovação, diversificar<br />

produtos é importante e necessário. O<br />

corretor que está com a porta aberta com<br />

o cliente deve ofertar outros produtos. Ele<br />

precisa estar atento à crise e à revisão de<br />

orçamento que todos fazem. Sem esquecer<br />

que a tecnologia é para colaborar e<br />

não para engolir ninguém.<br />

Nesta fase de transição para outros<br />

produtos, o seguro de vida se apresenta<br />

como uma alternativa muito interessante,<br />

principalmente por seu caráter de rentabilidade<br />

para o cliente. O presidente da<br />

Centauro ON, Ricardo Iglesias, mostrou<br />

no evento como é o conceito de produto<br />

Universal Life, que aguarda aprovação na<br />

Susep para o início de comercialização.<br />

Há momentos em que é preciso<br />

pensar menos no risco e mais na responsabilidade<br />

financeira. O Universal Life é<br />

um produto que atende às duas questões<br />

e tem flexibilidade e opções de valores e<br />

coberturas variadas, de acordo com cada<br />

fase de vida dos clientes. “Surpreendenos<br />

é que o Brasil está esperando alguma<br />

coisa para colocar este produto na rua.<br />

Ele é uma realidade desde a década de<br />

80 nos Estados Unidos. A geração que<br />

está hoje na faixa dos 40, 50 anos, espera<br />

alguma coisa do Estado, mas sabe que<br />

o Governo não vai conseguir cumprir”,<br />

avaliou Iglesias. Esta ferramenta do<br />

❙❙Ricardo Iglesias, da Centauro On<br />

40<br />

❙❙Walter Polido, consultor<br />

❙❙Farid Eid Filho, da Yasuda Marítima


Universal Life poderia ajudar a formar<br />

poupança, o que é bom não só para o<br />

mercado, mas para o País. O produto hoje<br />

tem cerca de 45% do mercado americano.<br />

A maior barreira para a implantação<br />

do Universal Life no Brasil é a questão<br />

tributária. O produto já foi amplamente<br />

discutido mas o Ministério da Fazenda<br />

tem dificuldades para viabilizar os incentivos<br />

fiscais. “O entendimento do mercado<br />

é lançar o produto independente do<br />

tratamento tributário”, pontuou Iglesias.<br />

Outra carteira que serve como alternativa<br />

é o seguro patrimonial. “Apesar de<br />

sabermos que há muitas empresas que<br />

foram fechadas nos últimos tempos, acreditamos<br />

nos nichos. Tivemos crescimento<br />

de 30% em nossa carteira”, afirmou Marcos<br />

Machini, da Liberty. Ele usou este<br />

exemplo para corroborar sua afirmação<br />

de que a solução para o desenvolvimento<br />

do mercado passa pela criação de novos<br />

produtos, com o objetivo de trazer novos<br />

clientes para o setor. “O produto de nicho<br />

abre ao corretor a possibilidade de trabalhar<br />

com um item mais específico para<br />

cada tipo de negócio”, concluiu.<br />

Situação atual<br />

Apesar de todas as dificuldades<br />

encontradas neste ano de 2016, todos os<br />

palestrantes afirmaram de forma unânime<br />

que é preciso manter o otimismo e manter<br />

a busca pela qualidade dos serviços de seguro.<br />

O consultor Walter Polido, declarou<br />

que a diminuição do número de negócios<br />

fez com que seguradoras e corretores passassem<br />

a ter a obrigação de oferecer produtos<br />

com mais qualidade. “Não se pode<br />

aproveitar desta condição, que já não está<br />

boa, para ter velhos procedimentos, porque<br />

o número de segurados regrediu, assim<br />

❙❙Ronaldo Barreto, da AIG<br />

como a quantidade<br />

de negócios. Esta é<br />

a melhor razão para<br />

oferecer mais qualidade<br />

e melhores serviços”,<br />

avisou Polido.<br />

Ele acredita que<br />

é preciso aproveitar<br />

esta fase de transição<br />

de Governo para<br />

rever as questões regulatórias<br />

do sistema.<br />

“Não há como<br />

o mercado permanecer<br />

sendo regido por<br />

um decreto de 1966,<br />

que foi promulgado<br />

em outro cenário. Esta questão da Susep<br />

determinar clausulados de coberturas, ou<br />

modelos e estruturas do que chamamos<br />

de lista de verificação, é algo negativo<br />

para o mercado e para os consumidores.<br />

Temos que mudar isso. A atuação da<br />

Susep deve se guiar pela fiscalização de<br />

provisões técnicas e reservas para sinistros”,<br />

sentenciou.<br />

Como alternativa para encarar este<br />

momento, seguradoras buscam formas<br />

diferentes de atuação, cada uma ocupando<br />

o seu espaço. A Sompo Seguros, nova<br />

marca da Yasuda Marítima, deve trazer<br />

uma nova linha de produtos de personal<br />

lines ao Brasil, de acordo com seu diretor<br />

Farid Eid Filho. “Temos 70% das pessoas<br />

desprotegidas em todos os setores (carro,<br />

vida, residência) e vemos uma oportunidade<br />

com produtos e canais diferenciados<br />

bem como novas formas de cobrança”.<br />

Ronaldo Barreto, superintendente do<br />

canal corretores da AIG Seguros, acredita<br />

que é preciso que o corretor se preocupe<br />

mais em se capacitar para realizar a<br />

venda consultiva e conheça um portfólio<br />

de produtos e soluções para apresentar<br />

aos seus clientes. “Lançamos alguns<br />

produtos como ambiental, cibernético,<br />

fusões e aquisições para uma nova gama<br />

de clientes”, informou, acrescentando que<br />

o cliente busca informação de diversas<br />

formas e entender o conceito de multicanal<br />

é importantíssimo para que o corretor<br />

esteja inserido neste contexto. A internet<br />

é uma realidade e as seguradoras buscam<br />

oferecer ferramentas ao corretor para que<br />

ele possa melhorar o seu trabalho.<br />

Síntese do Evento<br />

“Neste 7º Simpósio ousamos. Realizamos<br />

o 1º CultiveVida, evento que<br />

discutiu segurança pública e trânsito,<br />

trazendo a sociedade civil organizada<br />

para dentro do evento, com um resultado<br />

altamente positivo. Foi bem aceito,<br />

elogiado, com grande repercussão.<br />

Ousamos também com o 1.º Jurisseg,<br />

evento que discutiu direito relacionado<br />

ao seguro. Tivemos ótimas palestras,<br />

em especial do consultor Walter Polido,<br />

além da do assessor jurídico do<br />

Sincor-PR, que abordou os cuidados<br />

que os corretores precisam ter nas suas<br />

atividades diárias. Um dos pontos altos<br />

foi o lançamento da primeira edição<br />

do Manual de Boas Práticas para os<br />

Corretores de Seguros, um sucesso absoluto.<br />

Tivemos ainda ótimos embates,<br />

como os que desmistificaram o seguro<br />

popular e mostraram uma nova realidade<br />

do mercado. Além disso tivemos<br />

outros temas de grande interesse, como<br />

o talk-show com personalidades que<br />

nos trouxeram suas visões do mercado,<br />

inclusive com a participação de uma senador<br />

da República, o Alvaro Dias, que<br />

nos trouxe informações importantes de<br />

Brasília do cenário político e econômico.<br />

Podemos dizer que nos sentimos muito<br />

gratificados por poder realizar o simpósio<br />

que imaginávamos fazer”.<br />

José Antonio de Castro,<br />

presidente do Sincor-PR<br />

41


comunicação e expressão<br />

por J. B. Oliveira*<br />

Palavrinhas que dão vontade<br />

de dizer um Palavrão!<br />

Garanto – quase juro –, que já tentei, por diversas vezes,<br />

comprar duzentos gramas de presunto, tanto em padarias como<br />

em mercearias. Não o consegui! Invariavelmente, o balconista<br />

se volta para mim e – com ar de professora corrigindo o aluninho<br />

de primário – indaga, acentuando bem a última sílaba<br />

da primeira palavra, “du-zen-TAS gramas de qual presunto?<br />

” Por alguns segundos, reflito se valeria a pena dizer-lhe que<br />

não tenho campo de futebol em casa e, portanto, a grama a que<br />

me refiro não é a descrita pela palavra feminina originária do<br />

latim “gramina”, que significa relva, gramado, e sim a palavra<br />

masculina que veio do grego “gramma”, que designava uma<br />

antiga medida de peso para pedras preciosas, também chamada<br />

escrópulo. Rendo-me e apenas digo a marca ou tipo do<br />

tal embutido que quero comprar. Acontece que tenho pressa<br />

de encerrar a questão porque devo dar UM telefonema e, seu<br />

disser isso a ele, é capaz de uma vez mais corrigir-me: UMA<br />

telefonema! Ora, grama e telefonema não terminam por “A”?<br />

E a regra gramatical não diz que tais palavras são femininas?<br />

É só conferir: A casa, A faca; A rua; A calçada; A bandeira;<br />

A pátria; A poesia; A literatura; A história, A presidenta...<br />

Opa! Aí não. Porque essa forma – embora tenham buscado<br />

encontrar para ela alguma justificativa – nunca teve<br />

aceitação “ampla, geral e irrestrita”. A par disso, está em<br />

absoluto desuso há muito tempo. E quando um vocábulo não<br />

tem mais uso corrente, torna-se um ARCAÍSMO, que é um<br />

vício de linguagem e, em consequência, um erro gramatical!<br />

A propósito, se há uma determinação oficial de chamar<br />

a mulher PRESIDENTE de PRESIDENTA, é justo pleitear a<br />

recíproca para os homens, e passar a usar os termos: artisto,<br />

atleto, pianisto, vocalisto, diplomato, humanisto, dentisto,<br />

propagandisto, jornalisto, radialisto e por aí afora...<br />

Recentemente alguém me disse: “Tenho muita DÓ das<br />

pessoas carentes”. Eu lhe perguntei: “ E você tem também<br />

RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ e SI? “. “Como assim? Não estou<br />

entendendo!?” disse, entre surpreso e irritado. Expliqueilhe<br />

então que essa palavrinha, de apenas duas letras e uma<br />

sílaba, é MASCULINA, tanto quando significa compaixão,<br />

comiseração como quanto se refere a uma nota musical.<br />

Ocorre que, nesse último caso, pode-se subtender a expressão<br />

“A nota musical DÓ”!<br />

É oportuno lembrar que a escala musical com essas<br />

sete notas foi criada por Guido Arezzo, monge beneditino<br />

que viveu de 992 a 1050, tendo dedicado sua vida à música.<br />

Nesse sentido, para facilitar o aprendizado e o uso dessa, que<br />

era uma das Sete Artes Liberais da antiguidade, desenvolveu<br />

um sistema escalar, baseado em um hino em louvor a São<br />

João Batista que, em latim, tinha estas estrofes: UT quant<br />

laxis/ REsonare fibris/ MIra gestorum/ FAmuli tuorum/<br />

SOLve polluti/ LAbrii reatum/ Sanct Iohannes”.<br />

Mais tarde, o UT foi substituído por DO. Segundo<br />

alguns estudiosos, pelo próprio Arezzo, tomando a última<br />

sílaba de seu primeiro nome: GuiDO. Para outros, a alteração<br />

teria sido feita pelo maestro Giovanni Battista DOni,<br />

também com base em seu nome.<br />

Para tornar mais interessante essa rememoração, segue<br />

a tradução do hino: “Para que teus servos/ Possam, das entranhas/<br />

Flautas ressoar/ Teus feitos admiráveis/ Absolve o<br />

pecado/ Desses lábios impuros/ Ó São João”.<br />

Outra palavra cujo gênero quase todas as pessoas trocam<br />

é CAL, “substância branca, grosseiramente granulada,<br />

obtida pela calcinação do carbonato de cálcio e usada em<br />

argamassa, na indústria cerâmica e farmacêutica”. Por<br />

alguma razão desconhecida, entendem que cal é palavra<br />

masculina quando, na realidade é feminina. É A CAL e não<br />

o cal. Será que a troca se dá por analogia, ou contaminação<br />

gramatical com O SAL?<br />

Sal que, por sinal, é usado para dar paladar à salada.<br />

Principalmente a de ALFACE.<br />

E aqui está outro vocábulo que sofre do mesmo mal!<br />

Volta e meia ouço ou leio “O ALFACE”, no masculino,<br />

quando o correto é A ALFACE.<br />

Essa palavra que, em português, derivou do árabe<br />

al-khass, designa uma planta hortense, da família Lactuca<br />

sativa. Por isso, seu nome em inglês é lettuce; em italiano<br />

lattuga, em espanhol lechuga e em francês laitue.<br />

Fugindo a todas essas formas, o alemão prefere chamála<br />

simplesmente de salat...<br />

De qualquer forma, porém, e em qualquer língua, é<br />

bom não abusar do sal. Ou, se preferirem complicar, do<br />

cloreto de sódio!<br />

* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.<br />

É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras<br />

www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br<br />

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