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edição de 30 de abril de 2018

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markeTing & negócios<br />

MathieuLphoto/iStock<br />

Tentações,<br />

tentações,<br />

tentações<br />

São inúmeras as tentações que<br />

rondam os anunciantes, da alta<br />

gestão aos assistentes e estagiários<br />

RAFAEL SAMPAIO<br />

tentação mais comum é cortar custos<br />

A na publicida<strong>de</strong>, esquecendo que o melhor<br />

sempre é conseguir gerar maior retorno<br />

das aplicações nessa área. O que não é<br />

nada fácil, é verda<strong>de</strong>, especialmente em<br />

tempos <strong>de</strong> maior competitivida<strong>de</strong>, produtos<br />

e serviços mais parecidos, margens menores<br />

e consumidores mais refratários e até<br />

hostis.<br />

Há também a tentação <strong>de</strong> escapar das<br />

mídias <strong>de</strong> maior abrangência e buscar as<br />

dirigidas, em especial as digitais. Mas existem<br />

dois problemas essenciais com essa<br />

tentação: raríssimos são os produtos e serviços<br />

tão bem posicionados e direcionados<br />

que po<strong>de</strong>m viver <strong>de</strong> targets muito específicos,<br />

pois a gran<strong>de</strong> maioria precisa falar com<br />

maiores parcelas do mercado e não po<strong>de</strong>m<br />

prescindir das mídias <strong>de</strong> massa. Sem contar<br />

que também são raros os veículos assim<br />

tão direcionados a um target em particular<br />

e ao fato <strong>de</strong> que o efeito halo é essencial para<br />

promover a imagem e gerar vendas para<br />

a maioria das marcas.<br />

Têm a tentação <strong>de</strong> reduzir a abrangência<br />

e frequência das campanhas. No caso<br />

da abrangência menor, valem as observações<br />

acima. No caso da frequência, as<br />

marcas esquecem que não estão sozinhas<br />

no mercado e ao se afastarem das mentes e<br />

corações dos consumidores elas se afastam<br />

<strong>de</strong> seus bolsos, ou seja, <strong>de</strong> seus hábitos <strong>de</strong><br />

compra e consumo.<br />

Há a tentação até <strong>de</strong> sair do ar por algum<br />

tempo, confiando na inércia. Só que ela<br />

ten<strong>de</strong> a trabalhar contra e os concorrentes<br />

da marca po<strong>de</strong>m aproveitar a oportunida<strong>de</strong><br />

para conquistar com menores investimentos<br />

o que <strong>de</strong>mandaria mais recursos<br />

em situações normais. Sem contar que<br />

toda a vez que a empresa se dá conta que<br />

per<strong>de</strong>u espaço e volta a anunciar, vai ter <strong>de</strong><br />

investir mais para compensar a ausência.<br />

Tem a tentação <strong>de</strong> fazer mais promoções<br />

e promoções mais agressivas. Esquecendo<br />

que muitas <strong>de</strong>las po<strong>de</strong>m comprometer<br />

o padrão histórico <strong>de</strong> preços e condições,<br />

bem como a reputação da marca, <strong>de</strong>sviar<br />

parte dos consumidores mais interessantes<br />

e atrair “compradores <strong>de</strong> promoções”.<br />

É frequente a tentação <strong>de</strong> trocar a publicida<strong>de</strong><br />

clássica por alternativas mais baratas,<br />

“mo<strong>de</strong>rnas” e envolventes, como ações<br />

<strong>de</strong> experiência, causas e projetos <strong>de</strong> conteúdo.<br />

Alternativas que não são fáceis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver,<br />

têm um custo/benefício relativamente<br />

elevado, não servem para todas as<br />

marcas e situações e, principalmente, funcionam<br />

muito melhor quando combinadas<br />

e integradas com a publicida<strong>de</strong>.<br />

Muito comum é a tentação <strong>de</strong> trocar <strong>de</strong><br />

agência quando as coisas não estão indo<br />

muito bem ou mais <strong>de</strong>vagar. Mas quando<br />

partem para essa “solução”, os clientes<br />

geralmente se esquecem que em parcela<br />

significativa dos casos a culpa é tanto (ou<br />

mais) <strong>de</strong>les mesmos do que da agência. E<br />

também <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> passar pela etapa <strong>de</strong><br />

DR, discussão da relação, que po<strong>de</strong> resolver<br />

melhor a situação que a troca <strong>de</strong> agência.<br />

Na hora <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a nova agência, há a<br />

tentação <strong>de</strong> fazer uma espécie <strong>de</strong> “loteria<br />

<strong>de</strong> soluções”, conversando com um número<br />

enorme <strong>de</strong>las dos mais variados perfis<br />

e tamanhos, esperando que no processo<br />

apareça uma solução milagrosa para a<br />

ausência <strong>de</strong> uma boa estratégia e um briefing<br />

bem estruturado. Tem inclusive a<br />

tentação <strong>de</strong> aproveitar a troca para pagar<br />

menos. O resultado, como indica a prática,<br />

ten<strong>de</strong> a ser pior do que melhor na maioria<br />

dos casos.<br />

Finalmente, mas não menos relevante,<br />

se cai na a tentação <strong>de</strong> criar uma house<br />

agency ou um serviço in house. Não<br />

há registro histórico, porém, <strong>de</strong> se obter,<br />

com essa opção, uma efetiva melhoria <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> e eficácia; e, ainda mais grave,<br />

a economia <strong>de</strong> recursos se mostra pífia ou<br />

contraproducente, seja porque não se faz<br />

uma real contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> custos, seja pela<br />

queda na qualida<strong>de</strong> das compras em publicida<strong>de</strong>.<br />

Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />

rafael.sampaio@uol.com.br<br />

28 <strong>30</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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