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“A<br />
identificação<br />
entre o público,<br />
as suas<br />
equipas e os<br />
seus campeonatos<br />
com<br />
uma dimensão<br />
própria é algo<br />
que se sente do<br />
Atlântico aos<br />
Urais, de Portugal<br />
à Roménia,<br />
de Moscovo a<br />
Londres, de Paris<br />
a Berlim. E continua<br />
a ter um<br />
valor económico<br />
muito relevante...”<br />
A Europa<br />
desunida<br />
O futuro vai depender de<br />
muita coisa. Por exemplo,<br />
grande parte disto tem sido<br />
gerado em países da União<br />
Europeia após a II Guerra<br />
Mundial, mas não sabemos<br />
como isto vai evoluir.<br />
O “Brexit” está a tornar-se um<br />
facto e com uma Europa desunida,<br />
menos estável, logo a crescer<br />
menos economicamente, não<br />
haverá liga europeia mais aprofundada.<br />
A UE é uma locomotiva<br />
em quase tudo e se o motor falhar<br />
o comboio pára. Só uma Europa<br />
em paz pode ter veleidades de<br />
aumentar a cadência. Acresce<br />
que se a dimensão regional se<br />
foi ficando por jogos de jovens,<br />
a dimensão nacional é um dos<br />
traços mais fortes do futebol e do<br />
desporto, é um território reconhecido,<br />
que os adeptos dominam,<br />
que tem meios de comunicação<br />
social que coerentemente transmitem<br />
uma mensagem para um<br />
grupo definido. A identificação<br />
entre o público, as suas equipas<br />
e os seus campeonatos com uma<br />
dimensão própria é algo que se<br />
sente do Atlântico aos Urais, de<br />
Portugal à Roménia, de Moscovo<br />
a Londres, de Paris a Berlim. E<br />
continua a ter um valor económico<br />
muito relevante, de que a<br />
Premier League é o caso mais<br />
evidente – de facto, caminha para<br />
se tornar uma espécie de NBA do<br />
futebol, que consegue ter todos<br />
os jogadores mais importantes do<br />
mundo pela sua capacidade financeira<br />
(e pelo seu ambiente mais<br />
calmo e alegre também, porque<br />
uma coisa não vai sem a outra).<br />
Claro que o Carcavelinhos ou o<br />
Académico do Porto já foram<br />
clubes muito importantes e foram<br />
ultrapassados inexoravelmente.<br />
Mas percebemos mal como os<br />
clubes médios se conseguiriam<br />
manter no balanço e eles representam,<br />
em Portugal e nos outros<br />
países, os interesses de muitos<br />
milhares de pessoas. Um futuro<br />
de clubes só de primeiras e segundas<br />
cidades de cada país pareceme<br />
pouco promet<strong>ed</strong>or e, mais do<br />
que isso, empobrec<strong>ed</strong>or para o<br />
movimento do futebol.<br />
Mais ainda, tem havido, em<br />
contraponto com a dimensão<br />
política da União Europeia, um<br />
regresso a valores locais, promovendo<br />
o antigo, na preservação<br />
das cidades antigas, na identificação<br />
de máximos denominadores<br />
comuns entre comunidades<br />
- a Catalunha, a Escócia,<br />
a Lombardia, são exemplos de<br />
regiões que têm movimentos<br />
de emancipação, mas em geral<br />
o valor da tradição está a ser<br />
relevado. A tradição precisa de<br />
tempo e a primeira grande alteração<br />
das competições precisou de<br />
quase 40 anos (a criação da Taça<br />
dos Campeões Europeus, por sugestão<br />
do jornalista do L’Equipe<br />
Gabriel Hanot, é de 1955, a Liga<br />
dos Campeões apareceu em 1992)<br />
e diria que lá para 2025, ou 2030<br />
poderemos ver novas modificações<br />
importantes. Se a Europa<br />
estiver unida...